57 - Te Faz Feliz?

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Norman

     Quando a deixou na porta da casa dela aquela noite, ele estava se sentindo muito mais do que satisfeito. Ele estava tão feliz que parecia que seu coração saltaria do peito.
     Depois daquela exposição, eles tinham se perdido tentando achar o caminho de volta. E aí, eles tinham duas opções: se irritar e perder ainda mais tempo reclamando, ou aproveitar para dar uns beijinhos enquanto tentavam achar a saída.
     Eles obviamente escolheram a segunda opção.
    Norman até considerou que talvez aquilo não tivesse acontecido por acaso. Talvez tenha sido um planejamento com uma intenção interna de Susane. Quem poderia saber?
     - Parece que você cumpriu seu propósito, jovem gafanhoto. - ela disse com um olhar intrínseco.
     - Duas perguntas: - ele simbolizou com os dedos. - Qual era meu propósito e por que "jovem gafanhoto"?
     Ela riu delicadamente e na sua cabeça,  Norman até pensou que ela parecia uma flor no ponto mais alto da primavera; uma daquelas inigualáveis, que soltam perfume pelo ar:
     - Seu propósito era exatamente esse; me fazer rir, me divertir, me distrair. - ela suspirou. - No meio de tanta coisa louca acontecendo, é bom ter algo diferentemente gostoso para variar.
     - Você acabou de me chamar de gostoso? - ele recebeu um tapa no ombro como devolutiva. - Você ainda não explicou o porquê de"pequeno gafanhoto"?
     - Isso aí foi aleatório. Eu não faço a mínima ideia. - ambos sorriram um para o outro.
     - Boa noite, Forbes.
     - Boa noite, amor. - Norman se aproximou dela e a beijou, enquanto a trazia mais pra perto pela cintura.
     Ele fez questão de começar lentamente. De forma sensível; não se preocupou muito com o desenrolar das coisas; ele sabia que a responsável por isso era ela.
     E logo aconteceu; logo suas respirações se cruzaram e eles se sentiram ligados mais ainda um ao outro.
     Já teve a sensação de se sentir infinito?
     Era algo parecido com o sentimento que a beijar causava.
     - Seus beijinhos de boa noite se superam a cada dia. - ela sorriu:
     - Tchau. - e entrou.

     - Estou preocupada com você. - ele ouviu assim que entrou em casa.
     - Olá para você também, senhora mamãe. - ele disse, indo deixar um beijo na bochecha dela. - Por que a senhora está preocupada?
     - Daqui a uns dias você vai estar com cãibras de tanto sorrir. - ela sorriu e ele refletiu o gesto. - Como ela está?
     - Ótima, graças a Deus. Foi uma noite maravilhosa, mãe.
     - A garotinha é bem mais forte do que eu pensava. Estou orgulhosa da minha nora.
     - Olivia é demais. - a sombra do sorriso ainda estava lá. - Jesus tem sido extremamente bondoso, não é?
     - Me diga quando que Ele não é. - Lynda deitou a cabeça no ombro do filho.
     - Mamãe, - ela se atentou a ele. - Posso te fazer uma pergunta? Sem a senhora jogar pratos em mim?
     - Por que eu faria isso com o meu bebê? - ela articulou.
     - Por que da última vez que tentei perguntar algo parecido, a senhora surtou.
     Ela o olhou com uma clara face de desdém:
     - Você vai ter que ser mais específico porque eu já surtei várias vezes. - ele sorriu.
     - A senhora não pensa em... Conhecer alguém? - ele se preparou para uma reação adversa, mas por mais incrível que pudesse parecer, ela não veio:
     - Já considerei muito sobre isso. - pelo contrário, só houve plenitude.
     - E? - ansiou?
     - E no fim das contas, sempre concluo que isso é uma péssima ideia. - ela o deu um sorriso antipático.
     - Mas por que, mãe? Por que não tentar? Não era sempre você que me falava que era melhor tentar do que ficar pensando em como as coisas seriam?
     - Eu tentei, Norman. Com seu pai. - o contraste foi drástico. - Tentei muito.
     - Aquilo não foi tentativa. Foi martírio mesmo. - alegou, tentando a incentivar. - Você merece ser feliz.
     - Mas eu sou feliz. Muito feliz. - seu rosto mudou de repente; lá estava aquela  cara que ela fazia quando estava prestes a ensinar uma grande lição. - Você acha que uma pessoa faz a outra feliz? - ele ponderou.
     - Acho que sim.
     - Ok. Então sua felicidade está em outra pessoa? - ele assentiu, com um pouco de medo dos questionamentos da mãe: - Você está errado, querido.
     - Mas por quê?
     - Você nunca pode achar que o motivo da sua felicidade é a outra pessoa. Porque senão, ela vai embora e voc, como fica? - Norman se manteve em silêncio. - As pessoas só devem completar sua felicidade; a  intensificar,  mas quem te faz feliz não é ninguém além de Jesus. E depois disso, você mesmo. Lembre-se disso.
     Ele apenas assentiu e foi deitando a cabeça no colo dela, enquanto ela o fazia cafuné:
     - A senhora é uma mulher muito sabia.
     Ela só sorriu de canto de boca.
     Lynda acabara com qualquer argumento que ele pudesse ter para continuar aquela conversa.
    
    

      
    
     
     
   
   
     

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