Às luzes da sirene naquela casa rosa, a faixa amarela proibindo a passagem e um corpo no chão, a mão do médico legista fechava com cautela os olhos daquela mulher que morreu defendendo uma criança.No quarto de sua mãe, Caroline segurava o urso que um dia Maria deu de presente para ela. Balançando os pés, levantou seu olhar para Andrea, que olhava o breu da madrugada. Às lágrimas rolava por suas bochechas então como o costume de uma Priestly, de ter seus olhares conectados, virou o rosto lentamente para trás e sorriu triste para Caroline.
Andrea na janela com seu silêncio e dor mais profunda enquanto do lado de fora, policiais caminhavam no pátio da casa em busca de algo. As sirenes mostravam que ali houve uma crueldade humana.
As ruas enfeitadas, o natal se aproximava e esse seria um dos mais dolorosos que já passaram pelo Texas.
Na janela da fazenda, Zeca dava um copo de whisky para Augustine. Aquela cidade já estava sabendo e o velho amigo sabia a dor que Augustine carregava então ele virou de costas para a mulher e foi em direção a sua antiga vitrola e pegou um dos seus discos em especial. Deixou de lado seu copo e colocou para tocar a música da despedida, seja ela pra quem for, se conhecemos ou não. Todos sabiam que aquela mulher defendeu uma criança, ela merecia a entrada mais digna no céu.
Ave Maria começou a tocar.
Zeca pegou seu copo, caminhou até o sofá e olhou uma última vez para Augustine. A mais velha continuava na janela então ele sentou no sofá e fechou os olhos. Ele movimentava o líquido do seu copo lentamente.
O salto de Miranda fazia pouco barulho no corredor do hospital, seu corpo estava sendo levado para o quarto de sua filha. Ia conhecer sua filha assim, em uma cama de hospital. Andrea não sabia, pediu para uma pessoa que achava ser sua amiga ficar de olho em Miranda, caso a mesma se aproximasse de Cassidy. Não era para deixar. Mas os amigos estão ai para ajudar mesmo que não precisamos, Christine com toda sua força estava me segurando do lado de fora.
- Se mexe para você ver o que eu faço contigo. - Disse Christine.
- Eu vou chamar a polícia.
- Ai Esperanza, cala a boca antes que perca todos os dentes da frente. - Disse ela pegando um cigarro e me olhando.
- Nos conhecemos não faz nem duas horas e você já quer tirar os meus dentes da frente? - Falei revirando os olhos.
- Meu santo não bateu com o seu desde que entrou no hospital abraçando Andrea. - Ela parou na minha frente. - E sabe o que é estranho? - Neguei. - Não caiu uma lágrima dos seus olhos ao saber da babá. - Sorri.
Os dedos de Miranda encontraram a mão da filha, ela respirou pesado e sentiu a culpa atravessar o seu corpo. Caiu de joelhos, ainda segurando a mão de Cassidy. Às lágrimas vieram pesadas junto a dor, a culpa e a culpa.
O quarto ficou silencioso, Miranda não tinha palavras, ali segurando a mão de sua filha, orando baixinho para quem fosse ouvir: Cassidy precisava acordar para ouvir sua outra mãe pedindo perdão.
Zeca ainda continuava balançando lentamente sua bebida e ave maria tocando ao fundo.
Mary estava na janela da mansão, seu coração apertado. Algo estava acontecendo e ela estava com medo de saber o que era. Apenas afagava a mão no peito, afim de passar aquela dor. O que estava sentindo, era com Augustine sabia que sua amada, estava sofrendo ao lembrar do passado.
Com uma mão, Zeca guiou a música.
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- ...Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá. - A voz do padre ecoava entre lágrimas e desespero. - E todo aquele que vive, e crê em mim, nunca morrerá. Crês tu isto? - Os guarda chuva ofuscava o preto. Caroline com seu vestido preto e o cabelo com uma trança, como Maria fazia nela. Segurando uma flor vermelha e nos seus lábios um bico torto.
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Dez Invernos (Mirandy - Intersexual)
RomanceNo dia que Andrea Sachs ia contar para sua chefe e amante um novidade que ia mudar às vidas delas, Andrea foi vitima de uma armação. O dia que era para ser feliz, foi marcado por mágoas e o início de um doloroso inverno no coração de Andy. Será que...