CAPÍTULO 55

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LUCAS

As minhas maiores preocupações giravam em torno da Rebecca, do bem estar dela, da segurança dela e da bebê. E isso além de tirar o meu sono, sugava todos os meus pensamentos. Liguei para o Ezequiel e pedi para ele providenciar a cabana o mais rápido possível, mandei uma mensagem para a Thaís assessorar o termo da propriedade com o meu primo e fazê-lo assinar a entrega no nome da Rebecca.

Ela e a bebê estavam bem, eu sabia disso, confiava nas palavras dos meus amigos. Rebecca estava fazendo terapia com o Marcos, cercada de cuidados na fazenda e correndo atrás da história da Francisca, mas o detalhe que o psicólogo expôs na noite passada, que fez eu perder o sono, era o maior responsável pela ansiedade que me cercava.

Chegou a hora de encarar o meu maior fantasma. Meses atrás eu culpei a Rebecca de apresentar às drogas ao meu irmão, de tê-lo levado para esse caminho sem volta. Eu odiava isso nela e uma grande parte do meu coração era amargurado com esses pensamentos até hoje. Então era mais um detalhe que eu necessitava resolver antes de voltar para os estudos.

O ponto de partida era a casa simples que ela morava quando eu a conheci. Dirigi até o bairro populoso, tentando fazer a mesma rota para não me perder. Errei a rua algumas vezes, precisei parar e pedir informação sobre onde ficava o bar da Paula, até finalmente chegar na rua certa. Eu esperava conversar com a pessoa mais grossa que eu já conheci na vida e conseguir algumas informações sobre a Rebecca e o meu irmão, mas assim que eu desci do carro, vi que o papo iria muito além.

Sentado em uma cadeira do bar, havia um homem que me encarava curioso. Com um short rasgado, chinelo sujo e a camisa desabotoada, um cigarro preso na orelha e um copo de cerveja na mão.

- Boa tarde, eu quero falar com a Paula, o senhor a conhece? - Perguntei. O homem levantou da cadeira, retirou os óculos escuros e virou o copo de cerveja.

- O que quer com a minha mulhé?

Mantive a postura firme perante a abrupta reação do homem.

- Quero falar com ela a respeito de uma inquilina que morava aqui meses atrás, a Rebecca.

O homem largou o copo vazio na mesa e abriu um sorriso.

- Por que não falou antes? Como a Becca tá? Minha nossa, pensei que ela tinha morrido, desapareceu da noite pro dia. - O homem coçou o topo da cabeça quase sem cabelo. - Olha, se veio por causa dos móvel dela, saiba que em um momento de loucura a Paula vendeu tudo e torrou o dinheiro. Não consegui salvar nem um travesseiro.

Eu lembrava em partes o ciúmes que a mulher tinha da Rebecca com o homem na minha frente, mas não conhecia a história verdadeira por trás disso, então tentei colher alguma informação.

- Pois é, eu conheci a Paula no dia que eu busquei a Rebecca para acolhe-la na minha fazenda. A sua esposa tem muito ciúmes da menina contigo.

O homem deu uma risada histérica.

- Eu sei, não acha loucura da minha mulhé? Até parece que a Rebecca se envolveria comigo, tendo o Luan como namorado. Aqueles dois não desgrudavam, pareciam que viviam colados.

Engoli em seco e o pensamento que veio na minha mente foi: quem procura o que quer, acha também o que não quer.

- Então o senhor conheceu o meu irmão?

- Caramba, você é o irmão do Luan? - O homem arregalou os olhos. - Bom, meus pêsames aí moço.

- Obrigado. - Respondi.

- Eu conhecia sim, senta aqui, vou pegar um copo. - Eu não consegui recusar a tempo, o homem sumiu para dentro da cozinha e voltou um tempinho depois, com dois copos de vidro opacos e uma garrafa de cerveja. Ele serviu os nossos copos até transbordar o líquido gelado. - Ao Luan.

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