Tonya tinha ido embora.
Ela só fora embora depois que exatamente tudo estava montado e quando eu falava tudo, eu queria dizer sapatos, roupas, cabelo, maquiagem e mais outras coisas.
Depois de muita barganha, consegui evitar colares e pulseiras; consegui manter apenas duas pedrinhas brilhantes nas orelhas e isso era tudo de acessórios que eu tinha.
Eram sete e dezessete. O cabelo e a maquiagem já estavam prontos, pois Tonya me ajudara com eles, agora só faltavam os sapatos e o vestido.
Eu coloquei o vestido, fechei o zíper e calcei os scarpins vermelhos que ela havia me emprestado, (havíamos descoberto que usavamos o mesmo número).
Sentei na cama, checando pela milionésima vez se tinha pego tudo o que precisava na minha bolsa.
- OLIVIA! O NORMAN ESTÁ AQUI EMBAIXO! - ouvi a vozinha fina do meu irmão gritar lá debaixo e por algum motivo que eu não entendia, meu coração martelou e eu me assustei, pois eu ficar nervosa daquele jeito não era algo assim tão comum.
Me levantei e fui em direção à porta, porém parei antes de abri-la. Eu havia passado pelo espelho e visto um flash meu lá.
Mesmo sabendo que não deveria, a curiosidade dentro de mim se misturou aos pontos de nervoso e eu não pude me controlar. Eu voltei e me encarei no espelho, esperando pelo que ele me devolveria.
Naquela noite, aquele vestido não me pareceu tão apertado como costumava ser. Ele pareceu bom. E aquilo devia ser o suficiente.
Não me demorei muito. Depois disso eu prossegui e saí do quarto.
Eu desci as escadas e conforme eu ia me aproximando do primeiro piso, Norman, papai e Ian entravam no meu campo de visão.
Norman estava sorrindo e comentando algo com papai, (que por incrível que parecesse também sorria) e a reação dos dois quando me viram, foi praticamente simultânea; ambos se esqueceram do que estavam fazendo e me encararam.
- Oi, gente. - eu disse, com um sorriso nervoso, porque eu não entendia porque todos me encaravam daquele jeito (até Ian). Eu não gostava de chamar tanta atenção assim.
- Faz tanto tempo, mas tanto tempo que não vejo você usar esse vestido. - os olhos dele começaram a se encher e eu precisei desviar para os meus não seguirem o mesmo curso. - Você está linda, princesinha. - no fim, ele não desaguou, só sorriu de novo.
- Eu não sabia que a sua filha conseguia ficar ainda mais bonita do que ela já é. - Norman disse para papai, mas os seus olhos mudaram para mim. - É uma surpresa imensurável.
Eu senti que eu corei. E pensar nisso só fez eu sentir minhas bochechas ainda mais quentes:
- A Liv está linda! - Ian disse, (graças a Deus) roubando a atenção de todos.
- Vocês parecem três bobões. - eu disse, descendo os degarus finais da escada.
- Eu quero tirar uma foto disso para guardar no álbum. - papai surgiu com a ideia e saiu correndo atrás da nossa câmera.
- Pai. - eu disse, já antecipando meu constrangimento.
- Deixe o homem. Ele está feliz. E eu o entendo. - Norman disse para mim, com o sorriso ainda sendo seu ponto alto.
- Aqui! Achei! - ele apontou a câmera na nossa direção. - Vocês dois fiquem mais juntos e sorriam. - nós obedecemos e logo o flash veio. - É isso aí!
- Senhor Forbes, será que pode tirar uma para a minha recordação? É meu primeiro baile. - Norman pediu e papai assentiu, se posicionando atrás da câmera novamente.
A foto revelada na hora foi dada a Norman, que ficou mais do que radiante:
- Obrigado.
- Por nada. - papai respondeu, admirando a sua própria foto.
- Podemos ir? - perguntei à Norman:
- Claro. O senhor nos dá licença? - ele se dirugiu a papai que sorriu atrás de seu grande bigode:
- Voltem até as dez horas, tudo bem?
- Pode deixar, senhor Forbes. - ele disse, se voltando a mim: - Vamos? - e me ofereceu o braço para que eu engachasse o meu próprio.
Eu o fiz e nós saimos de lá.
Não caminhamos cinco segundos, e Norman intetrompeu o clima silencioso:
- Eu falei sério quando disse que você está ainda mais bonita que o normal. - eu encarei a ponta dos sapatos vermelhos que eu usava e um sorriso despontou dos meus lábios, porque eu realmente fiquei sem graça:
- Obrigada. - eu fiz uma pausa e o encarei. Ele usava um smoking preto e até a camisa social de dentro era preta. Contrastando com isso tudo, tinha uma gravata branca listrada (com finas listras pretas obviamente) e tudo terminava com sapatos sociais. - Você também está muito bonito.
Ele sorriu. De novo. Poderia ser até irritante, mas não era um sorriso do tipo convencido; era mais um sorriinho fofo e casual. Aquele com o qual você não tem como enjoar.
- Obrigado. - nós continuávamos nossa caminhada por aqueles poucos quarteirões até a escola. - Eu gostei muito do seu pai. Ele parece ideal para o que pais devem ser. - naquele momento suas feições se complicaram:
- Ele é o melhor pai do mundo na minha concepção. Mas sou meio suspeita de dizer. - Norman gargalhou:
- Acho que vou ter que concordar com você. - uma pausa até seu sorriso se fechar e ele me deu um sutil olhar novamente. - Por que seu pai ficou tão emocionado por você estar usando esse vestido?
Eu o encarei para responder aquilo, porque eu sentia que precisava de um ponto de foco, caso contrário não conseguiria responder e desviaria completamente do assunto:
- Foi o último vestido que minha mãe comprou para mim. - ele assentiu. - Eu não o uso faz um tempo.
- Entendo. Perfeitamente. - Norman continuou assentindo. - Eu quero que se divirta essa noite, ok? - fiquei o encarando, porque eu sabia que ele tinha mais coisas a dizer. - Quero te levar ao baile, comer umas porcarias, ignorar aquelas patricinhas e aquele garoto metido a chad e se possível, levar a garota mais bonita da escola para uma dança.
Quem foi obrigada a soltar uma risada atrapalhada, fui eu agora:
- Por que de repente você ficou tão galanteador? - ele franziu o cenho, como se tivesse tentando fazer uma pose sexy e aquilo só me fez rir mais ainda. - Eu não sou de longe a garota mais bonita do colégio, então...
- Tem razão. - ele cruzou os braços. - Voce deve ser a garota mais bonita do planeta. - o sorriso no final da sentença brilhou.
- Você tem que parar com isso. - eu o deixei lá com seu sorriso bobo e sai andando. - Se continuar me fazendo ficar constrangida, não vai ganhar dança.
- Ok, eu vou me comportar. - ele correu para me acompanhar, pegando meu braço e enganchando no seu.
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EAT ME
RandomComo é desenvolver uma doença que não pode ser vista fisicamente? Como é saber que está doente e ao mesmo tempo não ter ciência disso? Como é achar que isso está sendo algo bom quando está destruindo o seu corpo? E o seu psicológico? Como é estar t...