Point of view of Myra Priestly
O que dizer?
Preparei tantos discursos, tantas palavras dediquei às folhas brancas daquele papel e agora, nem sei o que dizer.
Agora vejo o quão foi estúpido gastar às tintas da caneta.
Os flashes detonam minha visão, apenas tento descer a saliva pela garganta. Não é aqui que eu quero estar. Preciso fugir, quem sabe pegar rumo em sentindo ao litoral seja a resposta mais adequada.
Um bolo enorme se forma no meu peito, agora que eu quero gritar e minha alma clama isso. Levanto a cabeça mais ainda, e o destino do meu olhar é o céu.
Um raio.
Minha contagem começa lenta, e então um trovão ecoa no céu. Não precisou nem dez segundos para saber que o raio foi próximo ou é o contrário?
Fecho os olhos.
Deus está triste.
Em algumas histórias não muito longe daqui, dizem que Deus está jogando boliche. Mas no meu caso, eu penso que ele está triste com a atitude humana. Li isso em algum livro e peguei como roteiro da vida.
Sinto toques no meu braço, e quando abro os olhos noto Roy, o fiel escudeiro dela, me levando ao seu encontro.
Caminho, meus passos são lentos e calculados. Não sou mais a menina que fica atrás das portas e faz chantagem emocional com a irmã. Mas também sou a mulher que se culpa por ter ficado tanto tempo fora.
É escasso, eu sei... O tempo é precioso demais para se apegar a qualquer coisa que não seja o amor e a felicidade.
Sinto lágrimas caírem, e subo degraus de pedra até ir ao encontro delas.
Saudades já bate, e a tristeza me consome há dias. Como se fosse facas, rasgando meu coração.
Fecho os olhos e dessa vez é a iluminação do local que está prejudicando minha visão. Elas sabiam que a fotofobia era algo que tinha que viver até ficar velha, solto um sorriso e atrás dele tem tristeza.
Meus pés vão fraquejando assim que olhares caiem na minha direção. Sinto pena e logo após conforto, claro que vem decepção junto, mas isso vem por parte de Nigel que está de terno cinza e um olhar que me faz engolir a raiva que subia até a boca.
Falar o que?
Minha mãe Andrea sofreu os piores momentos de sua vida, e os dedos dele estavam ali sujando a imagem dela.
E agora ele está aqui?
Respiro fundo.
Engolindo sentimentos ruins, se eu fui capaz de chegar até aqui, não posso ficar desse jeito. Não posso temer ao inimigo.
Mommy me ensinou a ser diferente do que um dia Nigel foi para minha mãe. E eu não sou capaz de apunhala-lo, pois não sou capaz de pisar nas coisas que minha mãe me ensinou.
Minha mãe.
Fecho os olhos mais uma vez, quero correr e não ter que encarar o desconhecido. Deus, quando eu fui tão covarde?
Logo eu, que me ajoelhei ontem e disse que o perdão vinha acima de qualquer coisa. E agora estou aqui, querendo fugir no primeiro carro de um desconhecido.
Respiro fundo.
Outro trovão.
Subir de elevador ou descer de escorregador? - Merda. Por que estou pensando isso?
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Dez Invernos (Mirandy - Intersexual)
RomanceNo dia que Andrea Sachs ia contar para sua chefe e amante um novidade que ia mudar às vidas delas, Andrea foi vitima de uma armação. O dia que era para ser feliz, foi marcado por mágoas e o início de um doloroso inverno no coração de Andy. Será que...