Point of view of Andrea SachsChorar baixinho na sua cama e pedindo a quem estivesse me ouvindo que a minha filha acordasse. Ter a certeza que a batalha não está perdida, que não vão tirar ela de mim.
Senti seus dedos se mexerem como uma resposta de Deus para minhas lágrimas: Sua filha está acordando, tome-a de volta e leve-a daqui.
Levantei meu olhar para Cassidy e ela estava de olhos abertos fixos no teto. Abri minha boca em um perfeito "O", momentos que a gente nunca esquece. Tocadas em uma sintonia perfeita, junto ao piano do hospital que era tocado por um médico toda a sexta feira a noite.
Aquela piano era tocado cada vez que um paciente morria, cada vez que deixava esse mundo, o médico se dedicava a dedilhar aquele teclado.
Uma esperança.
Uma morte.
Achei naquele noite que seria a Cassy, roguei a todos os santos que não fosse. Pode parecer egoismo da minha parte ou que seja mas quando o hospital ouviu o piano, sabiamos que alguma familia iria chorar a noite.
E eu achei que seria eu, Caroline, Douglas e Esperanza.
Minha família.
Então, no tom alto da música como se fosse a partida de alguém, Cassidy moveu seus dedos e abriu seus olhos. Percebi que a música também servia para boas vindas e não só partidas, ela era tocada em renascimento e a minha filha nasceu de novo ao som daquele piano.
- Cassidy? Minha filha. - Me encostei nela. - Obrigado. Obrigado.
Obrigado, Deus.
Obrigado, vida.
Corri em direção a sala da enfermaria e gritei:
- Minha filha acordou. Cassidy acordou.
Às enfermeiras estavam paradas, umas olhando para às outras esperando o chamado mas não essa frase, elas esperavam que eu gritasse que o monitor parou, enloqueceu e Cassidy partiu.
O piano avisava isso.
Uma delas levantou o mais rápido que pode e correu em direção ao quarto. Ela sorriu, assim que viu a imensidão azul da minha filha.
- Um milagre. - Sussurrei.
Ela estava fardada ao óbito mas estava ali, minha filha viveu de novo.
- Parabéns, mãe. - A enfermeira com os olhos cobertos pelas lágrimas me disse.
Elas viram o tanto que eu sofri e penei naquele hospital, viram minha luta diária em 30 dias. Já me conheciam e sabiam a guerra que foi todos aqueles dias, rezavam junto e me acalentavam dizendo que ia ficar tudo bem. Tinha que ter fé.
Eu agradeço imensamente aquele hospital, aquelas enfermeiras por cuidarem tão bem da minha menina.
- Onde... eu...estou? - Disse Cassidy pausadamente com seus olhos na enfermeira.
- No hospital, minha flor. Sua mamãe vai contar tudo que aconteceu com você. - Passou a mão na cabeleira ruiva da minha pequena. - Bem vinda de volta, Cassidy.
Eu me aproximei dela.
- Oi, meu amor.
- Cadê minha mãe? - Indagou com seu olhar entre mim e a enfermeira.
Outra luta, outra batalha.
O médico avisou que possívelmente isso ia acontecer. A enfermeira apenas me olhou e disse:
- Paciência. Você chegou até aqui, vai muito mais além. - Confirmei.
- Eu sou sua mãe.
- Não... eu quero minha mãe. -Engoli em seco.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Dez Invernos (Mirandy - Intersexual)
RomanceNo dia que Andrea Sachs ia contar para sua chefe e amante um novidade que ia mudar às vidas delas, Andrea foi vitima de uma armação. O dia que era para ser feliz, foi marcado por mágoas e o início de um doloroso inverno no coração de Andy. Será que...