CAPÍTULO 22

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LUCAS

- Eu quero saber exatamente o que está acontecendo! Não me poupe de detalhes. O que o Conselho quer comigo?

Fechei os punhos na mesa de jantar e tentei conter a frustração para não assustar a Rebecca que estava ao meu lado e também a criança que a perseguiu durante todo o dia. Ambas estavam comendo um bolo e tentavam empurrar na minha direção, mas eu queria resolver aquela história e perdi o apetite.

Minha mãe pediu privacidade e decidimos ir até o escritório. Fui seguido de perto pela Thaís, que deixou bem claro que ela estava incluída nesse momento pessoal de família.

- É simples a situação Lucas, o Conselho quer colocar outro Varez no seu lugar. - Minha mãe respondeu, fechando a porta atrás de si.

- Eu não entendo o motivo. Cuido dos negócios desde o acidente do meu pai, nunca houve ato contrário à minha gerência.

Se não fosse necessário jogar cada álcool da casa na pia da cozinha para a Rebecca não cair em alguma tentação, certamente eu estaria bebendo para distrair a mente.

- Calma Lucas, eu sei o que devemos fazer. E foi exatamente por isso que eu pedi para a Thaís nos encontrar na Ametista.

Minha mãe tentou parecer firme em suas palavras, mas eu sabia que ela estava mentindo. Ela só chamou a Thaís para me afastar da Rebecca e isso ficou claro desde o primeiro ato. No final das contas, deu certo o seu plano. Passei a tarde inteira ao lado da advogada, resolvendo questões legais de um funcionário que se feriu no garimpo. Fizemos uma visita a ele no hospital e até aquele momento estava acordado as custas que teríamos com a sua recuperação. Nesses momentos era excelente ter a Thaís por perto.

Dona Rosa sentou na cadeira do centro e pediu para eu sentar na poltrona ao lado da Thaís. Fiz sem questionar. Eu não estava por dentro dos assuntos financeiros da família como a minha mãe estava e até entendia o Conselho querer questionar a minha gestão. Mas nunca imaginei que eles marcariam uma reunião de forma tão abrupta e ameaçariam me tirar da liderança da família.

- Eles descobriram que eu não estou cuidando pessoalmente das vendas da mercadoria e do garimpo? Foi isso? - Perguntei o óbvio, apenas para a resposta ser externada.

Um Senhor Varez é um líder que gerencia os negócios da família e dá continuidade a história que escrevemos no estado de Mato Grosso.

- Foi exatamente isso. Não é comum a família fazer uma verificação nessa época do ano. Mas eles fizeram durante essa semana. - Minha mãe começou a bater os dedos na mesa, ela queria ser mais direta, mas na certa não sabia como.

- Eu devo voltar a tomar conta dos negócios então! - Afirmei, sabendo que não teria outra escolha e eu não poderia perder a liderança Varez. - O que faremos com a Rebecca?

- Podemos levá-la para uma clínica em Cuiabá. Ela estará mais bem assistida lá do que aqui. Eu disse isso desde o momento que eu soube... - Thaís começou a dizer, olhando firme para a minha mãe que concordava.

- Ela não vai para uma clínica. Eu cuido dela, não vou deixar ela ficar longe. - Disse mais alto do que eu gostaria e com mais raiva do que era permitido.

- A Thaís está certa nessa caso, filho. A Rebecca já sofreu duas recaídas que poderia ser fatal ao bebê. O melhor é ela ser colocada em um lugar apropriado. Eu também não queria isso. Queria que ela fosse cuidada aqui na fazenda, como uma forma mais humana de lidar com toda essa situação. Mas não temos escolha. Pensei em levá-la para casa de Cuiabá, mas lá ela poderia conseguir drogas com muita facilidade.

1. Curando Feridas ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora