Dez Invernos (Mirandy - Intersexual)

Consciência, Espírito e Alma

Os tambores começavam a tocar.

A cada passo dado, a cada aproximação da câmera, os tambores estavam mais rápidos.

Às ruas lotadas.

Trânsito terrível.

E uma Elias Clark diferente.

O toque mais rápido foi com para a janela de vidro do último andar, o sorriso de Christine dava continuação a uma cena aguardada.

Mas nada do que foi escrito em Dez Invernos, se compara a reação de Esperanza na porta. Assustada, parecia que via uma assombração a sua frente, o medo que ela sentia, não era maior do que a raiva de ter saído de sua casa.

Miranda poderia está com seu coração acelerado, frente a frente com a assassina de sua mãe. Ela sorriu irônica e logo desceu seu olhar para o chão, lembranças que foi naquela sala que recebeu uma das piores notícias de sua vida.

Sua respiração ficou um pouco desregulada quando subiu o olhar e encontrou o de Esperanza.

Então, a dor veio como nunca a tomando como todas às noites que passou em claro, sem o perdão da mãe. Seus olhos encheu de lágrimas mas não perdeu a pose de durona. Se levantou da cadeira, e fez sinal para Esperanza sentar a sua frente.

Ela não queria.

Seu corpo não correspondia às suas ordens nem se quisesse sair dali correndo.

Caroline estava passando mal, seu coração estava quebrado, ela não podia demonstrar. Fraquejou em silêncio algumas vezes.

Augustine.

Augustine.

Augustine.

Caroline tomou coragem e pegou Dez Invernos na mão, seus olhos encheram de lágrimas. Miranda deu passagem a filha, sabia da dor. Pois foi Caroline que esteve ao seu lado nos últimos suspiros.

Amber com toda sua delicadeza, apareceu e empurrou a escritora com leveza até a sala.

Esperanza ficou sem ação, ela não falava. Ela temia por sua vida. Pobre Esperanza.

Amber sorriu para Miranda, confirmando. Ela não tinha certeza se algum dia ia poder fazer a filha da ex editora da Runway feliz mas o que tivesse ao seu alcance para alegra-la ou conviver com seus medos e temores, da maneira certa. Sem mais lágrimas, ela ia fazer.

Pois Caroline merece.

Aquela jovem editora merece.

Amber fechou às portas da sala, deixando para elas.

Christine foi até a mesinha das bebidas e serviu uma dose certa de Whisky. Aquela mulher fez sua amiga cair numa depressão profunda, e era ali o final ou não. Faltava gente, muita gente.

Miranda a encarou, sua imensidão azul, encontraram com os olhos mortos e frios da mulher a sua frente.

- Feliz em me ver? - Indagou Miranda.

Esperanza não disse nada, seu silêncio já era resposta o suficiente.

Caroline abriu Dez Invernos na página que estava temendo, e respirou fundo.

- O nome desse capítulo é "Quando Deus levou seu anjo." - Miranda fechou os olhos e uma lágrima caiu. - Ele é contado por a pessoa que você queria matar.

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... Quando Deus levou seu anjo era uma linda tarde, posso contar assim, estava tudo lindo. Era nosso aniversário de dez anos, brincávamos e sorriamos. Felizes como todas às crianças deveriam estar num aniversário.