- Rá, muito engraçadinho.
Christopher passou a mão pelo meu rosto ficando sério de repente. Seu olhar era tão intenso que me senti um pouco incomodada.
- Vem, vamos passar na sua casa e pegar algumas coisas. Nós vamos para uma casa de campo ficar longe de toda essa loucura.
O quê? Então está aí o que eu disse antes. Eu perdi completamente o controle da relação, ele estava ordenando que eu o acompanhasse. Porém, eu não estava nem ligando.
Queria mais era me divertir.
Christopher me deixou em casa para eu arrumar uma bolsa para a viagem e foi ao seu apartamento preparar a sua mala. Quando retornou, ele estava completamente diferente.
Eu o vi com roupa esporte poucas vezes, e uma delas foi no bar algum tempo atrás quando ele me seduziu. Christopher vestia uma calça preta e blusa de linho marfim. Como estava meio frio e estávamos indo para a serra optamos por algo bem quente e confortável.
- Então, o que deu em você de querer viajar?
Ele olhou pra mim e sorriu.
- Nada, só queria passar um tempo com você longe de tudo. Sei lá, mudar de ares.
Balancei a cabeça e olhei para fora da janela, já começávamos a subir a serra e a vista era maravilhosa. Uma garoa começava a cair e deixava as folhas verdes brilhantes, algumas flores coloridas embelezavam todo o caminho. O vento balançava as copas das árvores dando um ar de liberdade, e eu me sentia assim naquele momento. Livre de qualquer coisa que pudesse nos atrapalhar.
Subitamente chegamos num tipo de mirante e Christopher encostou o carro. Olhou pra mim sorrindo e sinalizou com a cabeça para que saísse. Abri a porta e desci. Parei em frente a uma parede de pedras que chegava à minha cintura.
E a vista era realmente de tirar o fôlego, o vento gelado me fez cruzar os braços à procura de calor. Mas logo um corpo quente se juntou ao meu, me enlaçando num abraço protetor. Christopher encostou o queixo em minha cabeça e permaneceu em silêncio.
Uma paz me invadiu e aquela proximidade ia além do físico, estava ligada a ele naquele momento e percebi que era irreversível. Fechei os olhos e tentei acalmar meu coração. Um medo me invadiu transformando a paz em desespero.
Tive receio de perder o que tínhamos, o que eu havia me tornado ao longo dos anos. De virar uma marionete em suas mãos. Esse terror era meio inconcebível, eu sei, porém não deixava de assustar menos.
Christopher passou o rosto por meus cabelos fazendo-os grudar em sua barba. Sua risada soou no silêncio quebrado apenas pelo barulho do vento nas árvores.
- Eu tenho uma confissão a fazer, provocadora.
- E o que é? - minha voz falhou um tom por estar com um nó na garganta, esperava que ele não notasse.
- Eu mudei completamente depois que te conheci. Sempre fui um cara reservado e não gostava de me envolver com ninguém. Na verdade, eu nunca consegui ser assim antes. - Riu com a voz rouca, próximo ao meu ouvido causando arrepios por todo o meu corpo. -Nunca sorri tanto em minha vida. Quando eu perdi minha mãe, não vi motivos para isso acontecer novamente. Meu pai se casou com a amante que já tinha uma filha dele e, a partir daí, tudo mudou e ficou mais sombrio até que você me trouxe paz. Mesmo no inferno, eu vejo a luz.
Sabe aquele momento que você fica sem fala e nada do que disser pode expressar o que está sentindo? Bem, era assim que eu me sentia naquele momento. Parecia que qualquer coisa que falasse estragaria tudo.
Então fiz o que sempre funcionava. Virei-me devagar e olhei em seus olhos verdes lindos, aqueles que me encantaram desde a primeira vez que o vi. Naquele momento, no alto da serra com vento frio cortante em volta de nós, eu só sentia calor. Meu corpo estava aquecido de um sentimento que não queria nomear, apenas sentir.
Peguei seu rosto em minhas mãos e sorri antes de colar meus lábios nos dele. Era apenas um toque cheio de coisas boas. Passei minha língua por sua boca macia e senti meu corpo se encher de prazer. Seria sempre assim conosco: um roçar de lábios era capaz de acender todo o fogo dentro de nós. Só que agora estava diferente, senti uma angústia apertar meu peito, e uma necessidade de tê-lo se apoderou de mim.
Logo me afastei e o encarei, o que vi em seus olhos me deixou de pernas bambas. A mesma ânsia que havia em mim refletia no verde lindo que me encarava.
- Vamos, provocadora.
Assenti percebendo que tinha muito mais no que ele disse do que estava sendo explícito. Christopher abriu um sorriso matador e se aproximou dando um selinho em meus lábios.
O caminho até a cabana foi regado de carinhos e um silêncio confortante. Christopher estacionou em frente a uma construção de madeira pequena estilo colonial. Parecia bem aconchegante. Na varandinha da frente tinha um balanço de dois lugares e um vaso de flores.
- De quem é essa cabana, Christopher?
Ele sorriu e deu a volta no carro para pegar as malas.
- A única coisa que minha mãe deixou para mim. Eu pago a um senhor para cuidar do lugar.
Poucas vezes quis vir aqui porque traz muitas lembranças.
Balancei a cabeça e me aproximei de uma clareira onde tinha a visão mais impressionante que já vi. Toda a montanha podia ser vista.
- Espera até ver da janela do quarto. É impressionante!
Virei-me e o acompanhei até a entrada. Christopher tirou um molho de chaves e destravou a porta. Ao entrar, o calor da lareira nos envolveu. As paredes eram como o lado de fora, porém com fotografias da paisagem emolduradas em quadros rústicos, um sofá pequeno estava num canto e logo atrás a cozinha que era dividida apenas por um balcão.
- Nossa, eu poderia viver aqui para sempre.
Christopher entrou num pequeno corredor que provavelmente levaria ao quarto.
Quando voltou, seu sorriso não estava mais ali.
- Minha mãe dizia a mesma coisa, mesmo sendo tão pequeno eu me lembro de cada momento ao seu lado.
Parada perto da porta, eu percebi que Christopher era um cara durão, sim, mas ainda com cicatrizes e dores deixadas no passado.
- Você não vem muito aqui?
Ele balançou a cabeça negativamente e cruzou os braços.
- Não. E, antes que você me pergunte, eu nunca trouxe ninguém para essa cabana, costumo vir apenas espairecer. Foi a primeira vez que tive vontade de trazer alguém comigo.
Uau! Eu nem iria perguntar aquilo, porém foi muito bom ouvir.
- E qual a programação do final de semana, Sr. Uckermann? Já está escurecendo, não há muito para vermos.
Um sorrisinho safado e, ao mesmo tempo, doce, surgiu em seus lábios pecaminosos. Retribuir foi automático.
- Não precisamos ver nada, minha doce provocadora. Apenas sentir. Agora você vai saber o que é ser amada, de corpo e alma.
<•>
Christopher começou a se abrir 😍
Será que finalmente vai se declarar apaixonado?
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Pecaminoso
Fanfiction[CONCLUÍDA] +18|Quando Dulce Saviñon foi trabalhar em uma empresa de processamento de dados como estagiária, não imaginou que, ao ser efetivada, passaria por uma situação tão inusitada... E deliciosa! Ela se deparou com um vício: Christopher Uckerma...