REBECCA
- Thaís eu estou sem nenhuma paciência, então diga logo o que você veio fazer aqui! Se está procurando o Lucas, saiba que ele não está e ninguém sabe onde ele foi parar. - Disse rapidamente, sem dar tempo de respirar.
Estava nervosa e isso era visível, mas também estava com uma dor que não tinha sentido antes. Bem no pé da barriga, não parecia uma cólica, era uma dor um pouco mais aguda e eu não sabia até onde havia necessidade de falar sobre isso para alguém.
- Então ninguém aqui sabe onde o Lucas está? - Thaís perguntou, arqueando as sobrancelhas e olhando ao redor.
Carminda estava no alto da escada, segurando Maya pela mão. Inês estava bem do meu lado, talvez preparada para me segurar se caso a conversa com a víbora tomasse outro rumo. Marcos tentava tirar o terra da roupa, a camisa branca estava totalmente encardida e ele continuava resmungando sobre o atropelamento.
- Nossa, nunca pensei que o Lucas me considerasse tanto ao ponto de me contar onde ele está, mas esconder das demais. - A alfinetada foi diretamente para mim.
Abri a boca sem saber o que responder, ela acertou em cheio aquele ponto fraco. Eu não podia acreditar que o Lucas estava conversando com ela. Qual o motivo dessas conversas? Será que eles reataram o relacionamento? Será que ele mentiu para mim e ele nunca desfez o noivado? Na minha cabeça passava inúmeras possibilidades, mas eu não podia cobrar um posicionamento dele. No final das contas, eu pedi para ele se afastar. Não dei a mínima chance de uma reaproximação. Não tentei provar que eu não tinha comprado aquelas drogas, não contei a verdade sobre o meu relacionamento com o Luan e principalmente... não cuidei dele quando ele mais precisava. Ele provavelmente estava em uma fase muito aguda da depressão e a minha alternativa foi pedir para ele ir embora.
- Uai Rebecca, ficou quieta de uma hora para outra né. - Thaís estava com o ego inflado, mas eu não conseguia lutar contra os meus próprios erros.
- Deixa a menina em paz. - Marcos chamou a nossa atenção. - Rebecca, o Lucas me contou que a Thaís é a advogada dele, provavelmente ela só sabe onde ele está por esse motivo.
- Quem é o xereta? - Thaís apontou o dedo na direção do psicólogo, mas olhava para mim, talvez o ignorando.
- Não interessa quem eu sou, o que interessa aqui é o prejuízo que você me causou.
- O que? O que eu fiz? Está louco? - A advogada ficou na defensiva.
- Sonsa, você literalmente me atropelou e desceu do carro falando que a culpa era minha.
- Você praticamente se jogou na frente do meu carro. - Ela tentou argumentar.
Acho que aquela briga se estenderia até o pôr do sol, mas graças ao novo senhor Varez, isso não foi possível. João desceu as escadas apressado, quase caiu no último degrau, deixando visível a sua embriaguez.
- Inês, o que está acontecendo aqui?
Olhei para a senhora do meu lado que estava mais perdida do que nunca. Ela tentou falar, mas precisou consertar a voz estridente antes de continuar.
- Senhor Varez, a Thaís que é uma antiga... é... amiga da família, atropelou o doutor Marcos. A Rebecca que, bem... é uma amiga da mesma família assustou com o barulho e veio ajudar. Acho que é isso. - Inês dizia com uma seriedade que eu nunca vi antes.
VOCÊ ESTÁ LENDO
1. Curando Feridas ✔️
Diversos"Rebecca entrou na minha vida em uma noite de tempestade. Na primeira vez que eu a vi, eu sabia que ela me marcaria por toda a eternidade. Foi através dela que o meu irmão, o meu melhor amigo, conheceu o mundo mais sombrio e solitário que existe: as...