Norman
Conforme ela havia avisado para Norman, ele estava a esperando ao lado de fora da escola:
- Em qual aventura você quer se enfiar agora, Forbes? - foi a primeira coisa que ele perguntou quando a viu.
- Que tal comprar o presente de Joshua? O aniversário dele é amanhã.
- Meu Deus! Eu tinha esquecido. Que bom que você existe. - ela provavelmente ficou constrangida, porque deu um pequeno sorriso enquanto corava.
- A Tonya vai com a gente?
- Ela disse que encontra a gente no shopping.
- E o shopping é muito longe? - eles já estávamos saindo do perímetro da escola.
- Não. Dá pra ir a pé. - ele assentiu e eles seguiram.
- E seu irmão? Como está?
- Bem. Ele me pergunta todo dia algo diferente sobre como ser legal para a Maya. - Norman deu uma risada discreta. - É muito fofo, sério.
- Eu imagino. É engraçado ver histórias se repetindo. - aquilo não foi só um comentário solto.
- Como assim?
- Eu vejo acontecendo com ele, o que aconteceu comigo na época que eu tinha onze anos.
- Você teve uma namoradinha quando era criança? - ela pareceu ter ficado impressionada.
- Mais ou menos. - ele sorria enquanto falava. - Foi algo muito besta.
Não sei se vale a pena contar.
Ela olhou pra ele com uma cara de indignação genuína:
- Sério que você começou para não me contar?
- Ok. - ele respirou fundo e deu uma risada. - Eu estava na quinta série e foi no segundo período do ano. - Olivia assentiu, acompanhando a história - A garota tinha acabado de chegar na escola e ficava me encarando de uma forma muito sinistra. - Olivia acabou rindo de novo, com a suposta imitação do olhar dela.
- E você não encarava ela não? - ela jogou.
- Eu era bem tímido; então eu olhava e quando ela me pegava, eu desviava. - a garota riu um pouco mais, imaginando aquela cena épica. - Passou uns dias e ela veio falar comigo.
- Você ficou vermelho?
- Que nem um tomate. - Norman sorriu. - Ela me pediu em namoro.
- Assim, direto?
- Assim, direto. - ele acenou. - E em seguida, ela me beijou. - Olivia fez uma careta, parecia estar estranhando a fluidez daquela história. - Durou duas semanas e depois ela se cansou e termimou comigou.
- Que horrível. - e a história teve um fim muito diferente do que ela parecia estar esperando.
- Foi a primeira vez que tive um coração partido. - aquilo era pra ter soado triste, mas ele deu um sorriso no fim das contas, transformando tudo. - E você?
- Eu o quê?
- Nunca se apaixonou quando era criança? - eles já estavam na frente do shopping.
- Eu tinha umas paixõezinhos muito aleatórias. Era mais achar os garotos bonitinhos, mas nunca tive uma história tão mirabolante quanto a sua.
- Certo. - eles entraram e se depararam com uma imensidão de lojas. - Onde Tonya vai nos encontrar?
- Ela não vai. - disse, bloqueando novamente o celular. - Ela não vem mais.
- E agora?
- A sorte foi que eu peguei as numerações de Joshua. Então isso não vai comprometer tanto. - ele assentiu. - Alguma idéia do que comprar?
- Eu ia perguntar a mesma coisa pra você. - eles refletiram a mesma risada.
- Uma camiseta, talvez? Um tênis?
- Vamos andar um pouco e daí nós decidimos. - aquela foi a única decisão que ela conseguiu tomar por ora.- Eu nem acredito que a gente finalmente conseguiu comprar. - ele disse, olhando pra própria sacola.
- Demorou o quê? Umas duas horas? - tentou.
- Na verdade foram três. - ele fez com os dedos. - E vai demorar mais um pouco, porque eu quero tomar um milk shake. - Norman parou no guichê. - E você quer um? Eu compro pra você.
- Não, obrigada.
- Você não gosta de milk shake? Eu posso comprar outra coisa...
- Eu só não estou a fim. Obrigada. - Norman sentiu o tom dela com uma ponta de aspereza no final, como se ela quisesse terminar aquilo e ponto.
Toda vez que aqueles episodios (que estavam ficando constantes) ocorriam, ele tinha uma impressão muito estranha de que algo não estava bem.
Foi aquela mesma impressão do dia do jantar e como naquele dia, não havia resultado em nada e agora também não; ele provavelmente só havia a irritado. Norman decidiu não insistir:
- Prometo que não vou nos atrasar mais.
- Tudo bem. - ela sorriu, agradável.
- Oi, me vê um milk shake de morango, por favor? - a atendente o falou o preço e ele estava abrindo a carteira quando viu.
O sinal de que ele não deveria ignorar a sensação dentro dele. O sinal de que algo estava ligeiramente errado.
Quando se virou para Olivia novamente, ele percebeu que os olhos dela estavam um tanto zonzos:
- Forbes, está tudo bem? - foi o tempo da garota abrir a boca para tentar responder e ela apagou.
Ele jogou a carteira em qualquer lugar e se apressou na direção dela para evitar que ela caísse:
- OLIVIA! - o susto foi tão grande que ele só agiu no impulso mesmo.
Norman conseguiu a pegar antes que ela alcançasse o chão. Ela havia desmaiado completamente; seus olhos fecharam. Não era como se ela estivesse semi consciente.
Logo um alarde começou a se formar ao redor da garota, mas logo também ele foi dispersado por um segurança que se aproximou rapidamente:
- O que aconteceu, rapaz?
- Ela estava bem. Nós estavamos conversando e aí ela simplesmente começou a apagar. - contou.
- Vem. Traz ela para a enfermaria.
Norman só o seguiu com o coração martelando.
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EAT ME
عشوائيComo é desenvolver uma doença que não pode ser vista fisicamente? Como é saber que está doente e ao mesmo tempo não ter ciência disso? Como é achar que isso está sendo algo bom quando está destruindo o seu corpo? E o seu psicológico? Como é estar t...