Capítulo 37

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"Prende seus olhos aos meus, diz que me quer... Você foi feita para ser minha."


Christopher 


Eu era um covarde total, eu sabia bem disso. Já havia se passado uma semana, minha viagem já tinha acabado. Estava de volta, mas sem coragem de vê-la novamente. Eu não sabia o que se passava por minha cabeça. Talvez tivesse receio de vê-la seguindo em frente tranquilamente, enquanto para conseguir dormir precisava de algumas doses de whisky. Não que eu estivesse me embebedando, porém ao fechar os olhos só conseguia visualizá-la. Dulce não saía da minha cabeça, estava gravada em mim como uma porra de ferro em brasa quente.


E ainda tinha o adicional de Angelique teimar que a garota estava com ciúmes, fiquei mais confuso.


Minha amiga havia me visitado no dia anterior, era a única que sabia do meu retorno e aproveitei para pedir alguns documentos. Por que nem por e-mail eu estava aguentando falar com ela, e pelo que me pareceu, a provocadora não gostou de falar com Angelique.


Eu não suportava olhar para o que Dulce me escrevia, às vezes tinha alguma palavra que eu achava ter duplo sentido e ficava maluco, pensando se ela queria mesmo dizer aquilo. Parecia que a qualquer momento eu pularia pela tela e a pegaria na mesa do escritório.


Droga, e pensar nisso traziam imagens do que podíamos fazer naquela mesa, novamente. Meu corpo se acendia só em mencionar o nome dela. Maldita, devia ser uma bruxa, provavelmente jogou um feitiço em mim para me deixar tão obcecado.


E eu estava em desespero, a festa seria em quatro dias e tinha certeza que ela estaria lá.


Fui tirado dos meus devaneios malucos quando ouvi a campainha tocar. Devia ser a Angelique, porque era a única que sabia que eu estava em casa.


Assim que abri a porta ela passou por mim, entrando e se acomodando no sofá.


— Se você veio com a mesma intenção da outra vez pode voltar. Eu não estou com cabeça para isso.


Ela arqueou uma sobrancelha e fez biquinho.


— Eu acho que você está se achando demais, e vim apenas te fazer companhia. Sabe como é? Ficar enfurnado nesse apartamento para ninguém te ver e achar que ainda está viajando, não é muito normal. Estou com medo de você ficar doido.


Revirei os olhos e ela sorriu. Sabendo que estava derrotado e Angelique não iria embora tão cedo, me rendi e sentei ao seu lado. Ela se encostou no meu ombro e ficamos em silêncio, que não durou muito tempo. Eu não sei o que as mulheres têm que precisam conversar sobre tudo, colocar os sentimentos para fora. Eu não queria falar nada, mas como fugir de uma gralha que não parava de fazer perguntas?


— Por que você não vai falar com ela logo, Christopher? A garota está caidinha por você.


— Engano seu, querida, ela não quer mais nada. Deixou bem claro que aquela seria nossa última vez. Eu que não consigo tirá-la da cabeça.


— Besteira! Você já ouviu dizer que mulher quando fala que não quer é porque está querendo?


Olhei em seu rosto e Angelique sorria pra mim, ou tentava, porque o botox em seu rosto mal a deixava demonstrar sentimentos, eu só os reconhecia, pois sabia demais sobre ela. Levei uma mão ao seu rosto e acariciei.


— Dulce não é comum, Angelique. Ela é diferente.


Ela pegou minha mão e beijou meus dedos. Nós tínhamos um companheirismo e carinho mútuo.


— Christopher, apesar de poder parecer uma super-heroína decidida, ainda assim ela é mulher. E como todas, tem suas fraquezas, e a maior delas é o ciúme. Quer apostar que se ela te ver com alguém vai enlouquecer?


— Mas eu não quero ninguém.


— Ai, às vezes você é tão burrinho. Ela não precisa saber disso, tenho certeza que ontem ela escutou sua voz, e desconfiou que estamos juntos. Se aparecermos na festa na companhia um do outro, vai ter certeza disso e pode enlouquecer, e assim mostrar o que sente.

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