Capítulo 62

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Talvez o que falta em minha vida seja você!

Anahí

A campainha tocava sem cessar. Quem poderia ser àquela hora em pleno sábado nem tive tempo de fazer nada, me levantei vestindo o pijama e assim fui atender a porta, antes que acordassem o Miguel, justo na primeira noite que consegui dormir tranquilamente sem me preocupar que ele passasse mal.

E, mais uma vez, a bendita soou de novo. Abri sem nem mesmo olhar. E dei de cara com aquele sorriso safado que me deixava enlouquecida: de raiva e desejo.

— Bem, parece que te tirei da cama. — Alfonso passou o olhar pelo meu corpo deixando-me envergonhada.

Mas logo me recuperei. Não queria que ele visse o quanto me atingia fisicamente.

— O que você quer aqui a essa hora, Alfonso? Ainda não são nem nove da manhã!

— Eu queria ver meu filho.

— Você o viu quinta-feira e ele está dormindo. — Fiz como se fosse fechar a porta, mas ele a segurou com a mão espalmada na madeira.

— Você não vai me manter longe do meu filho, Anahí — Alfonso falou grosseiramente, parecendo realmente irritado. Não era o que eu pretendia, na verdade me arrependia por ter feito isso tanto tempo. Mas me pareceu que Alfonso havia entendido errado.

— Ele ainda está dormindo...

Alfonso terminou de abrir a porta e entrou na sala. Caminhou devagar até o sofá e estendeu os braços. Olhou pra mim sorrindo maliciosamente.

— Não tem problema, hoje é sábado e tenho todo o tempo do mundo. Posso esperar.

Respirei fundo para não falar besteira. Tinha acabado de acordar, ou melhor, me acordaram e isso não era muito bom, pois ficava com um humor terrível.

Saí castigando o chão e ouvi a risadinha debochada do cara na sala, precisava trocar de roupa.

Ficar mais apresentável pelo menos, ele era extremamente irritante. Desde que descobriu a paternidade de Miguel não largava do meu pé. Às vezes eu queria ser igual a minha amiga Dul e dizer o que pensava bem na cara dele, mas faltava coragem e me sentia um pouco culpada por ter afastado meu filho do pai. Porém, logo passava ao me lembrar daquela merda de manhã “pós-foda espetacular”. Ai, Deus, o desejo por ele ainda existia em mim, não sabia até quando resistiria àquele deus grego em terno Armani. Se bem que naquele momento, Alfonso vestia roupa esporte e estava muito gostoso...

Droga, não podia ficar pensando essas coisas.

Vesti-me rapidamente, coloquei uma bermuda e camiseta vermelha e caminhei devagar para a sala, mas ao chegar onde o havia deixado, a cena que se mostrou à minha frente fez meu coração vacilar uma batida.

Miguel havia se levantado e estava deitado no colo do pai dormindo tranquilamente. Alfonso olhava admirado para ele, alisando seus cabelos e sorrindo serenamente.

Imediatamente desviei o olhar por ser demais para presenciar.

Meu filho perguntava pelo pai desde que começou a falar e entender que éramos diferentes de muitas famílias. Sempre dei muito amor e carinho a ele, porém faltava alguma coisa em seu coraçãozinho.

— Ele apareceu aqui te procurando, disse que teve um sonho ruim e o peguei no colo. Dormiu novamente. — A voz de Alfonso chamou minha atenção e voltei meu olhar para ele.

Assenti e fui me refugiar na cozinha, estava sendo covarde e sabia disso.

Ocupei-me fazendo café e preparando o que Miguel gostava de comer. Logo ele acordaria, tinha certeza que estava fazendo um denguinho, para ganhar colo do pai. Depois que retornamos do hospital, eu me sentei e conversei com ele a respeito de tudo que estava acontecendo. Ele não fez muitas perguntas, ficou apenas muito feliz por, enfim, ter o pai presente em sua vida.

— Você vai se esconder aqui a manhã toda? Pois eu penso em ficar até o almoço.

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