Duas pequenas partes de Augustine

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     Point of view of Andrea Sachs

- Vou falar com ela. - Miranda disse se levantando, minha mão foi em direção a sua, a privando de fazer tal ato.

- O melhor seria deixar Augustine sozinha um pouco. - Respirei fundo com seus olhos em cima de mim, como eu poderia estar calma depois do que eu ouvi?

Não sabia se Miranda tinha chegado a conclusão de algo ou seus pensamentos estavam confusos, assim como os meus. Mas o certo seria cada um pensar em alguma atitude a se tomar antes de conversar com a mais velha.

- Deve haver uma explicação e eu não posso esperar para saber qual é.

- Coração... - Tentei mais uma vez.

- Andrea tem razão, Miranda. - Disse Nigel fazendo notar a presença dos homens ali. - Augustine, precisa de um tempo para ela.

- Eu não sabia dessa história. - Doug falou ainda surpreso.

- Bem vindo ao clube. - Sussurrei olhando para a escada.

O domingo tinha acabado ali, não ter Augustine por perto e ver ela triste ao mesmo tempo, nos deixou para baixo.

Miranda foi para o seu escritório sem ao menos se despedir de Nigel e Doug, depois que eles se foram fui para a cozinha.

Fiz um chá para Augustine coloquei em uma bandeija junto com algumas torradinhas e fui em direção ao seu quarto.

Meu coração se despedaçou assim que vi ela toda encolhida na cama, seu choro silencioso mas perceptível pelo seu corpo.

A passos lentos coloquei a bandeija no recamier e voltei para fechar a porta. Paralisada ainda sem saber o que fazer naquela situação, decidi me aproximar e deitar ao seu lado na cama. Augustine não parou e muito menos se moveu, deveria saber quem estava ali. Minha mão foi de encontro a ela, fazendo um carinho leve no seu braço.

Segundos viraram minutos e Augustine foi se acalmando, ela virou o rosto na minha direção. Seu cabelo branco caia por sua face, subi meus dedos naquelas mechas que tiravam minha visão de suas rugas vindas de anos de experiência.

Augustine respirou fundo, foi abrindo os olhos aos poucos, os mesmos que estavam vermelhos. Desci meus dedos por suas bochechas e as toquei, fazendo um leve carinho. Ela levou sua mão por cima da minha, pegando e dando um beijo estalado.

- Você...alguma vez se perguntou porque eu a trouxe pra cá? - Não falei nada, dando passagem para a mesma continuar. - No primeiro ano, foi tudo uma maravilha. Ele me bajulava e as meninas também.....elas tinham um aninho, estavam aprendendo a caminhar então imagina uma dor de cabeça e duplica. - Ela sorriu triste com a lembrança. -...Uma deu os primeiros passinhos.. e a outra via queria fazer igual. Os dentinhos, os choros.. ele acompanhou tudo...

- Joseph? - Indaguei a interrompendo, ela negou com a cabeça.

- Michael... o nome do meu segundo marido..a sociedade falava tanto de uma mãe viúva. Algumas pessoas....tinham pena de mim. - Augustine olhou no fundo dos meus olhos, reconhecendo minha alma. - Um dia, Michael não conseguia ouvir o choro de uma das gêmeas e discutimos feio...ele acabou me batendo. - Às lágrimas começaram a descer, fazendo a fechar os olhos. Eu coloquei a mão na boca em forma de surpresa, os soluços do seu choro, começaram a ficar alto então puxei seu corpo de encontro ao meu, abraçando.

- Shiii, fique calma.- Comecei a ser levada por sua dor, como se fosse minha. Meu choro se fez presente.

Meu anjo estava destruído.

Augustine foi se acalmando, seu rosto vermelho deixou meu pescoço, com meu polegar limpei a lágrima que insistia em cair.

- Foi só uma vez? - Ela negou.

Dez Invernos (Mirandy - Intersexual)Onde histórias criam vida. Descubra agora