Bônus

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25 anos atrás

Victoria

A chuva la fora cai sem da trégua, os barulhos dos trovões fazem as crianças se assustarem, o garotinho de cabelo escuro gruda em meu pescoço e se encolhe, tentando se proteger, a bebezinha suga meu seio mas ainda chora entre ele... Agora batidas na porta sao ouvidas e isso faz meu corpo fica em alerta, eu sei que é ele e pra variar, sei que está bebado, assim tem sido meus dias desde quando eu o permitir entrar em minha vida.

Agora ele parece socar a porta com toda força, e eu sei que se eu demorar mais um pouco  ele será capaz de arrombar-la, por isso, coloco a garotinha no berço, e faço sinal para o menino ficar em silêncio, desço cada degrau me tremendo por inteiro, eu tenho medo dele, mas não entendo porque nao consigo me livrar dele, eu o amo e o odeio na mesma proporção, eu sei, é uma dependência é um vício, mas que, para o meu próprio bem pelos meus filhos eu estou decidida a me livrar, na verdade eu ja fiz isso, mas ele sempre volta, e eu aceito... e eu me odeio por isso.
Abro a porta, e antes mesmo que eu diga algo, ele segura meus braços e os apertas.

__Está surda, a mais de meia hora estou batendo nesse caralho dessa porta!

Ele fala aos gritos e cheio de agressividade

__Eu estava com as crianças...
Falo, tentando me livrar de seu aperto.

__Tudo essas crianças nojentas e malditas...

__Não fala assim dos meus filhos...

Falo com raiva e o empurro

__Vagabunda...
Ele grita e avança sobre mim e me empurra, me fazendo cair no chão...

Me levanto enquanto ele despeja palavras de baixo calão sobre mim

__Por que você faz isso, Juan?
Ja que me odeia tanto, por que não me deixa em paz, por que nao segue sua vida...

Falo chorando

__Entenda, Victória. Você é minha! Voce acha que eu vou te deixar livre, pra você ficar se esfregando em outros homens, igual uma vadia, uma cachorra no cio.

__Eu nao quero nada disso, Juan, eu so quero viver em paz com meus filhos...Por favor vai embora.

Peço sumplicando
juan sorri debochando

__Eu ja disse que a única forma de voce se livrar de mim, é quando eu ou você morrer, entendeu?

Ele aperta meu queixo e cheira meus cabelos, o choro da pequena  é uma desculpa que posso usar pra me livrar dele, nem que seja por uns segundos.

__Eu preciso cuidar das crianças...
Falo desvencilhando dele.

__Ta vendo, essa pestinha mais uma vez enchendo o saco...
juan grita e vem atrás de mim, eu tenho medo do que ele possa fazer com essa criança se ela continuar chorando, Juan pisa duro e antes que ele passe de mim, eu o impeço.

__Voce nao chega perto deles, eu vou fazer ela parar de chorar...
Falo parando em sua frente

__Ta vendo, o que faz nosso relacionamento ir mal, são essas malditas crianças, esse garoto imprestável, e essa piralha chorona.

Juan berra, e aponta para as crianças..

__ A unica pessoa que estraga as coisas aqui é você, eu tenho nojo de você...

Falo baixinho so para que ele possa ouvir vejo furia em seus olhos, mas ele nao reage, apenas se vira e sai
—Tem nojo de mim, mas ama o conforto e comodidade que eu te dou não é, me fala Victoria durante toda sua vida quando você imaginou que moraria no casa como essa? Que usaria essas joias cara? Que nunca precisaria trabalhar pra ter tudo que tem? Você tá reclamando de barriga cheia.

—Nunca imaginei, e se eu tivesse imaginado, se eu tivesse sonhado que minha vida seria assim, Juan eu nunca teria me envolvido com você... O que adianta ter tudo isso, se eu não tenho amor e não tenho seu respeito... Se eu soubesse que seria assim, eu teria preferido morar na rua, debaixo da ponte do que compartilhar minha vida com você...

—Voce se envolveu comigo porque gosta de vida fácil.

—O que você acha o que vai acontecer se os meios de comunicação souberem que você é um agressor, o que vai achar quando descobrirem que o defensor das mulheres é o próprio que devasta a vida delas?

Falo e Juan da uma gargalhada e me deixa ali sozinha.

__Não precisa se preocupar, isso logo vai acabar, darei um jeito nessa situação.
Falo para Miguel, que está no cantinho perto do berço com um olhar assustado, minhas palavras parecem surgir efeito, ele abre um sorriso lindo

Pego Babi e a acalmo a fazendo dormir, dou um beijo em Miguel, os deixo no quarto...

Saio do quarto disposta a da um basta em tudo, meu coração manda eu me libertar, minha mente quer que seja livre, eu sinto que nao preciso disso, eu sempre soube.

Procuro Juan na cozinha, no quarto e sala, e não o encontro ouço o chuveiro caindo agua, aproveito a oportunidade e conto umas economias que eu havia guardado a um certo tempo, e fico feliz por ter p suficiente para chegar ao meu destino, com toda minha coragem, pego o telefone e ligo pra minha mãe, a avisando que estou  saindo da Colômbia e indo morar com ela na Argentina.

Na minha cabeça esta tudo certo, quando Juan adormecer, eu vou fugir com meus filhos, eles não merecem passar por isso, a minha única preocupação  é como vou conseguir sair do país com a bebê, ela tem pouco mais de um ano e nem se quer tem uma certidão de nascimento, o unico documento que tenho é o da maternidade, mas ele a de servir.

A tarde passa de pressa, agora ja são 23:45h da noite as coisas estão indo como planejado, depois do banho, Juan caiu na cama, e até agora nem um sinal de vida, está completamente desmaiado, ja conseguir arrumar duas bolsas, somente com o necessário, e as coloquei bem próximas ao portão, ja combinei com o taxista, e pedir pra que ele me espere a meia noite.

Dou uma ultima conferida no homem que está deitado em minha cama, a respiração ta leve, e ele segue roncando feito um leitão, creio que esse sono vai durar até amanhã a tarde, é sempre assim após um porre, pego sua carteira, que contêm uma quantia alta em dinheiro, quase o triplo das minhas econômicas, pego todas as notas, sei que vai me ajudar por um tempo, coloco a carteira vazia no mesmo lugar, saio do comodo, fechando a porta bem devagarinho, para que não possa fazer um minimo de ruído.

Ja no quarto das crianças, coloco um roupa quentinha em Miguel, que dorme pesado, coloco ele no carrinho de bebê, pois não conseguirei carregar um bebê e uma criança de quase quatro anos no colo.

Empurro o carrinho com maior cuidado, para não fazer alarme e o levo até próximo a porta de saida, dou mais uma checada para ver se Juan ainda dorme, e sim, está tudo ok.

Entro no quarto das crianças mais uma vez para busca a bonequinha que também dorme tranquila, uma flor tão inocente, que nem se quer saber o que está acontecendo, também queria que o Miguel não soubesse mais ele ja é um homenzinho, e ele sabe muito bem, da pra ver em seus olhinhos fundo e assustados, eu espero resertar cada trauma que ele possa ter, vamos viver uma nova vida, sem ninguem nos sufocando ou nos maltratando, eu tenho que fé que as coisas vão melhorar.

Pego a bebezinha, e percebo que suas mãos estão meio frias, a cubro com uma manta e quando vou pegar a pequena bolsa na mesa de canto, sem querer esbarro em um abajur, fazendo com que ele se espatife pelo chão. Meu corpo gela, um frio percorre minha barriga, o medo de ter colocado tudo a perder faz eu me tremer inteira.

Aguardo alguns segundos, para que meu coração desacelere, saio do quarto, não á nenhum sinal de vida no corredor, respiro aliviada... mas antes que eu chegue até a porta, sinto uma pancada muito forte em minha cabeça, que me faz ir ao chão, a ultima coisa que eu me lembro é eu protegendo o corpinho da  bebê para ela não tenha nenhuma Lesão.

A Herdeira (Não Revisado)Onde histórias criam vida. Descubra agora