Por que?

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Aquela pergunta estava grudada na mente de Miranda, assim como na do amigo diretor, que olhava fixo para o chão, como se o piso branco fosse mais atrativo que os olhos da Rainha Dragão.

Emily, não estava diferente. Parada como uma estátua em frente a sua mesa, desde que um furacão chamado Andrea passou chorando.

Por que eu destrui aquele sorriso?

Nigel levantou o olhar para ela como se soubesse o pensamento de Miranda, e antes dele poder falar algo, a esposa da editora tomou a frente.

- Miranda, esse ensaio vai demorar muito? - Num suspiro que fechou seus olhos, a editora apenas negou com a cabeça.

Depois daquela discussão, o casamento de ambas estava balançado. Não se tratavam mais por Amor ou Querida, só pelo primeiro nome. Miranda dormia no quarto de hóspedes, e o assunto das duas era somente o necessário. A gravidez.

- Pode ir, Valerie. Você não tem mais serventia aqui. - Diferente de Andrea, às patadas de Miranda não tinham efeito nenhum sobre a loira. Pelo contrário, ela tinha repulsa e nesses últimos dias, o que ela mais fazia era revirar os olhos para às grosserias da companheira. - Vocês também, o ensaio acaba por aqui. - A mesma falou para às duas consultoras que estavam presente. Nigel, observou sua deixa, e ia resolver o problema de Andrea. Não sabia onde ela se encontrava, e isso estava acabando com o diretor, que mesmo sabendo da fama de sua grande amiga, odiou ela naquele momento.

- Nigel, você fica. - O diretor parou na porta, de costas para sua amiga. Miranda percebendo que estavam a sós, pediu para ele fechar a porta. Nigel, respirou fundo e sem olhar para trás respondeu baixo.

- Tenho trabalho para fazer, Miranda. A festa do dia dos nam.. - Nigel foi interrompido por a voz rouca e grossa da editora.

- Nós precisamos conversar.

-Eu não quero conversar com a dama de ferro agora. - Ele virou o corpo para ela e continuou. - Não depois de duas semanas sem sequer olhar na minha cara.

- Eu ouvi a conversa de vocês aquele dia. - Nigel ficou confuso. - Da qual minha assistente está vivendo num inferno.

O diretor semicerrou os olhos com um sorriso para o lado, falou:

- Escutando atrás da porta, Rainha. - Miranda revirou os olhos, fazendo um bico torto. - Tudo bem. - Disse Nigel dando de ombros. - Ninguém precisa saber que a rainha da moda é fofoqueira.

Miranda arregalou os olhos.

- Mais um apelido, Nigel?

- Todos os apelidos que a ti foi concedido, são únicos e exclusivos do teu uso. - Eles se fitaram por um instante, talvez esquecendo anos de amizade. - Sua assistente está vivendo num inferno mas não o seu.

- Andrea. - Miranda fechou os olhos.

Por que ela estava chorando?

- Ele bateu nela ontem. - A editora abriu os olhos em direção ao amigo, notando que o corpo começava a tremer pela raiva.

Por que eu fui tão estúpida?

Nigel ia continuar falando, se não fosse o celular do diretor tocar naquele momento.

- Nigel... - O diretor franziu a sobrancelha, reconhecendo aquela voz.

- Andrea?

- Me ajuda. - Nigel levantou rápido, deixando uma Miranda do outro lado da mesa assustada.

- Onde você está? - Perguntou preocupado.

- Na rua de trás... - Ela deu uma pausa. - ... da Elias-Clark.

Dez Invernos (Mirandy - Intersexual)Onde histórias criam vida. Descubra agora