Capítulo 78

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"Minha vida não é nada sem você. Seu sorriso doce é o que me traz felicidade.

Troco minha vida pela sua."

Christopher

Depois do encontro desastroso com a Belinda no hall de entrada, e toda a tensão com o ocorrido, fui recompensado pelo apoio da minha mulher. Deus, como era bom tê-la ao meu lado! Seu corpo junto ao meu era como um bálsamo acalmando minha fúria.

Então, Alfonso me chamou para conversar. Juro que em meus trinta e dois anos, nunca previ estar em meio a tanta sujeira.

Ele me apresentou o que tinha descoberto e quem tinha sido a mandante de todo o golpe à empresa. Mal podia acreditar no que ouvia, era muita traição e falcatrua envolvida. Até que a porta foi aberta e demos de cara com a safada. Meu sócio disse que ela estaria a caminho, e tinha uma armadilha pronta pra ela. Eu só não contava com o asco que senti de mim mesmo por ter dormido várias vezes com essa mulher.

— Olá, meninos. Prazer encontrá-los nesse dia maravilhoso. Achei que não iria querer me ver mais, Christopher. Foi tão grosseiro ao telefone ontem. — Sorriu fazendo biquinho, o que me fez odiá-la ainda mais.

— Nós queríamos conversar com você, Angelique. Pode se sentar, por favor? — Nem olhei para a cara dela, apenas dei o sinal para o Alfoso que colocou a mão no bolso da calça se acomodando na cadeira ao lado que ela se sentaria.

Quando estavam todos no lugar, a observei calmamente. Com toda a descrição que fiz da Angelique até agora, você pode pensar que é uma mulher feia e estranha por vermos tantas cirurgias plásticas que não deram certo. Mas não era para tanto, ela era bonita cirurgicamente falando. Seus lábios eram cheios demais, o nariz muito certinho e arrebitado, as maçãs do rosto eram muito delineadas. Dava aquela impressão de boneca de porcelana, muito certinha para um ser humano. Fora o corpo que tinha silicone por todo o lado. Mas apesar disso ela não era feia, porém começava a acreditar que seu interior refletia no que era no exterior. Por mais linda que seja, uma pessoa de má índole não aparenta isso.

Cruzei as mãos em cima da mesa e decidi começar o show.

— Então, Angelique, nós acabamos descobrindo quem foi o causador do bug na empresa e demitimos o cara. A outra foi minha irmã, Belinda. Só que eles não são os cabeças de toda a operação, tem gente grande por trás.

Ela arregalou os olhos e colocou a mão no peito dramaticamente. Falsa!

— Nossa, querido! Isso é muito ruim, sabia que sua irmã era uma safada invejosa, mas isso chega a ser doentio. Fora o fato de gostar de você, né?

Estreitei meus olhos e ignorei sua provocação. Poncho continuava em silêncio, apenas aguardando.

— Então, eles acabaram denunciando o mandante em troca de um acordo com os nossos advogados. Em retribuição, responderão o processo em liberdade. — Nosso plano era blefar e encurralá-la, fazendo com que se entregasse. — Eles deram seu nome como a cabeça da operação.

Fechei minha expressão e a encarei fixamente. Ela estava séria até que um sorriso cheio de malícia apareceu em seu rosto.

— Bem, acho que fui pega, né? Mas eu quero ver é terem provas contra mim. Eu entrei nesse esquema como um fantasma, não tem como provar que sou a mandante de tudo.

Poncho que estava em silêncio até o momento retirou o gravador do bolso e estendeu a ela.

Levantou uma sobrancelha e sorriu.

— Agora temos, meu bem. É melhor se preparar Angelique, vai perder até as calcinhas.

Ela arregalou os olhos e se levantou.

— Você vai me pagar, Christopher. Aguarde!

Virou-se e saiu correndo porta afora. Tentei ir atrás dela, mas Poncho me impediu.

— Deixe-a ir, Christopher. Agora tá tudo certo, temos gravado e a polícia vai tomar conta.

— Cara, eu não consigo acreditar que ela foi a causadora desse bug. Só não entendo o motivo.

— Eu sei, vou te explicar.

Assenti a contragosto e me sentei novamente. Ele respirou fundo e retirou um envelope que carregava no bolso do paletó. Jogou em cima da mesa e fez um gesto com a mão para que eu abrisse.

Peguei-o e abri.

Não podia acreditar no que meus olhos viam. Era um dossiê completo e sujo da Angelique. Como pude me enganar com alguém dessa maneira? O documento dizia que ela era a filha mais velha da minha madrasta e que seu pai se suicidou ao descobrir a esposa grávida de outro homem.

Meu pai, safado como era, a proibiu de levar a menina para casa quando se casou com ele.

Então Ágata entregou-a nas mãos de alguns parentes, com condições precárias.

Na época, Angelique tinha dez anos, mas assim que cresceu, se casou com um magnata das indústrias, um senhor já bem velho. O homem morreu misteriosamente de ataque cardíaco enquanto dormia.

Após a morte da mãe, Angelique resolveu mudar completamente, sofreu várias cirurgias plásticas e virou outra pessoa. Aproximou-se da nossa empresa e assim montou todo o esquema. Subornou o mecânico de Maite que mexeu em seu carro causando assim o acidente que ocasionou sua morte.

Depois disso não queria ler mais nada. Meu peito doía e estava cheio de tantas coisas que não saberia organizar. Na verdade acabei me culpando por Maite ter perdido sua vida. Se eu não a tivesse encontrado naquele ponto de ônibus, hoje ainda estaria viva.

E foi então que meu telefone tocou, olhei na tela e era ela.

— É ela, Poncho.

— Atende!

Assenti e me levantei para falar com a vadia.

— Uckermann.

— Olá, querido. Sentindo minha falta? Tenho uma surpresinha pra você. Não fale besteiras, estamos no viva-voz.

Fiz uma careta ao captar o que ela estava insinuando, cada vez mais sentia nojo de mim.

— O que você quer, Angelique? Já não chega o trabalho que me deu com o bug? Sua traição à minha confiança já não é o bastante? Será caçada pela polícia. — Tentei soar firme, mas minha voz vacilou com a descoberta de toda a sujeira que ela cometeu.

— Ah, meu querido. Você não está podendo muito não. Adivinha com quem estou aqui no meu carro e com uma arma apontada para sua cabeça?

Arregalei meus olhos e senti como se o chão saísse dos meus pés, levantei-me rapidamente e abri a porta com um estrondo. Meu coração acelerou ao ver que Dulce não estava em sua mesa.

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