CAPÍTULO 31

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LUCAS

Revelar algo tão pessoal para a Rebecca, no fim foi mais fácil do que eu imaginei. Ela compreendeu a minha condição médica e foi delicada em suas palavras. Falando ainda, sobre o futuro da sua filha. Nesses momentos, eu sentia o meu coração amolecer.

Não queria colocar pressão nela para ficar com a bebê. Mas eu sentia cada parte do meu corpo querer gritar isso na direção dela. Eu sei, eu sei... a escolha era dela. E se ela não queria fazer parte da vida da filha, eu não poderia segurá-la.

- Você quer comer alguma coisa? Faz tempo que eu não faço compras, mas posso fazer um omelete, temos também bolachas. - Disse alto enquanto revisava os armários da cozinha.

- Não, obrigada. - Consegui ouvir a sua voz mais próxima, ela estava me seguindo até a cozinha.

- Ainda está tendo enjoo? - Perguntei, pegando um pacote de bolacha e despejando em uma vasilha.

- Não, parou tem alguns dias. Só não estou com fome mesmo, mas aceito água.

Servi dois copos e lhe ofereci um. Rebecca segurou o copo e me olhou por um tempo, parecia que ela queria dizer algo. Mas foi impedida, quando o telefone fixo começou a tocar.

Olhei no relógio de pulso e vi que passava da meia noite.

- Deve ser a sua mãe. Atende, para não preocupá-la. Vou esperar na sacada.

Estava inclinado a não atender. Mas não queria deixar a minha mãe preocupada. Então eu puxei o telefone do gancho e suspirei pesado

- Oi mãe.

"Filho, graças a Deus você foi para o seu apartamento, fiquei com medo de ter ido para outro lugar e eu não te achar. Estou preocupada. Você não levou nem o seu celular. Como a Rebecca está? Que crise foi essa? Eu e a Thaís estamos aqui sem entender até agora".

- Mãe, a Rebecca ouviu uma conversa da Thaís comigo, sobre o casamento e a criação da menina. - Tentei resumir, estava cansado, não queria conversar com elas.

"Ela é muito instável. Precisarei conversar com ela sobre isso. Ela disse algo mais para você? Ela ainda está se recusando a me entregar a menina?"

- Não. Para ser mais sincero, ela só não quer que a Thaís crie a criança como filha. Ela não gosta das ideias que a Thaís tem, ou algo assim.

"Resumindo, ela não gosta é da Thaís. Isso é injusto, ela nem conhece e julga dessa forma. A Thaís é uma mulher de bom coração, prioriza a família assim como você".

- A Rebecca tem os motivos dela. - Disse sendo incisivo.

"Eu acho mais prudente você pegar essa menina e voltar aqui para casa. Amanhã vocês voltarão para a Fazenda e lá terá mais pessoas. Agora, aí no seu apartamento, só há vocês dois".

- E o que tem? - Perguntei o óbvio.

"Não seja tão inocente assim Lucas. A Thaís tem razão, essa menina quer ficar só com você e está conseguindo".

- Não é nada disso, mãe. - Tentei rebater, mas ela me cortou.

"Presta atenção no que eu vou te dizer Lucas... parece que você está esquecendo completamente o que a Rebecca fez com o seu irmão. Eu sei que eu disse para deixarmos essa história de lado, para o bem dessa criança, mas não podemos esquecer completamente. A Rebecca destruiu a nossa família, não temos mais o nosso Luan por culpa dela. Agora que ele está morto, ela está tentando fazer outra vítima. Lucas, não caia na conversa dela. Você sempre acredita e confia nas palavras que essa menina diz. Ela é apenas uma criança sem nenhuma estrutura psicológica. Pense na sua vida, no que você já construiu e faça o que é certo para todos nós".

1. Curando Feridas ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora