Norman
- E aí? O meu não vence o da sua irmã? - ele se referia ao sanduíche que havia preparado e o qual Ian tragou de tal forma que não se pôde nem ver.
- Olha, ficou muito gostoso mesmo. O seu quase chega perto do de Liv. - a criança disse lambendo os dedos. - Eu daria nota dez.
- Ué, mas o dez não é o de Olivia?
- Não. O da Liv é onze. - Norman sorriu com o comentário engraçadinho do moleque. - Norman, você vai cuidar de mim?
- Na verdade, seu pai pediu para eu chamar sua vizinha, porque já tinha combinado com ela. - explicou.
- Ah, não. Eu quero que você fique, daí nós podemos jogar video game. - ele insistiu.
- Vou ver com seu pai se tem algum problema. - ele já foi pegando o celular e procurando o contato de Robert.
Chamou umas duas vezes, antes de o homem atender:
- Alô?
- Oi, Robert. É o Norman, tudo bem?
- Oi, garoto. Tudo bem e por aí? Aconteceu alguma coisa? - Norman percebeu o quão assustado e escaldado o homem estava, mas sinceramente não o julgava, porque tudo o que ele havia descoberto, ainda jogado de uma vez em cima dele, fora coisa demais.
- Não, não aconteceu nada. Está tudo bem por aqui, é só que Ian pediu para que eu pudesse ficar cuidando dele. Tudo bem para o senhor?
- Se isso não for atrapalhar você.
- De forma alguma. Seria um prazer para mim.
- Então não há problema. Vou ligar para a vizinha e avisar que não preciso mais que ela fique com o Ian. - ele disse com um tom mais calmo. - E obrigado, filho.
- Imagina, não precisa agradecer. - Norman ainda considerou algo. - Robert, como ela está?
- Está descansando. Eles decidiram deixar os exames dela para amanhã, porque ela estava exausta e a doutora Bloom recomendou que ela repousasse. - Norman assentiu. - Você vai vir a visitar amanhã?
- Eu gostaria. O Ian irá comigo se estiver tudo bem.
- Claro, imagino como ele deve ter ficado agitado. - comentou.
- Ele vai ficar bem. Não o alarmei.
- Obrigado.
- Só não diga nada para Olivia, ok? Quero fazer uma surpresa.
- Não gosto muito disso, Norman. - o tom do homem se aborreceu um pouco. - Ela ficou triste porque você não veio a ver. Ou porque ela achou que você não veio a ver. - Norman abaixou a cabeça. - Se ela me perguntar, vou falar.
- Claro, me desculpe.
- Tenho que ir. - ele se despediu e desligou a chamada.
- E aí? Ele deixou? - Ian apareceu, saculejando sua mão.
Ele sorriu antes de o responder:
- Deixou. - ele viu o garoto sair comemorando alegremente para a sala de estar:
- Você quer jogar aqui ou no quarto?
- Pode ser aqui mesmo na sala.
- Vou buscar o video game. - ele praticamente voou pelas escadas.
Norman aproveitou a deixa para ligar para sua mãe:
- Oi, bebê. Onde você está?
- Oi, mãe. Eu estou na casa da Forbes.
- Hum, safadinho. Estava fazendo o que aí, ein? - ela usou o tom mais maldoso que tinha para falar aquilo.
- Mãe, pelo amor de Deus. O caso foi sério.
- O que aconteceu? - o tom dela mudou drasticamente.
- Olivia passou mal. A doença agravou e a levamos para o hospital...
- Ah, meu Jesus amado! E como ela está, Norman?
- Estável. - ele respirou bem fundo. - Acho que ela finalmente entendeu que está doente.
- Deve ter sido um choque.
- Eu não sei. Eu não a vi.
- Por quê?
- Ela estava brava comigo e com a Tonya, lembra? - ele respirou fundo de novo. - Fiquei com medo de ela me ver e isso causar algo ruim à ela.
- Então você não vai ver a menina da sua vida?
- Parece que ela quer me ver...
- É óbvio, Norman. Dá pra ver o olhinho dela brilhando quando vê você. - ele sorriu, a dona Lynda Redwater era muito perceptiva; e olha que ela só havia visto a garota uma vez.
- Vou a ver amanhã.
- Eu quero ir também.
- Tudo bem, vamos juntos. - ela confirmou. - Vou passar a noite cuidando do irmão dela, ok? Porque o pai dela precisou ficar no hospital.
- Claro, querido. Sem problemas. Que horas vamos amanhã?
- Pensei em irmos ao meio dia, porque vou levar o Ian para a ver também.
- Beleza. - ele ia desligar, mas antes disso, a voz dela voltou a ser proferida: - Filho, vai dar tudo certo. Deus já está no negócio. - ele assentiu.
- Amém, mãe. Eu sei que sim. - ela se despediu e ele desligou.
- Você quer jogar goat simulator? - Ian surgiu atrás dele carregando um xbox one.
- Você vai ter que me ensinar, porque nunca joguei.Já eram quase dez horas quando Norman o colocou na cama:
- Não conte para sua irmã que você foi dormir tão tarde.
- Segredo nosso. - ele cruzou os dedos e se virou para apagar o abajur.
Norman se acomodou no colchão no chão, ao lado da cama do menino.
- Hey, Norman - ele se virou de volta para o garoto. - Obrigado. Hoje foi muito divertido. Espero que possamos fazer isso mais vezes.
- Vamos sim, amigão. Você vai ver.
- Seria mais legal ainda se a Liv tivesse aqui, né? - mesmo no escuro, foi possível ver o menino dar um leve sorriso de canto.
- Na próxima ela com certeza vai estar e vai brigar com a gente por termos comido tanto doce. - o menino soltou uma gargalhada e Norman sorriu.
- Provavelmente. Ela sempre é muito rabugenta com doces.
- Sério?
- Sim. Eu não entendo porquê. Ela não era assim. Tenho a impressão que foi depois da morte de mamãe.
- Entendi. - aquilo parecia uma informação importante.
- Boa noite, Norman.
- Boa noite amigão. - e ele virou para o lado para dormir.
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EAT ME
RandomComo é desenvolver uma doença que não pode ser vista fisicamente? Como é saber que está doente e ao mesmo tempo não ter ciência disso? Como é achar que isso está sendo algo bom quando está destruindo o seu corpo? E o seu psicológico? Como é estar t...