Dez Invernos (Mirandy - Intersexual)

Roleta Russa

Às ruas de Nova Iorque estavam brancas e vazias, o anoitecer avisava junto ao frio que às pessoas preferiam suas casas. Mas era uma noite estranha, não como outra qualquer. Em uma dessas casas, o toque do piano mostrava que ali ia ser uma noite bem tensa.

Às luzes da sala, estavam acesas e às cortinas fechadas. Na garagem, estava o carro de Christine e ao lado a BMW de Miranda.

E a música dava seus acordes mais fortes, lá dentro da mansão. Uma Christine tocava o piano que Miranda mandou trazer especialmente para a ocasião. Chegando a sala, Miranda estava na poltrona com seus olhos fechados e o seu velho whisky na mão, apreciando a música tocada pela amiga.

Ao seu lado, Nate ajoelhado e amarrado. Sua camisa branca, suja de sangue e seu rosto estava molhado, pelo suor e lágrimas. Ele ficava se embalando pela dor que às pessoas presentes na casa, fizeram ele sentir.

Por a escada, somos levados a mais coisas ou alguém. Ao se aproximar do quarto de hóspedes, seu antigo quarto e que agora estava um pouco diferente. Andrea estava parada, se olhando no espelho com sua roupa suja de sangue.

Então, se virou e a passos pequenos, como se tivesse desbravando o lugar. Seu corpo foi levado a suite principal, de pés descalço,pisando em um solo que prometeu nunca mais pisar. Ao chegar no ambiente, primeiro foi até a cama de casal, passou a mão pela colcha dourada estava estendida, ao chegar sua mão no travesseiro, seu olhar foi levado ao porta retratos que tinha ali. O casamento de Valerie e Miranda, o pegou e tirou a foto de dentro. Virando seu corpo e com aquela imagem em mãos, foi levada ao closet.

Conseguia ouvir o piano, colocou o pé esquerdo e parou. Às roupas de Valerie de um lado e do outro de Miranda. O seu pé direito tomou impulso e ela entrou no lugar, caminhou lentamente. Jogou a foto no chão e pisou por cima, indo até às roupas da modelo, passou a mão por os tecidos. Procurando algo e de imediato achou, um vestido preto longo dado por Miuccia Prada, pela parceria que às duas fizeram.

Se olhou no espelho e mesmo ficando justo em Andrea, a morena quis usá-lo. Foi até os calçados e começou a olhar o número, para ver qual seria. Encontrando, um par que servisse, ela juntou com o vestido. Virou em direção às roupas de Miranda e viu seu sobretudo, seu grande parceiro, esteve com ela dentro daquele bordel e soube que mesmo tendo tocado na cara de Miranda, ela ia querer ele de volta. Foi o que fez, pegou o casaco e se direcionou ao banheiro.

Tirou sua roupa suja e colocou no lixo, lavou às mãos e o rosto. Se levantou e olhou no espelho, aquela Andrea. Se lembrou de tudo que já passou nesses últimos anos, lembrou de Maria e de suas ruivas. Então, ouviu um barulho de carro. Estava chegando a hora, olhou para a porta do banheiro.

A música ainda continuava, conforme retornamos ao ponto inicial. Vamos sendo levados a sala, Nate ainda estava ajoelhado e sangrando muito.

Miranda de terno feminino e salto alto, virou para o lado, pegando a garrafa de whisky e logo após, enchendo seu copo. Voltou a fechar seus olhos, seus pensamentos foram levados a miséria, de quem tem todo bem material mas não teve suas filhas, seu grande amor e sua mãe. Começou a lembrar de momentos, o aniversário de Andrea de anos atrás e aquela foto que tiraram todos juntos. Ela era feliz e não sabia. Ouviu a porta ser destrancada, abriu seus olhos a tempo de ver Valerie abrir lentamente e entrar.

O toque ficou mais alto do piano, Christine fez de propósito. Valerie foi empurrada a entrar por dois homens, que estavam a mando da ruiva.

A modelo não ficou surpresa pois estava esperando a hora que o gigante fosse acordar.

Miranda sorriu de lado.

- Bem vinda, querida. - Como um déjà-vu, Valerie colocou a bolsa em cima da mesinha de entrada junto às chaves.