Norman
- E aí? Como foi? - ele peeguntou assim que Tonya voltou.
- Ela entendeu a condição dela. Ela finalmente voltou para nós. - um sorriso vagoroso foi se formando nos lábios de Norman. - Ela está uma montanha russa de emoçoes, mas acho que está estável.
- Graças a Deus. - ele fechou os olhos bem devagar, percebendo só agora que o cansaço se instalara por ali.
- Acho que deveria ir a ver, Norman. - a garota de cabelos ruivos sinalizou. - Algo me diz que ela quer isso. - ela levou um segundo para desconsiderar sua frase. - Ah dane-se, vou te contar. Ela mesma me disse isso. Ela tá morrendo de vontade de ver você.
Sutilezas não eram o forte de sua amiga.
Norman havia decidido não ir vê-la, porque talvez causasse um impacto negativo nela já que antes de tudo isso acontecer, ela estava brava com ele e ele não sabia como isso podia influenciar agora.:
- Será mesmo? - ele cruzou os braços e a encarou com incerteza.
- Norman pelo amor de Deus, nós já fizemos o que você pediu. Que era não dizer que você estava aqui, mas deixa de ser besta e vai lá. - ele a encarou, ainda decidindo. - Ok, ou você vai com suas pernas, ou eu chuto sua bunda até lá. - é, ele não tinha opção mesmo.
- Ok. - mas ele se sentiu nervoso, como se fosse a um encontro com ela. Como se fosse a noite do baile de novo e ele fosse finalmente conhecer seu pai.
Ele só tinha o tempo de Tatiana voltar.
- Só tente agir de forma natural. - Tonya aconselhou. - Acho que é o melhor nesse momento. - ele assentiu. - Ela está bem mal pelo o que aconteceu com a gente.
Os olhos dele vibraram.
As coisas deviam estar vindo para ela todas de uma vez, sem sequência alguma, apenas atropelando tudo.
Ele nem imaginava o quão mal ela estava:
- E vocês se acertaram? - ela assentiu e estava abrindo a boca para fazer uma consideração quando Tatiana voltou.
Ele só não correu até lá, porque não queria parecer um desesperado, mas sentiu vontade.
Entretanto, antes de ele passar pelas portinhas que o daria acesso à ela, Tatiana o barrou:
- A doutora Bloom restringiu as visitas por hoje, Norman. - ele murchou como uma flor que há muito tempo não recebia água e nem luz do sol. - Olivia está muito cansada. A doutora deixou até os exames dela para amanhã.
- Ah.
Tatiana deu um sorrisinho de encorajamento e pousou a mão em um de seus ombros:
- Amanhã você pode vir visitá-la pela tarde. Hoje só quem pode ficar é o pai dela.
- Ok.
E falando em Robert, ele apareceu todo acelerado e vinha na direção de Norman:
- Hey, Norman. - o garoto se virou para ele. - Será que pode me fazer um favor?
- Claro.
- O Ian vai sair da escolinha. Daqui a pouco e eu tenho que ficar com a Olivia. - o garoto assentiu, já compreendendo o que ele queria dizer. - Será que pode pegar ele para mim, por favor?
- Sem problemas. Será um prazer. - o homem o deu as chaves de casa para o garoto.
- Pode o levar pra casa; quem vai cuidar dele é a minha vizinha. Ela deve estar esperando por vocês.
Ele aceitou a chaves:
- Mas o que eu digo para ele?
- Diga que a Olivia passou mal e que o papai vai ter que ficar com ela no hospital essa noite, mas que amanhã eu falo com ele.
- Pode deixar.
- Norman, quer uma carona? - Tatiana ofereceu. - Vou deixar a Tonya em casa, já aproveito e te deixo na escola do irmão de Olivia.
- Eu aceito.- Obrigado, pessoal. - Norman assentiu para as duas que estavam no carro e andou em direção ao portão da escola de Ian.
Faltavam uns cinco minutos para ele sair.
Norman achou uma árvore e se encostou nela, aguardando. Dali teria uma boa visão quando o menino saísse.
Ele não conseguira a ver.
De repente, um sentimento de fracasso o mensurou, mesmo que ele tivesse decidido no último minuto que iria a ver.
Será que aquilo era um sinal de Deus? Ele oraria para averiguar.
Os portões se abriram e um mar de crianças começara a sair de lá de dentro.
Ele havia se esquecido como elas eram animadas e não paravam de correr.
Ele viu Ian sair e olhar de um lado para o outro, provavelmente procurando pela irmã.
- Ian, aqui! - ele gritou, acenando e logo, o menino veio correndo até ele:
- Norman! - ele o abraçou. - Que saudade de você. - ele sorriu.
- E aí, amigão? Como você está? - ele também sorriu.
- Com fome, mas bem. - aquilo fez Norman gargalhar. - Cadê a minha irmã? - ele sabia que aquela pergunta viria, mais cedo ou mais tarde.
Norman se abaixou para ficar na altura do garoto:
- Ela está no hospital. Passou meio mal e tivemos que a levar para lá. Seu pai me pediu para buscá-lo, porque vai precisar ficar com ela essa noite.
- O que aconteceu?
- Ela passou mal, mas não é nada demais. Logo logo ela melhora. - Norman viu, gradualmente o olho do menino se encher e ele começar a dispersar as lágrimas. - Hey, o que foi, amigão? - ele apoiou a mão no ombro do menino.
- Foi exatamente isso o que a Liv disse quando a mamãe foi para o hospital. - havia sido um ato falho, mas ele não tinha como saber.
- Me desculpe, eu não sabia. - ele pensou em uma estratégia. - Mas estou falando sério, logo ela vai estar de volta.
- Você viu ela?
- Não. Tinha tanta gente lá que não consegui. Sua irmã é famosa. - Ian sorriu. - Mas amanhã vou lá ver ela.
- Eu posso ir junto?
- Claro. Eu levo você. - ele abriu um sorrisão. - Vamos pra casa? Eu vou fazer o melhor sanduiche que você já comeu na vida!
- Nada supera o sanduiche de salame da Liv.
- Você vai comer o meu misto quente e depois me diz. - Ian assentiu.
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EAT ME
RandomComo é desenvolver uma doença que não pode ser vista fisicamente? Como é saber que está doente e ao mesmo tempo não ter ciência disso? Como é achar que isso está sendo algo bom quando está destruindo o seu corpo? E o seu psicológico? Como é estar t...