07 - A sua Companhia

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     Tanajo estava investindo pesado na publicidade esse ano. Haviam cartazes afixados em todas as paredes e planfetos colados nos armários e largados pelo chão.
     Ela poderia facilmente ter tomado uma bronca de alguém da limpeza. Haveria quem dissesse que a garota estava desesperada.
     Eu achava legal da parte dela tentar tanto.
     - Você vai? - tomei um susto e levei rapidamente a mão ao peito, enquanto me virava para a voz de Norman. - Meu Deus, me desculpa! Eu não quis te assustar.
     - Não, tudo bem. É só que eu estava concentrada. - compliquei minhas feições para dizer aquilo.
     - Oi, então. - ele sorriu. Óbvio, não podia ser de outra forma.
     - Oi. - eu também sorri, de forma cordial.
     - Você vai ao baile? - ele apontou o planfeto colado no meu armário.
     - Eu não sei, eu acho que não.
     Norman se encostou na parede de armários e cruzou os braços enquanto me encarava:
     - E eu posso saber porque não?
     - Eu só não estou tão animada esse ano quanto eu geralmente costumava ficar. - dei de ombros, sem nenhuma expressão específica no rosto.
     - Isso é uma pena. Eu queria muito vir. - ele encarou o planfeto de uma forma nostálgica, mesmo que aquilo não fizesse muito sentido.
     - E por que não vem?
     - Eu realmente queria a sua companhia. - eu abri minha boca, mas em seguida a fechei. - Mas quem sabe até lá, você não mude de ideia.
     - Desculpa, mas eu realmente não estou a fim.
     - Tudo bem. - ele deu um sorriso meio tristonho. - Até algum outro dia, Forbes.
      - Até. - e ele saiu andando.
     Quase instataneamente a Norman sair, Tonya veio correndo até mim. Foi só então que notei o ponto de origem dela. Ela estava escondia atrás de uma parede de armários, provavelemnte escutando tudo:
     - Eu não acredito no que eu acabei de ver.
     - O Norman?
     - Você rejeitou o bichinho? - ela falava com um tom que parecia muito que ela estava se referindo a algum animal de estimação.
    - Não. Não reijeitei...
    - Olivia, você reijeitou o menino. - eu suspirei, porque parecia que seria impossível de contestá-la. - Por quê? Ele é uma delicia.
    - Meu Deus, ein!
    - Vai dizer que não?
    Dei uma olhada nas costas dele, porque ele estava falando com um garoto bem mais a frente. As costas dele eram largas.
     - Você é pevertida. - fechei meu armário e saí caminhando.
     - Fala sério, por que não quer ir ao baile com ele? - por que aquilo havia virado um conto de fadas do nada?
    - Não tem nada a ver com ele, eu só não quero ir ao baile.
    - E o que você vai fazer de bom no sábado a noite? - eu abri a boca para responder, mas ela me cortou. - Se você disser 'estudar', eu te dou um tapa.
    - Tonya, não adianta. Eu não vou. - ela fez uma cara triste. - Mas você deveria ir. É bem divertido.
    - E eu vou pra ficar olhando para as paredes sozinha?
    - Não. Tanajo vai estar lá. Ela é bem legal. É a organizadora do baile.
    - Você acabou com os meus planos de final de semana animado. - ela disse bem resmungona e essa foi a forma de como fomos para a aula.

   

     Tonya passaria o intervalo junto comigo, porém a mãe dela precisou que ela fosse em casa. Aquilo não fora um problema para mim, porque a coisa com a qual eu mais tinha me acostumado ultimamente era a estar só.
     Entretanto, eu não pude continuar a minha leitura, porque eu fui interrompida por uma voz masculina:
     - Oi, Olie. - eu havia me esquecido sobre aquilo, porém na mesma hora tremi internamente.
     - Will. Oi. - fechei o livro e o coloquei de lado na mesa.
     - Tudo bem?
     - Tudo e com você? - perguntei sem nenhuma intenção especial.
     - Estou legal. - ele pigarreou antes de revelar o porquê de realmente estar lá. - Você está sabendo da festa que vai haver na casa de Clarisse, não é?
     - É difícil de não saber. Só falam nisso. - dei um sorriso desconfortável e ele o copiou.
     - Você vai?
     - Não. Eu geralmente não sou convidada para festas da alta patente da sociedade. - debochei. - E mesmo que eu fosse, não iria.
     - Por quê?
     - Não gosto de Clarisse. - respondi na lata, sem hesitar.
     - Ainda isso, Olie? - fechei os olhos devagar devido a menção do meu apelido.
     - Ainda isso, Will. Sobre ela ter dado em cima de você enquanto ainda éramos um casal. - relembrei, com um sorriso plástico. - E por que você está tão interessado se eu vou ou não?
     - Eu estou preocupado com você. Eu e a Emma, na verdade.
     - Por quê? - pirracei.
     - Você mudou. Muito, Ollie. - aquilo por algum motivo doeu lá no fundo. A negatividade implicada no fim das palavras dele, fez eu me sentir como se bombas estivessem sendo dedpejadas por um avião e explodindo. Dentro de mim. - Você se tornou uma pessoa tão difrente daquela Olivia e agora é impossível saber se você realmente está bem ou não...
     - Talvez porque a minha mãe morreu, Will! - soltei, com as lágrimas debulhando meus olhos. - Eu estou triste porque uma das pessoas que eu mais amo está morta. Foi por isso que eu mudei. - meu olho ardia e eu não o dei tempo de responder, eu só me levantei e sai correndo.
     Nunca foi minha intenção provocar uma cena. Tinha gente na lanchonete e elas ouviram meus tons mais elevados; aquilo era horrível.
     Corri até o banheiro, mas quando cheguei lá, encontrei definitivamente a última pessoa que eu queria ver na vida, não era nem naquele dia:
     - Olivia! - ela bateu uma palminha com uma animação mais do que forçada.
     - Me deixa em paz, Clarisse. - eu fui até uma das cabines e peguei um pouco de papel.
     - Você está chorando? - ela fez cara de comoção e eu senti vontade de arrebentar ela todinha. - Ai, coitadinha! Não é meninas? - ela disse para as duas acompanhantes de sempre. - O que aconteceu?
     Eu simplesmente continuei me olhando no espelho, tentando secar meus olhos com o papel.
     - Você está chorando porque percebeu o quão esquisita é? - mas ela continuou, sem calar a boca. - Sabe, eu estava comentando com as meninas, você está parecendo meio morta ultimamente, como aqueles esqueletos dos filmes de terror. Tem dormido direito?
     Eu continuei com a cabeça baixa, sem dizer absolutamemte nada.
     - Você devia ir à minha festa no sábado. Ver se melhora um pouco essa sua cara de bunda. - agora o tom dela não estava mais tão docinho.
     Ela virou as costas com suas duas pupilas, enquanto dava risadinhas idiotas.
     Continuei com os braços apoiados na pia por um tempo. Eu acho que eu estava em estado de choque.
     Abri a torneira e lavei o rosto, mas mesmo assim não consegui me encarar no espelho.
     Me encostei na parede e me deixei escorregar, até que acabasse sentada no piso.
     Era óbvio que a água da torneira não havia sido o suficiente e eu agora estava soluçando num ataque de choro.

   
   

    
   
  

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