Capítulo 82

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"Meu pedido se tornou realidade quando meus olhos encontraram o seu em êxtase."

Dulce

— Se você não parar de bater o dedo nesse volante, eu vou ter um troço.

Christopher me encarou com os olhos arregalados e assustados. Tive que rir da sua expressão. Um homem de negócios bem-sucedido, assediado pelas mulheres e seguro de si estava apavorado com a perspectiva de conhecer meus pais.

— Se você não quer me ver surtando é melhor deixar que eu desconte no volante.

Sorri para ele e estendi uma mão acariciando seus cabelos sedosos. Passaram-se dois meses desde que aconteceu toda a tragédia e confusão em nossas vidas. Christopher havia se recuperado do tiro que levou e resolveu os problemas da empresa conseguindo entregar o programa para o cliente em tempo hábil.

Vivemos muitos momentos nesse tempo, coisas boas e outras tensas, como por exemplo: quando Christopher descobriu que Belinda sabia que Angelique era a responsável pela morte da Maite. Ele ficou para baixo e muito triste. Fiquei até com uma pontinha de ciúmes, pois afinal a garota foi muito importante para ele. Tinha até uma tatuagem em sua homenagem.

Mas logo me repreendi por isso e o levei para dar um passeio. Ficamos uma tarde inteira andando de carro e pegamos um cineminha, quando voltamos ele estava bem melhor e não lembrava muito do que o incomodou, pelo menos foi o que achei. À noite o sonho de me perder o perturbou de novo. Só que dessa vez era a lembrança de tudo que aconteceu, ele dizia que dessa vez Angelique conseguia seu intento de tirar minha vida. E ficava horas acordado agarrado a mim para ter a certeza que estava tudo bem e que não passava de um pesadelo.

Há uma semana, tivemos a notícia que Belinda estava fazendo tratamento psicológico. Chegou a nos mandar uma carta se desculpando pelo que fez. Quando Christopher recebeu não quis nem abrir, mas eu o obriguei. E então ele ficou em inércia por horas. Não sabia o porquê daquela cara e fiquei preocupada, o fiz falar, mas ele apenas me entregou a carta para que eu lesse.

Juro que ao final daquele relato, eu estava com lágrimas nos olhos e um nó na garganta.

Passou-se todo esse tempo e Christopher estava relutante em visitar a irmã, que havia se internado num SPA para que pudesse se “curar” do mal ao qual foi cercada por uma vida inteira. Tentei persuadi-lo, mas ele estava irredutível, acho que demoraria mais um pouco para que ele pudesse perdoá-la.

Christopher tinha melhorado seu humor e resolvi levá-lo para conhecer minha família.

Só não imaginei que ficaria tão nervoso.

Chegamos, enfim, na fazenda que fui criada. A casa que minha família morava não era chique nem cheia de regalias como Christopher estava acostumado, esperava que ele não se importasse ou reparasse, mas tudo era muito aconchegante. Ali viviam apenas meus pais na casa principal e meu irmão mais velho com a esposa em um terreno um pouco afastado. O restaurante que pertencia a minha família e que trabalhei por anos, ficava um pouco longe da fazenda, levaria Christopher pra conhecer em outra oportunidade.

Mamãe não era fácil de lidar, papai dizia que tive a quem puxar e era verdade.

Seu humor ácido surpreendia qualquer um, ela não tinha trava na língua e falava o que pensava.

Meu pai era o tipo cara da roça, menos o fato que não mandava em nada, porque esse trabalho cabia à sua esposa tinhosa, como ele a chamava carinhosamente. Gostava de ver a interação dos dois e era bem engraçado. Olhei para trás e verifiquei se Fred estava bem. Ele e Christopher haviam se tornado grandes amigos, até achava que se pareciam um pouco. Safados e manipuladores.

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