Ísis

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__Quanto ao Miguel, você vai ficar perdida de amores, ele é bom no que faz, os beijos, as pegadas, o sexo então, é fabuloso...Você vai servir de "depósito" por dias, talvez semanas, ou quem saber um mês, dois, ou mais. Mas vai chegar um hora que ele vai se cansar de você, pirralha.

Essas palavras ainda estão em minha cabeça, passei a noite em claro ouvindo a voz de Anelise as dizendo, ela queria me machucar e conseguiu.

A noite toda tive vontade de ir a até ele, mas não tiver coragem de encarar seus olhos, tive vergonha em olhar nos olhos dele, e ter duvidas se posso confiar nele.

A minha mãe disse que a base de um relacionamento saudável é a confiança e respeito, mas como confiar em confiar em alguém depois de ouvir, tantas coisas ruins?

Eu estou fugindo pelo simples fato de não conseguir olhar nos olhos dele, sem ter certeza de que posso confiar.

Assim que o vi chegando, eu precisei sair, eu sabia que ele iria me procurar, eu sempre arrumava um cantinho para me esconder, até que as 45 do segundo tempo ele me pegou no pulo, ele soube me pegar certinho, como pude acreditar que ele iria embora? Mas por um lado valeu a pena, apesar de está meio abandonado, esse lugar onde ele me trouxe é lindo.

Sabe que ele confia em mim e ter me contado um parte de sua história, seus traumas, me fez o ver com outros olhos.

__Seu pai? Você não se lembra?

Pergunto.

__Não sei, não me lembro de nem uma figura paterna, mas hoje também não me importo.

__Você não tem curiosidade em saber o que aconteceu, tanto com ela quanto com ele?

__Há um tempo atrás eu tive, por isso fiz aquela desenho, eu buscava ela em todos os rostos, mas isso só me fez mal, e pra ser sincero, hoje não sinto vontade nenhuma.

__Eu acho que te entendo, quando eu era pequena e perguntava sobre meu pai a minha mãe, ela sempre dizia, que ele era um homem bonito, integro, honesto, eu acreditava, depois de um tempo eu ficava pensando como um homem pode ser tão bom, e não querer saber da própria filha. Tinha dias que eu imaginava, como seria me encontrar com ele, outros eu não queria saber, uma rancor brotava em meu coração, por isso te entendo, posso imaginar o que sente.

Miguel se levanta tira um pouco do pó de sua calça e me estende a mão.

__Chega desse assunto, eu te trouxe aqui, para conhecer meu antigo lar.

Sorrio para ele e pego em sua mão, ele me ajuda a se levantar, subimos os poucos degraus, até pararmos em frente a gigantesca porta de madeira, mais uma vez ele tira o velho molho de chave do bolso, procura pela chave e a coloca na fechadura.

__É, parece que não foi só a fechadura do portão que foi trocada...

Miguel fala ao tirar a chave.

__Talvez está so emperrada.
Digo.

__Parece que não, vou tentar ver o que aconteceu, outro dia podemos voltar aqui o que acha?

__Tudo bem.

Seu balançar de cabeça, mostra satisfação.

Pulamos mais uma vez o muro mediano, e novamente me sinto uma fora da lei, invasora de propriedade privada.

No carro, Miguel me conta sobre mais algumas coisas da sua infância na casa dos Sarto's, sinto sua leveza ao falar da mulher que ele aceitou como mãe, Sarah, a mulher na qual ele diz, parecer um anjo de sorriso fácil e carinhosa, até mesmo de Elvira, a vó zelosa, que na verdade era um lobo em pele de cordeiro, Rodolfo, o pai de criação que adorava brincar de jogar bola, e correr atrás dele e Babi, e até mesmo se aventurava em brincar de boneca, fazia de tudo para as crianças serem feliz e esquecer o passado horrivel, Arthur o tio bobão que também brincava de boneca para agradar a pequena garotinha de cabelos castanhos, Babi...

A Herdeira (Não Revisado)Onde histórias criam vida. Descubra agora