Capítulo 56

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— Por favor, senhora. Preciso de atendimento urgente para o meu filho agora. Ele caiu na escola e agora reclamou de dor de cabeça e vomitou.

A recepcionista olhou para Anahí, que falava desesperada e assentiu.

— Por favor, me passe a carteira do plano de saúde e a identidade.

Dei um passo à frente e a encarei furioso. Qual parte do urgente ela não entendeu?

— Senhora, será pago no particular. A papelada preenchemos depois. Agiliza isso.

A mulher engoliu em seco e digitou algumas coisas no computador. Logo encaminhou Miguel para a emergência pediátrica. Infelizmente, eu tive que ficar, pois ele teria que fazer exames. Porém,

Anahí prometeu voltar com notícias.

Sentei-me na recepção e aguardei impaciente. Quando dei por mim tinha meu amigo e sua ruiva à minha frente.

— O que você está fazendo aqui, Christopher? E por que trouxe a Dulce contigo?

— Meu melhor amigo liga dizendo que tem um filho e está indo para o hospital. Acha que eu iria ficar na empresa como se nada estivesse acontecendo? E Dulce quis vir. —Deu de ombros como se não fosse nada importante. Mas eu percebi o meio sorriso em seu rosto.

E...! Eles estavam de mãos dadas. Jesus, homens apaixonados são mesmo uns otários!

— Sei, por que não sentam? A história é meio longa.

Eles se acomodaram ao meu lado e contei por alto desde o momento que conheci Anahí há mais de quatro anos — como ela fez questão de afirmar — e que descobri ter um filho.

— Quer dizer que você foi o filho da puta que transou com a garota, não se lembrou no outro dia, a engravidou e quer o filho dela?

Dulce falava como se fosse algo venenoso. Bem, mulheres tendem a se apoiarem, ainda mais que eram amigas.

— Sim, mas eu não vou tirar o menino dela. Só quero conviver com meu filho, já que ele passou três anos e meio de sua vida sem saber do pai. E não passará nem mais um dia.

Decerto eu disse algo que a agradou, pois ela sorriu e piscou. Christopher olhava pra mim em silêncio e com a expressão cuidadosa. Provavelmente pensando o que se passava dentro de mim. Ele sabia tudo sobre minha vida, inclusive sobre o canalha do meu pai.

O tempo passou e me levantei depressa quando vi a loira mais linda da face da terra saindo pela porta de emergência e caminhando em nossa direção. Ao ver Christopher e Dul, ela revirou os olhos e bufou, arrancando uma risadinha da amiga.

— O médico quer falar conosco.

Prontamente me levantei, e Christopher e Dulce vieram juntos. Eu não iria dizer nada, pois na verdade era tudo muito novo e fiquei mais seguro tendo meu amigo ao lado.

Quando entramos no quarto, Miguel estava deitado na cama com o lençol cobrindo suas pernas e brincava com um pequeno dinossauro. Quando se virou e me viu, seu sorriso com covinhas apareceu. Meu coração pertencia àquele menino, sem sombra de dúvida.

— Realmente, Alfonso, seu filho é tua cópia.

Christopher colocou em palavras o que todos viam ao nos olhar. E um orgulho diferente se apossou de mim. Tinha vontade de gritar ao mundo que tinha um menino lindo, inteligente e esperto. Mas ainda estava muito preocupado.

Um homem estava ao seu lado e esperava que nos aproximássemos. Ele olhou diretamente para mim e sorriu.

— Então, você é o pai? — Assenti. — Prazer, sou Alberto Brenner, o pediatra de plantão. O Miguel está bem, fizemos exames e não acusaram nada. A dor deve ser por causa da pancada, mas o vômito pode ser algo que comeu ou emocional. Aconteceu alguma coisa que pode tê-lo deixado abalado?

Olhei para Anahí, que abaixou a cabeça envergonhada, provavelmente pensando o mesmo que eu. Enquanto gritávamos um com o outro esquecemos que havia uma criança na casa.

— Pelo que vejo, sim. Vou deixar Miguel essa noite em observação. Mas, por favor, nada de resolver seus problemas na presença dele.

— Ok, doutor. Obrigada.

— Por nada. — Sorriu amplamente para Anahí e piscou.

Um ciúme incompreensível e louco se apoderou de mim. O cara era bonito e charmoso. E a mulher era minha. Quer dizer, não oficialmente, mas seria.

— Amiga, com um pediatra desses, eu bateria ponto nesse hospital. — Dulce que não era nada fácil, arrancou uma gargalhada do médico.

— Obrigado, mocinha. Vou sair, pois tenho outros pacientes para atender. Apenas um de vocês pode ficar de acompanhante. Até mais.

Ele saiu fazendo com que as duas o acompanhassem com o olhar, elas até viraram a cabeça de lado de forma sincronizada. Mas que porra era essa de mulheres com caras vestidos de branco?!

— Acho que você tá precisando de um corretivo, senhorita Saviñon.

Ela se virou e sorriu. Piscando, aproximou-se dele e passou a unha pelo pescoço do meu amigo.

Cara, ele estava perdido com aquela mulher. Ela o tinha nas mãos.

— Hum, e você quer me dar agora?

— Opa, opa. Vamos parar com isso, tem criança no recinto.

Dulce olhou pra mim e sorriu se afastando do Christopher, e aproximou-se da Any.

— Amiga, eu só não vou ficar brava com você porque seu filho é muito lindo.

— Obrigada!

Eu me afastei deixando-as sozinhas. Christopher me acompanhou até a janela e parou ao meu lado.

— Você está bem, Poncho?

Respirei fundo e fechei os olhos, sabia o que ele queria dizer.

— Estou sim, mas só vou sossegar quando tiver uma aliança no dedo daquela mulher e meu nome na certidão do Miguel.

— Alguma coisa me diz que a primeira parte não será fácil, amigo.

Olhei para trás e vi Anahí  abraçada ao filho e sorrindo para ele. Ela era uma ótima mãe, disso não tinha dúvida, criou o menino sozinha e muito bem. Mas não seria mais assim.

— Eu sei, mas não vou desistir. Ela vai ser minha!

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Dul não perde uma kkkk
Acabou narração Ponny por enquanto.

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