"Lábios, olhares, sorriso, perfume, toques... Tá tudo errado!"
Dulce
Sabe quando você toma uma decisão e sabe que vai se arrepender depois? Então, odeio quando isso acontece, porém dificilmente volto atrás, mesmo errando completamente.
Saí da festa com tanta raiva que nem me preocupei em procurar por Christopher, queria mais que ele me visse com o gato do Carlos. Sim, o meu amigo dançarino era lindo de morrer.
Eu tenho uma sorte danada de só encontrar cara gostoso.
Ele era um homem muito bonito por volta de seus trinta anos, dono de uma loja de eletrônicos, solteiro e muito gostoso. Já disse isso, né? Mas bem, enquanto conversávamos no caminho até o seu apartamento, apenas uma coisa povoava minha mente: o carrasco filho da puta não me deixava em paz até aqui. Estava com aquela loira plastificada e tinha a audácia de se intrometer onde não era chamado. Eu estava tentando seguir em frente, por favor, me deixe em paz.
Chegamos em frente a um prédio num dos bairros de classe média alta. Carlos entrou na garagem subterrânea e meu corpo começou a entrar em alerta. Era estranho, devia ter uma expectativa para um sexo gostoso, mas sentia uma angústia dentro de mim.
Fui tirada dos meus devaneios quando a mão forte do moreno ao meu lado tocou minha coxa.
Olhei em seus olhos castanhos e sorri.
— Vamos?
Assenti e abri a porta, ele deu a volta e me abraçou imprensando-me no carro.
Seus lábios grossos encostaram-se aos meus num beijo faminto e puramente sexual. Gostava de beijos assim, porém no momento apenas um roçar de lábios invadiu minha mente.
Forcei-me a esquecer e apenas aproveitar o momento. Suas mãos deslizaram por minha cintura aventurando-se em meus quadris, e o incômodo se instalou em mim. Devolvi seu beijo com raiva.
Sim, de mim mesma e do babaca do Christopher.
Carlos me soltou, respirando fortemente.
— Nossa, estou morrendo para ter você aqui mesmo. Vamos subir?
Balancei a cabeça concordando. Eu sei que estava silenciosa, mas nada saía da minha boca. Um nó havia se formado e meu estômago embrulhava. Nossa Senhora das Mulheres enlouquecidas por
Homens Cafajestes e Papadores de Plastificadas, precisava de ajuda urgente.
Estava a ponto de desmaiar de nervoso. Nunca havia me sentido assim.
Subimos de elevador, o tempo todo Carlos me lançava olhares famintos. Tinha certeza que a noite seria prazerosa, pelo menos eu esperava que sim. Quando paramos, ele me deu passagem e logo se adiantou liderando o caminho.
Assim que entramos não tive tempo de observar nada, Carlos me pegou apertando minha bunda e, andando até o sofá jogou-me nas almofadas e eu franzi a testa. Querido, eu até gosto que seja bruto, mas olha, tá exagerado, hein?! Ou seria por que eu não estava me sentindo à vontade?
— Gata, eu vou te fazer gritar meu nome tão alto, que os vizinhos vão escutar.
Sorri sem graça, pois aquilo estava me parecendo totalmente estranho. Segurei seu rosto entre minhas mãos e ele me encarou, seus olhos castanhos estavam brilhantes de desejo. Respirei fundo e fechei os olhos.
— Faça valer a pena, Carlos.
Meu coração se apertou e me deixei levar. Existe alguma possibilidade de você mesma quebrar seu coração? Naquele dia acreditei que sim.
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Entrei em minha casa em transe. Fred veio me cumprimentar, mas apenas passei a mão por sua cabeça e o levei até seu cantinho, fechando a porta logo em seguida, fui até o banheiro, precisava relaxar. Sentia-me fracassada, não conseguia imaginar o porquê de ter feito aquilo. Estava com raiva de mim mesma por ter sido tão fraca.
Antes de soltar o vestido, minha campainha tocou. Franzi a testa confusa porque já era tarde.
Quem estava na porta da minha casa a essa hora?
Retirei as sandálias e fui até a sala, olhei pelo olho mágico e não vi nada. Pensei em não abrir, vai que é um louco, né? Mas um formigamento percorreu meu corpo. Então segui o instinto que sempre me colocava em enrascada, porém por segurança peguei um vaso que tinha na mesa ao lado da porta.
Abri devagar e dei de cara com um peito forte vestido de smoking, não precisei olhar. Seu cheiro me importunava há dias, não saía da minha cabeça. Fechei os olhos e dei um passo atrás, colocando o vaso no lugar cegamente, se caísse e quebrasse não estava nem ligando. Ele entrou e recostou-se na porta.
— Divertiu-se bastante, senhorita Saviñón?
Abri meus olhos e o encarei. Por que o filho da puta tinha que ser tão bonito? Seu cabelo estava bagunçado e o smoking não estava mais impecável.
— O que você veio fazer aqui, Christopher? Cadê sua amiguinha?
Ele retraiu o maxilar fazendo sua expressão feroz ficar ainda mais fechada.
— Não mude de assunto, você se divertiu com aquele cara que saiu da festa?
Sorri, sentindo uma adrenalina subir em meu corpo. Era assim com ele, qualquer coisa que relacionasse com aquele homem pegava fogo, adorava me queimar.
— Ah, então, você viu o Carlos? Bem gostoso aquele moreno... — Mordi os lábios sensualmente.
Christopher rosnou e deu um passo à frente, abaixou a cabeça e me encarou por muitos minutos. Ele pegou meus cotovelos apertando fortemente.
— Você tá brincando com fogo, pequena. Já disse que não permito ninguém tocando em você, não depois que eu a tive. Seu corpo pertence a mim, seu prazer é somente meu. Eu não compartilho!
Eu tinha um imã para o perigo e adorava me sentir à beira de um abismo. E provocá-lo poderia ser aterrorizante, pois quando Christopher se transformava no homem das cavernas era assustador. Ele realmente vestia o personagem.
— E eu já te disse que pertenço a mim mesma. Eu dou pra quem quiser e você não tem nada a ver com isso, babaca.
Christopher respirou pesadamente e meu coração disparou. Minha boca foi tomada com força e doeu.
Meus olhos se encheram de lágrimas, pois não havia nenhuma gentileza naquele ato e por mais que gostasse dele feroz, era um beijo punitivo. Tive vontade de mordê-lo novamente, mas não tive coragem.
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E agora?
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Pecaminoso
Fanfiction[CONCLUÍDA] +18|Quando Dulce Saviñon foi trabalhar em uma empresa de processamento de dados como estagiária, não imaginou que, ao ser efetivada, passaria por uma situação tão inusitada... E deliciosa! Ela se deparou com um vício: Christopher Uckerma...