Sobrevivendo no inferno

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Point of view of Miranda Priestly

Desci do carro com meus saltos fazendo barulho no asfalto, dei a volta no mesmo e parei na porta de Augustine que também estava descendo com ajuda de Roy. Augustine estava fazendo uso de órteses que auxiliam na estabilização e proteção do pé.

Ela segurou em uma das minhas mãos para poder se levantar, eu estava com a minha bolsa e mais uma sacola de remédios para dor, que Andrea pediu para Roy parar em alguma farmácia para deixar comprado, coisa que eu disse que não era preciso, tinha assistente que poderia fazer isso. A resposta veio num tom atrevido e baixo "Eu sou sua assistente então vamos comprar os remédios ". Poderia ter dado uma resposta mas a senhora Augustine apertou a minha perna em sinal para eu ficar quieta. Coisa que automaticamente revirei os olhos.

O outro braço de Augustine se apoiou no meu motorista que ajudou a entrar em casa.

- Roy, pode me deixar aqui na sala mesmo.

- Nem pensar, meu anjo. A senhora vai subir e colocar o pé para cima e ficar de molho por... - Fingi pensar enquanto pendurava o casaco e deixava a bolsa em cima da mesinha de entrada - Ah sim, quatro semanas.

- Nem vem, Miranda. Já não basta todos esses dias, deixa eu um pouco aqui curtindo o sofá. - Revirei os olhos.

- Então, está tudo certo. Melhoras, Dona Augustine. - Roy se despediu da mais velha.

- Obrigado, querido! - A mesma se despediu do homem que também me desejou boa noite e só respondi com um leve aceno de cabeça.

Peguei umas almofadas e coloquei em baixo do pé dela para deixar mais elevado. E sentei ao seu lado, tirando meus sapatos e colocando do lado do sofá.

- Está doendo? - Perguntei para ela.

- Só está dando umas fincadas mas se comparando a dor que eu estava, estou ótima. - Sorri.

Augustine teve entorse grau II. A recomendação do médico foi gelo, repouso com o pé para cima, não fazer força e o mais importante fisioterapia.

Mary nossa cozinheira veio de encontro a sala, estava preocupada. Parece que Roy tinha avisado o que aconteceu com a governanta.

Mary é mais uma das pessoas que idolatram Augustine, mesmo sendo alguns anos mais nova que a minha governanta e amiga, ela tem um carinho enorme por aquele anjo.

Respirei fundo e meu olhar foi para o chão, fiquei alheia a conversa das duas quando meus pensamentos foi para aquela garota tola.

Flashback On

- Seus olhos são lindos, azul como o mar e intenso como o céu. - Andrea disse com a maior naturalidade.

Familiar de Augustine Coleman.

Eu fui chamada pelo enfermeiro para avisar que Augustine já tinha saido da sala de exames. Mas meus olhos azuis intenso - como ela disse - não conseguia sair daquele castanho - claro.

Ela pensava isso dos meus olhos?

Nossos olhares duraram segundos, que foram para minutos. Até o enfermeiro chamar novamente, e eu quebrar aquela conexão. E como se não tivesse ouvido nada, me levantei e deixei uma Andrea pensativa ou até mesmo arrependida de suas palavras.

Flashback Off

- Hmmm, posso saber por que está toda sorridente? - Augustine tirou dos meus desvaneios, agora só estavamos nós duas na sala.

- Quem está sorridente? - Indaguei ela me fazendo de desentendida.

- Você... que está cheia de sorrisinho aí.

Dez Invernos (Mirandy - Intersexual)Onde histórias criam vida. Descubra agora