Franzi a testa e a encarei por alguns segundos. Bem, mal não faria por que se ficasse comprovado que Dulce não queria nada comigo eu desistiria e partiria para outra. Não vale a pena insistir em algo que não vai dar certo. E Angelique era linda para uma acompanhante, e sabia de tudo que estava se passando, mesmo eu não tendo dito nada.
— Até que é uma boa ideia, loira.
— Eu sei! Sou muito esperta.
Rimos juntos e fiquei encarando-a até que ela se incomodou. Havia uma pergunta que queria fazer e sempre protelava, mas por Angelique já saber tanto de algo que eu não queria que soubesse, me achei no direito de questioná-la.
— Por que tantas plásticas, Angelique? Você ainda é jovem...
Ela fechou a cara e se levantou. Respirou fundo e voltou seu olhar para mim, levou as mãos ao rosto e cabelos. Sorriu tristemente, parecendo saudosa de alguma coisa.
— Você sabe que fui casada? — Assenti e ela continuou. — Foram os três anos mais humilhantes da minha vida, quando me separei arranquei até as cuecas dele. Eu não era assim, era “feinha” como ele dizia, e quando me vi com dinheiro fiz as cirurgias para ficar irresistível.
Funcionou, olha o cara que eu tinha como amante e agora tenho como amigo.
Algumas lágrimas solitárias desciam por seu rosto. Levantei-me e a abracei.
— Acho que seria linda mesmo sem as cirurgias, e, sinceramente, chegou a um ponto de ser muito artificial. Acho que poderia voltar a ser você mesma, pelo menos em partes.
Angelique levantou a cabeça, enxugando as lágrimas com o dorso da mão.
— Será que dá para reverter?
— Você pode tentar.
— Eu gostaria de voltar a ser eu mesma, vou procurar meu médico e ver se podemos fazer uma reparação de danos. — Bateu palmas e balançou a cabeça. — Mas chega de tristezas, meu querido, temos que armar nosso plano. Ou a bonitinha não vai acreditar em nossa encenação.
Respirei fundo e me sentei. Por uma hora ouvi tudo que minha amiga disse e uma animação me invadiu. Se desse certo, como Angelique afirmava que daria, eu teria certeza de qualquer coisa que viesse a acontecer. Esperava que fosse a meu favor, porque acho que ficaria louco se ficasse por mais tempo tentando me esconder. Em minha cabeça só existia um pensamento sobre uma só pessoa:
Dulce, a maldita.
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Havia seis mensagens de Everaldo em meu celular perguntando se eu já estava na cidade. Mal sabia ele que eu já estava há cinco dias.
Desci do carro e esperei por Angelique na portaria, quando ela apareceu eu a notei diferente. Seus cabelos estavam num tom loiro escuro, mais natural e seus olhos não tinham mais as lentes azuis, o rosto não carregava tanta maquiagem.
Ela sorriu e se aproximou.
— Gostou do meu cabelo? Esse é meu tom natural. E meus olhos são castanhos.
— Está linda!
— Obrigada, resolvi começar a mudar por mim mesma. E pequenas coisas fazem a diferença, não?
— Sim, querida, está ótima.
E não estava mentindo, ela parecia outra mulher. Ainda com seus atributos fabricados, mas isso levaria tempo para ser retirados, se pudessem ser. Eu não era contra silicones, ou plásticas, mas quando é demais a pessoa perde a identidade se tornando alguém totalmente diferente. Só que eu achava que apenas isso não seria o suficiente. Provavelmente Angelique teria que fazer um acompanhamento psicológico. O que ela sentia por si não era normal, e precisava ser tratado. Mesmo porque, quem a fez sentir que não era digna foi o ex-marido idiota, e pelo visto ela o tinha deixado liso. Bem feito para o otário.
Percorremos o caminho até o salão onde aconteceria a festa em silêncio. Ajeitei a gravata borboleta, não gostava muito de usar esse tipo de traje achava meio sufocante, mas a festa era a rigor, então necessária.
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Pecaminoso
Fanfiction[CONCLUÍDA] +18|Quando Dulce Saviñon foi trabalhar em uma empresa de processamento de dados como estagiária, não imaginou que, ao ser efetivada, passaria por uma situação tão inusitada... E deliciosa! Ela se deparou com um vício: Christopher Uckerma...