Por onde começar?Não sei, estou a três dias tentando escrever esse capítulo e não consigo. Confesso que esse é um dos piores que já fiz, meu coração não aguenta e perco às palavras. Elas somem.
Minha consciência pesa de uma forma que passei a noite passada acordada, me lembrando das palavras dela. De todas às pessoas que tenho que ficar de frente, Miranda, Andrea, Caroline e até meu filho. Essa foi a pior, e eu não sabia. Achava que ia ser mais uma conversa normal sobre o livro mas não, foi lágrimas e lágrimas. Não foi falsa e muito menos digna do Oscar porque experimentei de perto, o sabor da perda. Eu vi com meus olhos um sorriso triste e uma frase, eu não quero participar disso.
Respeitei.
Sai da minha casa em direção a Nova Jersey, onde com seus 70 e poucos anos, vive Mary. Dentro do carro fiz uma pergunta a mim mesma.
Como falar da perda, morte e saudades?
Dentro desses anos todos, nunca sentei com Mary para falar sobre isso e agora para subir na vida, de status. Fui ao seu encontro, subi os degraus da sua casa com a história pronta, teria um grande capítulo pela frente. Pois todos veriam uma Augustine contada de um modo diferente, uma Augustine romântica mas ainda com suas frases e peripécias.
O rumo mudou quando Mary respirou fundo assim que me viu, como se fosse um obstáculo que mais cedo ou mais tarde ela teria que enfrentar. Essa respiração funda dela, é medo em mim, pois sei que meu obstáculo mora em Paris e quando souber dessa história, vai vir com toda força que tem.
Mas esse não é o ponto.
Esse não é assunto.
A parte de Mary era simples, um começo, um meio e o fim. Eu precisava saber como se conheceram, eu precisava saber como se apaixonaram e eu precisava saber o que ela sentiu quando o caixão desceu.
Três perguntas fáceis.
Eu estava preparada para isso mas não sabemos nunca como o outro vai estar.
De todas às coisas erradas que fiz e que ainda sigo fazendo, tive que enfrentar a consequência de uma.
Eu entrei na sua casa, coloquei meus pés na sala e pude ver dois porta retratos que estavam na estante. No primeiro, Augustine abraçava Mary por trás, como se fosse proteger de todo o mal que o mundo oferecia. Seus sorrisos iluminando.
Meu coração dói só de lembrar.
Eu fiz.
Eu fiz.
No outro porta retratos, está Augustine, Mary e um cachorro lindo. Uma família, uma pequena família que destrui.
Ódio.
Raiva.
Rancor.
De ter sido abandonada no altar por Andrea, quando ela viu Miranda na porta da igreja. Seu olhar voltou para mim, eu não esperava ou esperava, pois sei que o amor delas é mais forte que qualquer coisa ruim que possa acontecer. Então, quando o padre perguntou, seu olhar de novo encontrou Miranda e eu soube, se não fosse nessa vida em outra elas ficariam juntas, são almas que se pertecem.
Assim como Mary e Augustine, são almas destinadas a se encontrar, nessa vida a maldade humana às separou, a minha maldade de não aceitar que Andrea não é pra mim. Por que? Pelo dinheiro ou coisas que a mesma possuí.
Inveja.
Sempre tive das coisas boas que ela tem, da mulher que colocou o mundo aos seus pés, amigos e pessoas queridas próxima.
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Dez Invernos (Mirandy - Intersexual)
RomanceNo dia que Andrea Sachs ia contar para sua chefe e amante um novidade que ia mudar às vidas delas, Andrea foi vitima de uma armação. O dia que era para ser feliz, foi marcado por mágoas e o início de um doloroso inverno no coração de Andy. Será que...