Bônus V

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Point of view of Miranda Priestly

- Oi, vovó. - Escutei a voz de Harry e quando levanto a cabeça, meu querido neto, está passando pela porta de entrada. Sorrio, gesto que não chega aos olhos, mas faz meus olhos brilharem.

- Oi, querido.

- Vim ver a senhora. - Inclinou-se quando parou na minha frente e deixou um beijo em minha bochecha. Depois sentou e me encarou com o reflexo dos meus olhos. - Como está?

- Bem, meu filho. - Deixo a revista da Runway - que antes tinha a minha atenção - na mesinha ao lado do sofá. E me ajeito, também querendo a resposta de minha pergunta. - E Mila? Como ela está?

- Ah, minha avó. - Respirou fundo. - Juntando às tralhas dela e ajeitando tudo para sua viagem...

Camila já tinha ganhado alta e estava em casa há uma semana. Claro, com muitas recomendações e observações. Só que a viagem para o Canadá, assim, como era de sua vontade, estava tirando o sono de muitos. Principalmente, uma de minhas filhas.

- Eu sei que sou uma velha turrona e minha opinião não conta muito.

- Sei que isso é frase de tia Christine. - Falou ele sorrindo fracamente.

- Que seja. - Fiz um gesto desdenhando de sua fala. - Voltando, sei que isso não cabe a minha pessoa, mas Camila ficará melhor longe daquilo que lhe faz mal, longe de minha filha.

Ele levou seu olhar para o chão, um assunto bem pesado e que trazia mágoas. Posso parecer essa velha que acabei de dizer, mas tenho em minha consciência que isso tem a ver com aquelas duas.

- Eu não queria que ela fosse embora. - Murmurou.

- E quem quer? - Levantei e para surpresa de um total de zero pessoas, carrego a bengala de minha falecida mãe comigo. - Todo mundo tem que partir algum dia na vida, que seja com passagem de ida ou volta... Ou apenas com só passagem de ida.

Ainda sentado, Harry pega minha mãe e afaga em seu rosto, deixando um beijo logo em seguida. Meu sorriso é a única coisa que meu neto tem assim que me olha com lágrimas quase caindo.

- Queria que a senhora ainda pudesse ser bisa.

- Oh, eu também queria, mas qual de vocês vai entregar esse presente pra mim? - Indaguei, não querendo dar início a um chororô sem fundamento. Velha, mas ainda Miranda Priestly.

- Acho que eu posso, mas tenho que ter a confirmação de muitas coisas ainda. - Assenti, ainda fazendo um leve carinho em minha mão, Harry perguntou. - Vovó, como foi para a senhora tocar na sua esposa depois que tirou ela da Manhattan?

- Essa pergunta é bem estranha, né? - Andrea desceu às escadas com um macacão preto longo, com o passar do tempo, minha excelentíssima só sabe ficar linda.

- Talvez. E não é como se eu quisesse saber como às minhas avós... Como... Ah, esquece. Isso foi bem estranho. - Afastou-se, levando consigo uma gargalhada de Andrea.

- Querido, se é sobre Eve, tem a hora certa para tudo. E não é a pergunta de como você vai conseguir, é mais fácil perguntar como ela vai se sentir?

- Ok! Qual é a boa família? - Dessa vez a voz de Christine se fez presente. - HOJE É DOMINGO, DIA DE GRINGO, TEU PAI FUMANDO CACHIMBO, NA PORTA DO BINGO. - Cantou gritando. Revirei os olhos, me sentando novamente. Foi a vontade de dormir. - Nem sei se é assim que canta essa música, só sei que hoje é dia de churrasco na casa da Mirandinha.

- Santo Deus. - Emily entrou pela porta, acompanhada de uma manada. A família de alma que me foi dada, também estava presente. Grito de criança, vozes alta de adolescente, Emily brigando com Christine, Cassidy a ponto de explodir a esposa... Posso passar o dia aqui contando cada um, cada casal.

Dez Invernos (Mirandy - Intersexual)Onde histórias criam vida. Descubra agora