Dez Invernos (Mirandy - Intersexual)

Happy Valentine's Day (Parte I)

Aquela tarde, a revista estava agitada com pessoas correndo para todos lados, fazendo o possivel e o impossível para estar tudo de acordo com que a chefe mandava.

A edição de fevereiro, tinha que estar perfeita aos olhos de Miranda, até por que ia ser lançada no dia dos namorados e a Ruwnay ia dar uma festa nesse dia.

Na sua sala, Miranda olhava alguns e-mail. Por um momento seus olhos fixaram em um ponto qualquer do computador, e seus pensamentos foram levados até uma certa morena que vem lhe tirando atenção.

O rosto de Andrea logo se fez presente, quando velou seu sono ontem e no quanto ficou encantada com aquele beicinho feito pelos lábios carnudos de sua assistente, mal sabia Miranda que aquele feito seria só seu por um tempo.

Sorrindo, Miranda levantou e foi até a mesa de bebidas, se servindo de uma dose generosa de Whisky.

Pela grande janela, observou uma Nova Iorque branca com seus habitantes apressados, cada um com seu jeito. Uns sorrindo, outros mais sérios. Nunca sabendo o que aquela pessoa ali apressada está passando, se é solteira ou casada. Filhos ou não. Será que ela tem alguém esperando em casa? Pode ser um gatinho ou cachorro. Chegar em casa e ter amor, ter paz e sorrisos. Miranda não se achava digna de tal coisa.

Quando encontrou Andrea desmaiada naquele beco, teve um sentimento de proteção. Uma coisa que talvez, ninguém entenda é que em quase dois meses ela tenha criado esse sentimento. Miranda não tinha certeza, Nigel falaria para ela que lésbica se apaixona rápido. Mas não tem amor, tem proteção. Isso não teve com Valerie, e esse ponto intrigava Miranda.

Dessa vez, não estou pensando com a cabeça de baixo.

Outro ponto que Miranda não estava entendendo naquele momento é que o amor nasce de pequenos sentimentos ou até pequenos gestos. Ou, talvez ele já tenha nascido em outras vidas. Essa história é um tanto complicada para alguns minutos de pensamento na janela, tem que ser aos pouquinhos, palavras por palavras, olhares e sorrisos. E isso elas tinham.

Só que o amor também machuca, meus amigos. E Miranda sabia machucar.

- Essa revista tá um verdadeiro caos. - Disse Nigel entrando na sua sala. Miranda olhou para trás, deu um meio sorriso para o diretor. - Trouxe a capa da revista para você. - Miranda mexeu o copo com seu Whisky depois sorveu todo o líquido, fazendo um barulhinho com a boca. - Estava com sede, hein?!

- Também, você sabe que a bebida me acalma. - Disse Miranda deixando o copo de lado e pegando a capa das mãos do amigo.

- Eu estou com dor de cabeça. - O diretor começou a fazer uma massagem leve na sua fonte. - É festa, é revista...

- Ficou perfeita ... - Disse Miranda se referindo a capa que trazia Ellen Degeneres e Portia de Rossi com a nova coleção de Primaveira da Versace. -.. viu que a roupa preta ficou melhor na capa que a branca. - Miranda colocou a mão no rosto.

- A cara da Jacqueline quando ver essa revista, vai ser digna de tomarmos champagne.

- Temos que colocar a melhor marca então. - Miranda disse olhando por cima do óculos para o amigo que sorriu.

- E a Andrea? Não tivemos tempo ainda de conversar.

- Ela teve alta. - Miranda começou arrumar os papéis que estavam em cima da sua mesa. - O médico deu algumas recomendações. - Voltou seu olhar para o diretor. - E você conhece Augustine? Certo?

- Não me diz que Andrea está na sua casa? - Nigel falou colocando a mão na boca. O diretor tendo a confirmação da mais velha, continuou. - Eu amo uma mulher e ela se chama Augustine. - Miranda continuou encarando o amigo. - Me perdoa, Miranda mas é a verdade.