Era incrível como parar diante da porta dele sempre me deixava tão nervosa.
Bati. Num impulso muito louco.
- Forbes? - ele abriu em menos de cinco segundos. - Uau! Eu não me canso de dizer o quão linda você está.
Eu usava um vestido preto de mangas longas e que ia até a canela. Ele era largo e tinha alguns detalhes dourados nas mangas e nas bainhas. O decote dele era redondo. Eu gostava daquele vestido porque ele era o mais discreto possível e ele não era justo; não demarcava muito.
Porém segundo Tonya "aquele vestido era muito sem graça e de velha" e por isso ela me fez colocar um cinto que também tinha uns detalhes dourados. Não protestei tanto porque ficara realmente bom.
E sobre o cabelo, ela insistira em prender metade do meu cabelo e o lado que ficaria solto, ela jogou para o lado e fez cachos.
Pra não dizer que eu não fora obrigada a usar maquiagem, ela conseguira me convencer a usar um rímel e um batom rosa bem sucinto.
- Normie, quem é? - ouvi uma voz feminina e em seguida, uma mulher loira de olhos incrivelmente cinzas se apoiou no ombro dele: - Ah, oi! Como você é bonita!
Era a mãe dele. Não tinha como não ser. Os olhos eram exatamente os mesmos.
- Olá, boa noite. Tudo bem? - sorri, sem graça.
- Mãe, essa é a Forbes. Forbes, essa é a minha mãe.
- Ah, a famosa Forbes! - ela disse, me englobando num abraço carinhoso.
- Como assim, a "famosa"? - eu perguntei, ainda com resquícios de um sorriso.
- Ah, é que ele não para de falar de você. - ela também sorriu. - Entra, querida.
- Mãe!
- E a propósito, meu nome não é Mãe, é Lynda. - eu assenti, apreciando o que eu havia acabado de conhecer dela.
- Meu primeiro nome é...
- Olivia. - ela assentiu, ne encarando boquiaberta - Sei tudo sobre você.
- Mãe, você vai a assustar!
Durante todo o meu tempo com ele, eu nunca havia visto Norman tão sem graça como naquela ocasião. Achei que aquilo não era algo do feitio dele. Ele nunca parecia ficar envergonhado; ele era espontâneo demais para isso.
- Tá bom, tá bom. Você quer jantar com a gente, querida?
- Na verdade, Norman me chamou pra ir ao cinema. - ele me encarou, com os olhos florescendo. - Acho que dá tempo da gente pegar uma sessão ainda.
- Mas e o Ian?
- Tonya ficou com ele. - ele assentiu.
- Vai logo, Norman. Vai se arrumar. - Lynda deu um bofete nele com a revista que segurava.
- Desço em dez minutos. - ele disse e se perdeu escadas acima.
- Senta, Olivia. - eu me sentei em um sofá e ela em outro.
- A senhora está gostando da cidade? - perguntei para descontrair e passar o tempo.
- Ah, sim. É bem mais tranquila do que a minha antiga. E era justamente isso que eu estava buscando. - ela jogou a cabeça para trás no final da frase.
- Que bom que vocês se adaptaram bem. - ela assentiu.
- Você tem um irmão, não é? Qual é o nome dele mesmo? - era estranho saber que a mulher praticamente me conhecia tão bem, mas não achei invasivo.
Aquilo só me mostrava um ponto: o quanto Norman estava empolgado em falar sobre mim para alguém. Por mais que eu não conseguisse compreender, ele se sentia extremamente animado sobre mim.
- É Ian.
- Norman está apaixonado pelo garoto. - sorri de novo. - Ele sempre quis ter um irmão. Acho que transferiu isso para o seu.
- Ele é ótimo com o Ian.
- E olha que ele não tem experiência nenhuma com crianças. - ela riu. - Infelizmente não pude o dar um irmãozinho.
- Desculpa a pergunta, mas por quê?
- Eu sou praticamente estéril. - o sorriso dela foi sumindo. - Eu ter conseguido engravidar e ter o Norman foi um milagre. De verdade.
- Nossa, senhora Redwater.
- Por favor querida, me chame só de Lynda. - notei a semelhança que ela tinha com o meu pai. - Foi uma gravidez bem difícil, mas Deus me disse que eu conseguiria ter ele.
- Sinto muito por não poder engravidar.
- Norman é a alegria da minha vida. Costumo dizer que ele é a rosa mais vermelha no meio do meu jardim de ervas daninhas. - não pude evitar de pensar que não era só eu que o assosciava à flores.
- Que coisa linda.
- E aí, vamos? - ele vinha descendo as escadas.
Dava pra ver que ele tinha se arrumado às pressas, porque seu cabelo ainda pingava e eu podia ver pequenas gotas de água em seu pescoço.
- Meu Deus, já se passaram dez minutos? - eu me levantei, toda perdida.
- Passaram mais, mas eu estava tentando algo que estivesse à sua altura. - ele abriu os braços, fazendo um gesto abrangente. - Eu falhei miseravelmente.
Ele usava uma calça preta jeans e uma blusa azul. Ela não era polo. Era camiseta mesmo, com um corte V.
O cabelo estava completamente despenteado e os olhos intensos como sempre:
- Você é muito engraçadinho. - comentei.
- Vamos lá? - ele estendeu o braço para mim e eu enganchei o meu no seu.
- Divirtam-se. - foi a consideração de Lynda antes de passarmos pela porta.
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EAT ME
RandomComo é desenvolver uma doença que não pode ser vista fisicamente? Como é saber que está doente e ao mesmo tempo não ter ciência disso? Como é achar que isso está sendo algo bom quando está destruindo o seu corpo? E o seu psicológico? Como é estar t...