Point of view of Cassidy Sachs Priestly
Sentada aqui na areia, o mar está bravo e um vento gostoso, aqueles de primavera. O céu está azul, meus pensamentos estão flutuando em uma só pessoa, minha avó.
Vim esses dias para a casa da tia Esperanza porque ela queria que eu participasse da biografia de minha mãe, só que nesse exato momento minha tia está na sala e eu vim correndo para cá, a angústia tomou conta de mim.
Motivo: Vó Augustine.
São poucos momentos para se lembrar mas é aqueles que me deixam sem chão, sem palavras e não conseguindo me expressar direito.
Olhando para o céu azul, queria que ela iluminasse minhas palavras e que eu conseguisse expressar todo o meu amor por ela.
- Cassidy. - O marido da minha tia me chamou, olhei para trás e ele estava com um sorriso enorme no rosto. - Querida, sua tia está te chamando. - Confirmei.
A luz que Dona Augustine carregava, iluminava a todos, sua essência e a vontade de fazer o outro sorrir que ela tinha. Essa mesma luz que ela carregava, ilumina nossos dias hoje e meus caminhos por onde quer que eu ande.
Respirei fundo e vamos encontrar o passado novamente.
Naquele dia que a mais velha apareceu lá em casa e veio a verdade, que tinhamos outra mãe e ela era a nossa avó. Confesso, que no início de tudo, eu fiquei chateada com a mãe Andrea. Um segredo desses por dez anos guardado, na hora queria entender o por que de esconder isso? Algo tão grande.
Mas quem somos nós para julgar o outro e falar que no lugar dele faríamos diferente, não somos ninguém. Crianças na idade que nós tínhamos, queria mais era conhecer o outro lado e ver a vida de um modo que naquela época não poderíamos ver.
Na mesma época, minha doença começou a piorar e eu, bom, não queria contar para minha mãe o que estava acontecendo e às dores que já começava a sentir.
A nossa avó, naquela tarde, fizemos café, conversamos e rimos muito. Ela queria muito saber de todas às coisas que fazíamos e gostavamos. Cores, frutas, sonhos e muito mais que em uma tarde não dava para colocar tudo em dia.
- A Cassidy tem Lúpus. - Minha mãe falou para a mais velha.
- Já ouvi falar dessa doença. - Augustine falou e eu apenas confirmei sem graça.
Não gostava de tocar nesse assunto, aliás não gosto até hoje. Às pessoas não precisam saber, eu luto uma guerra e eu não gosto quando elas sabem que eu perdi a batalha para essa doença.
E naquela época, estava perdendo uma batalha.
- A quanto tempo você tem? - Olhei para ela.
- Pouco tempo.
- Entendi. - Ela sorriu lindamente para mim. - E o que você gosta de fazer, Cassidy?
Eu não acredito, eu ainda não acredito. Que ela foi tirada de nós, minha avó não me deu a chance de falar qual matéria gostava da escola, ela foi para nunca mais voltar.
Por que pessoas boas tem que ir embora? Enquanto às ruins estão ai fazendo coisas ruins.
Não me conformo.
Fui uma vez ao seu túmulo junto a mommy mas depois daquele dia, decidi que era um momento só dela e da vovó. Mommy chegava ao túmulo, tirava às flores mortas e colocava um vasinho lindo, com um arranjo mais lindo ainda de flores. Enquanto fazia essa troca, falava todas às coisas que aconteceram nos seus dias, tudo. Me lembro quando fui, ela olhou para a foto deles e disse: mãe, eu trouxe uma de suas netas. Cassidy, venha aqui dar oi pra sua avó. E antes de sair do cemitério, ela beijou o túmulo e disse: me perdoe, mãe. Eu te amo muito, até o mês que vem.
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Dez Invernos (Mirandy - Intersexual)
RomanceNo dia que Andrea Sachs ia contar para sua chefe e amante um novidade que ia mudar às vidas delas, Andrea foi vitima de uma armação. O dia que era para ser feliz, foi marcado por mágoas e o início de um doloroso inverno no coração de Andy. Será que...