Sonho

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Point of view of Andrea Sachs

...

Abro meus olhos aos poucos, estava com um sorriso estampado no rosto. Ouço um toque de violino baixinho, a música mais triste estava começando a tocar. A música que estava em meus sonhos.

Então, eu vejo.

Não passou de um sonho.

O sorriso dá lugar às lágrimas, eu quero dormir de novo, quero voltar para onde parei. Meu coração está acelerado, foi tudo uma mentira.

21 de dezembro ainda estava no calendário.

Às notas do violino começaram a ficar mais fortes, e eu ainda chorava desesperada.

- Meu Deus, por que fez isso? - Pergunto perdida não sei para quem, não sei se esse Deus existe. Ele colocou esperança no meu coração de que um dia eu ia ser feliz. - Eu não amo ela.

Abafo meu choro com às mãos e tento a todo custo me lembrar de seu olhar frio e palavras que me fizeram chegar aqui. Mas o que me vem é o maldito sonho, o que me vem é aquela criança por último com aquele gato.

Isso foi errado.

- Por que pregar peças na minha cabeça? Por que me deixar mais triste?

Eu quero gritar de raiva e de dor.

Com soluços preso na garganta, levanto. Meu corpo não parece obedecer meus comandos, foi tão real. Parece que minha alma saiu, mais lágrimas. Tremo toda, a tristeza toma conta dos meus pensamentos.

- É o fim. Vou morrer aqui. - Digo isso e caminho em direção a janela. Não tem carro, não tem ninguém me vigiando e por fim daquela ilusão, ninguém vai me salvar.

Às lágrimas ainda rolam pelo meu rosto.

É agora que Augustine bate na porta, é agora que ela me pede perdão e conhece às netas dela.

Não é agora.

Ninguém vai fazer isso...

Viro meu corpo lentamente, estou fora de mim. A música ainda está tocando, queria saber de qual lugar ela vem. Antes de sair daquele quarto, vejo meu reflexo no espelho. Fecho meus olhos por um instante e recordações daquele sonho me vem a mente. Assim que abro, saio daquele quarto, caminho até a cozinha e coloco a água para ferver.

Olho de relance para o relógio, o mesmo marcava 11:30, não parecia mais tinha dormido bastante. Desde que sai da Manhattan, estou pensando nela, estou pensando no dia 21 de dezembro de 2009. É uma dor. É uma dor pela qual eu tenho que passar todo ano.

Me inclino na pia, e começo a chorar novamente. Não é possível que todos esses anos que tentei esquecer essa mulher, tentei esquecer que minhas filhas são frutos dela, agora com um simples sonho, quero correr até ela e dizer que ela tem obrigação de me ajudar com a criação das gêmeas.

- Eu não estou conseguindo sozinha.

Para os outros é fácil dizer, não faça, ela não merece uma lágrima sua e nem que conheça às filhas. Mas para mim não é fácil, não é. Pego meu celular, abro o google e coloco o nome da Miranda.

Fotos dela com Valerie aparece... junto a filha.

No meu mais delicioso sonho, Valerie mentiu e... tento recordar de algumas coisas.

Dez Invernos.

Engulo em seco, um livro escrito por Esperanza e tantas coisas ruins acontecem devido a ela. Começo a caminhar ansiosa por a casa, meus pensamentos me quebrando por inteira e eu não sabendo o que fazer. Dormi com a lembrança da promessa que fiz, Miranda não ia saber das gêmeas, agora acordo com vontade de mostrar às gêmeas para o mundo e aquela editora pagar por todas às coisas que me falou.

Dez Invernos (Mirandy - Intersexual)Onde histórias criam vida. Descubra agora