Os dois lados da mesma moeda

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                           Março

                 Inverno - Primavera

       Point of view of Andrea Sachs

Estava conseguindo me mexer melhor, claro tinha vezes que eu não conseguia, como por exemplo os ataques de tosses que estavam possuindo meu corpo nesses últimos dias, o caso de uma garganta inflamada e mais remédios. Augustine culpou os paninhos molhados que a mesma teria colocado em mim por causa de uma febre. Quando a tosse ataca, eu sempre coloco um travesseiro entre o peito e as pernas para aliviar um pouco da pressão que me causa aquele esforço.

O que eu estou fazendo nesse momento, a garganta coçava e a tosse aumentava gradativamente, e não era só a pressão que tentava aliviar, aquela tosse também.

Meu cabelos soltos, caindo pelo ombro direito enquanto minha mão segurava o travesseiro contra o peito, lágrimas se faziam presentes e a minha lingua estava toda de fora, quem visse acharia um belo cosplay de cachorro.

As luzes que no quarto adentravam, indicava que já tinha amanhecido. A neve caia lá fora, ontem as ruas estavam brancas ainda, sei por que Augustine me ajudou a levantar e ir próximo a janela. Fazendo eu olhar atentamente para aquilo que me foi tirado e fazendo meu coração ansiar por caminhar nas ruas de NY novamente.

Miranda, se aproximou poucas vezes e me perguntou o básico como você está? Depois que sua mulher perdeu o filho, minha chefe está afastada, própria Augustine me falou que ela anda pensativa e como raramente vejo ela, é sempre pela parte da manhã por que cada noite que passa, ela chega mais tarde em casa.

Por causa disso, Miranda ainda não esteve presente no meu apartamento. Depois daquele dia que Nate me enviou aquela mensagem, nada mais soube dele, Doug me disse que a polícia avisa quando prende-lo, bem ainda não recebi notícias.

Voltando a minha tosse descomunal, virei para o lado e vi que Augustine tinha deixado um copo d'água quando me desse essas crises, peguei e tomei um bom gole.

Depois que a tosse foi cessando e meu peito se acalmava, deixando apenas a pressão na costela e algumas lágrimas passeando pelas minhas bochecas, uma Augustine sonolenta adentrou meu quarto, se arrastando.

Falando nela, Augustine está bastante estranha ainda mais quando compartilha o mesmo espaço com Miranda. Sempre vejo ela soltar aquelas piadas digna de Augustine mas quando minha chefe está por perto, a mais velha incorpora um personagem que não estou acostumada a ver, acho que ninguém esta. E isso se tornou decorrente de umas duas semanas para cá. Até peguei ela chorando um dia desses e a sua explicação foi lembranças.

Augustine veio caminhando a passos lentos para a minha direção, ela estava com uma camisola meia manga branca que ia até os pés com algumas rendas na parte de cima e seu cabelo branco preso para o lado.

- Acordei toda casa, não é? - Disse para ela fazendo uma careta, Augustine deitou do meu lado e puxou às cobertas para cobrir seu corpo.

- Talvez tenha me acordado. - A mais velha falou contra o travesseiro.

- Talvez?

- É, estou entre o mundo dos sonhos e a realidade. - Augustine não podia ver meu sorriso mas ele estava lá, ela é uma mulher esplêndida e totalmente fora do comum. Queria eu ter uma alma iluminada assim, a mesma notou meu olhar fixo em sua direção, logo em seguida levantou a cabeça e me devolveu um sorriso natural. Como se todo meu dia fosse se iluminar só do fato de Augustine sorrir.

Que alma.

- Bom dia, minha menina. - Ela disse se ajeitando na cama.

- Bom dia. - Sussurrei.

Dez Invernos (Mirandy - Intersexual)Onde histórias criam vida. Descubra agora