CAPÍTULO 64

312 74 46
                                    

REBECCA

- É um erro tudo isso. Onde foi que eu me meti? Maldita hora que eu quis ajudar alguém. - Thaís continuava se lamentando, enquanto caminhávamos pela trilha íngreme e pedregosa.

- Então porquê veio? - Perguntava Maya, que assim como eu, já estava sem paciência.

- Porque eu não deixaria vocês duas, sem miolos, dirigirem até aqui sozinhas. - A advogada afirmou, enquanto tentava se equilibrar entre as pedras com o sapato de salto alto fino.

Durante o caminho até o garimpo, fiquei em silêncio, apenas observando a paisagem e imaginando quais descobertas essa aventura me aguardava. Tantas falas da Francisca vieram na minha mente, onde ela descrevia com carinho o tempo que ela e o seu amado passaram nas cavernas da fazenda. Desde a infância, mocidade e vida adulta, brincando e se descobrindo juntos. Era como entrar dentro de um livro, do melhor livro, e viver a realidade daquela heroína.

Mas não era fácil, tão pouco era seguro. Thaís estacionou a camionete do Lucas em um canto da floresta aberta, a imensidão era impressionante. Desci do carro com cuidado e confesso que senti medo daquela paisagem.

O garimpo era como uma cratera gigantesca, onde as máquinas no fundo pareciam de brinquedo. Naquele dia, por haver uma cerimônia tão estimada na fazenda, não havia nenhum trabalhador nas redondezas.

Havia uma trilha estreita, com diversas pedras de diferentes tamanhos, adentrando a floresta em uma parte mais densa, com árvores exuberantes e de um tamanho descomunal. Era exatamente essa a descrição que Francisca expos em seu livro, sendo este o local certo para iniciar a nossa busca. Tomei a dianteira e iniciei a caminhada até a caverna.

- Eu não consigo acreditar que realmente existem cavernas nessa fazenda. Duvido muito que nunca foram exploradas por essa família que acha ouro até embaixo das suas unhas.

Em certo ponto Thaís tinha razão. Essa racionalidade não passou despercebida. Mas eu precisava acreditar que algo havia naquela caverna, que eu encontraria alguma resposta. Eu queria expor a verdade sobre a Francisca, pelo simples fato de acreditar em suas palavras. Ela amava o Antônio com todas as suas forças, nunca roubaria a pedra. Outro ponto que eu queria alcançar, era essa pedra preciosa. Ametista era a grande realizadora dos amores da família Varez.

- Imagina se a pedra ametista estiver em uma caverna. Em algum ponto que ninguém conseguiu achar. - Maya acompanhava a minha empolgação e fantasia.

- A pedra seria restituída à família Varez, e assim o amor voltaria a acontecer. Não haveria mais separações, dores ou qualquer outro motivo para os apaixonados não continuarem juntos. - Continuei, não conseguindo segurar a ansiedade.

- Vocês duas são loucas. Se a pedra estiver na caverna, significa que a tal de Francisca realmente roubou e escondeu aqui.

- Thaís, se acharmos essa pedra, pode significar inúmeros motivos. A Francisca pode ter guardado a pedra, escondido por algum motivo, e não roubado. - Tentei defender a minha heroína preferida.

- Tanto faz. Seja como for, você me prometeu a ametista. Ela também vai ser minha. - Thaís deu uma risada escandalosa, com toda certeza ela estava debochando da situação. Mas isso não me abalou, continuamos a trilha até chegar em um ponto distinto.

Thaís passou na minha frente, afastou os galhos da enorme rocha e deu dois passos para trás. Ficamos ali, paradas por um tempo, até a Maya acabar com o silêncio.

- Então a caverna é apenas uma pedra com buraco?

Sua descrição era perfeita. A caverna, cuja forma eu achei que seria majestosa, era apenas uma enorme rocha com um espaço apertado para a entrada. Respirei fundo, tentando analisar se eu caberia ali. Na certa a Maya conseguiria entrar, até mesmo a Thaís com aquela cintura quase plana, mas a minha barriguinha em formato de melancia de feira, não sei se passaria.

1. Curando Feridas ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora