Liberdade

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- Não se preocupe, Christine. - Andrea se afastou dos meus braços. - Ninguém vai fazer nada contra Miranda.

- Que bom. - A ruiva confirmou.

- Só acho que não tem necessidade dela estar aqui.

É isso não é, quando uma pessoa faz de tudo por nós e na primeira oportunidade causamos uma dor violenta nela. Quebramos o coração e deixamos lá a mercer da sorte.

Foi o que pensei, fazer a cabeça da Andrea contra Miranda era a única escolha, ninguém imaginava que a editora estaria ali, pagando hospital e doando sangue. Sendo uma mãe ou alguém que se importa.

- Tem necessidade e você sabe disso. - Senti a aproximação de Christine. - Não seja alguém que não é, Andrea.

- Não entendi. - A minha amiga franziu a sobrancelha.

- Abra os olhos para às pessoas que você estende a mão, geralmente elas estão com um punhal para te ferir na primeira oportunidade. - Os olhos de Christine demonstravam toda sua raiva, naquele momento eu percebi, que para chegar na Miranda eu teria que passar por Christine.

E eu tirei suas palavras porque o punhal Andrea estava segurando para ferir Miranda assim que desse, no primeiro momento. Mas Christine se referiu a mim.

- A única pessoa que eu estendi a mão foi Miranda e o que ela fez? - Indagou Andrea se aproximando da ruiva.

- Me responde você, Andrea. O que ela fez? - Às palavras cuspidas de Christine fez minha amiga ficar sem palavras, não tinha o que dizer e nem do que se recordar de algo que Miranda tenha feito. Ou tem.

- Ela me colocou na lista negra. - Christine respirou fundo e confirmou.

- Eu vou deixar você cair lentamente, Andrea. E não no sentindo de viver de migalhas, como esses últimos anos tem te proporcionado mas em relação às pessoas que esses mesmos anos te deram. - Christine deu alguns passos para trás. - Você vai vir correndo atrás de mim e vai me perguntar de Miranda, vai perguntar onde ela está. E eu só vou dizer que ela foi viver a vida dela. - Andrea respirou fundo e depois sorriu.

- Por que acha que vou fazer isso?

- Porque você vai cair em si. E vai correr atrás de mim. - Olhei para ela, queria acabar com aquela conversa.

- Atrás de você? - Indaguei. - Ela não vai atrás de você. - Christine levantou a sobrancelha e confirmou.

- Vai. Eu sou a única que sabe de cor e salteado sobre a vida de Miranda, eu que estou segurando a barra enquanto você. - Apontou para Andrea. - Está fazendo algo que... - Parou e pensou nas próximas palavras. -...me deram uma imagem sua, muito diferente dessa aqui. Correr Miranda do hospital e mandar ela pra casa do caralho, seria o certo mas se tivesse motivo. E você não tem.

Em pequenas frases e parágrafos, Christine já tinha dado todo o caso para Andrea, só que a morena não queria enxergar. E eu não queria que ela fizesse isso.

Eu prometi que ia conquistar, Andrea. Mesmo sabendo que algo poderia sair errado porque estava me metendo no meio de um grande amor, eu ia destruir esse amor. Mas prometi que ia até o fim.

Falando em amor, nunca acreditei que em anos, ele ainda estivesse vivo. Achei que nem existia mais, que cheiro e o jeito de falar, até o toque. Não fazia mais sentido na vida de Andrea, ela não estremecia quando Miranda se aproximava. Só que eu me enganei porque não sabemos nada dos sentimentos dos outros.

Gosto de repetir isso, pois foi ali que eu me ferrei porque eu não sabia que a cada aproximação, o coração de Andrea acelerava e que a voz da sua cabeça se alegrava dizendo que foi ela que tinha dado duas filhas a Miranda.

Dez Invernos (Mirandy - Intersexual)Onde histórias criam vida. Descubra agora