Borboleta Branca

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O avião chegava ao aeroporto de Paris-Charles de Gaulle, o piloto começa a checar o pré-pouso, colocando o trem de pouso baixado e travado. Após a liberação de sua aterrissagem, aquele avião destinado a Paris vai indo de encontro ao solo, o piloto começa a diminuir a velocidade com um pequeno solavanco final, o avião vai sendo levado até o desambarque.

Passando por uma grande janela de vidro que não conseguia se enxergar nada do lado de fora, só que se aproximado mais e mais, ali é a sala de embarque.

Pessoas sentadas, esperando seu vôo para Nova Iorque, algumas acompanhadas, outras com seus fones de ouvidos e tinhas aquelas lendo seus livros.

Passeando por às fileiras, três pessoas sentadas de frente para o vidro. E apenas uma delas, levantou seu olhar lentamente e fixou seu castanho naquele avião que está indo ao seu lugar. Então, seu olhar triste desce para o livro em seu colo, uma foto de Miranda na parte de cima e outra de Andrea logo embaixo e no meio, escrito Dez Invernos.

Sem olhar entregou o livro para a pessoa ao lado, às mãos já marcadas pelo tempo o pegou então, como sempre foi e vai ser até o final dos dias, o olhar de Andrea se encontrou com Miranda, que ofereceu um sorriso. Sentiu uma mão em forma de carinho a tocando e seu olhar foi transferido ao outro lado. Douglas, tinha o mesmo sorriso cúmplice, de que está ali para o que der e vier.

Beijou a mão do seu amigo e depois virou para Miranda, devolvendo o sorriso da mais velha. Andrea olhou para o vidro, notou que um avião decolava então ela se levantou, respirou fundo e sem falar nada foi em direção ao local.

Lembranças a invadiam, de todos os momentos que teve ao lado de Esperanza e da amizade verdadeira, única coisa que podia oferecer mas ela queria mais, Esperanza ficou com a metade da partilha e essa lembrança veio infernizando Andrea. Quando o único sonho de Esperanza era ser escritora e Andrea esteve lá, aplaudindo ela de pé. Ou, quando Esperanza pediu para contar a história de Andrea e mesmo discutindo com Miranda a noite toda por causa disso, a ex editora acabou concordando com o pedido.

Ouviu o salto mais que conhecido se aproximar dela, não olhou para trás, apenas abraçou com força seu corpo. Poucos segundos foram o suficiente para sentir a respiração de Miranda no seu pescoço.

- Você estava lá, Christine também estava. - Andrea respirou fundo. - Não foi desse jeito.

- Primeiro, dentro da mansão, Andrea. - A morena sorriu. - Não ia dar nem dois segundos, os vizinhos chamariam a polícia.

- Coração, nossa vida é uma farsa. - Miranda gargalhou. - O que foi verdade nessa história? - Andrea virou para a esposa, colocou seus braços em volta do pescoço de Miranda, a mesma desceu com sua mão para cintura de Andrea.

- Da minha parte, deixa eu ver. - Fingiu pensar, levou um tapa no ombro. - Ai, meu bem...

- Não posso perder o costume.

- Esse seu costume foi verdade... mas muita coisa não aconteceu, Andrea. - Miranda levou uma mecha de cabelo para trás da orelha.

- A lista, por que não me contou? - A mais velha respirou fundo. - Porque eu não acreditaria em você.

- Isso... mas precisamos sentar e conversar... muito... e tem coisas que está em Dez Invernos que eu tenho Douglas e Christine como testemunha. - Andrea levou seu olhar para o amigo que estava sentado.

- Precisamos conversar e cada palavra que tiver naquele livro que for mentira, quero saber. - Miranda confirmou.

- Você esfaqueou um homem. - Miranda gargalhou mais uma vez.

Dez Invernos (Mirandy - Intersexual)Onde histórias criam vida. Descubra agora