Capítulo 19

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PRISCILLA NARRANDO...

A filha dela teve um problema sério com a hipoglicemia, e a Natalie estava arrasada. Meu coração apertou em vê-la tão fragilizada. Ser mãe é difícil, porque se um filho quebra uma unha a gente fica com o coração minúsculo. Fiquei o tempo que pude com ela. Fiquei bastante tempo com a Emilly, ela estava bem, estava tranquila, os exames estavam ótimos. Eu continuei trabalhando nos dias em que ela estava no hospital então sempre passava no quarto dela para vê-la. Bella ficava com ela toda tarde, já que estava suspensa do colégio ainda. De segunda para terça eu estava de plantão. Sairia na terça as 10 da manhã. Passei no quarto da Emilly e ela estava vendo filme, era uma da manhã.

Eu: Não era pra você estar dormindo?

Emy: Era, mas eu pedi pra não tomar o remédio pra dormir. Eu queria ver uma série e estou vendo a horas – riu.

Eu: Como se sente?

Emy: Eu estou muito bem e ansiosa pra chegar quinta feira a tarde e ir pra casa.

Eu: Vai chegar logo.

Emy: E ai? Alguma coisa interessante? Alguém baleado, empalamento, tiro de bazuca?

Eu: Estamos no Rio de Janeiro, é perigoso, mas não é o Iraque Emilly. – rimos. – Mas teve um acidente mais cedo, um engavetamento, isso aqui ferveu a tarde pelo que eu soube.

Emy: E a Natalie?

Eu: Vamos sair amanhã a noite pra jantar – sorri.

Emy: Nossa, preciso de um óculos escuro.

Eu: Está com dor nos olhos? O que foi? – preocupei.

Emy: Porque só falar nela, seus olhos brilham tanto que quase nos cega.

Eu: Idiota – dei um tapa nela.

Emy: Você está de quatro por ela.

Eu: Acho que sim. Eu gosto muito dela Emilly. A gente se completa de alguma maneira.

Emy: Até nossas filhas combinam, são duas aspirantes a psicopatas. – gargalhou e eu dei risada.

Eu: É verdade.

Emy: Sabe que elas vão surtar né?

Eu: Sei. Sei bem que sim.

Emy: Mas não podem deixar a felicidade de vocês de lado por causa de duas adolescentes.

Eu: Jamais faria isso. A Bella vem em primeiro lugar, você sabe disso. As pessoas com quem me relacionei e que não faziam bem a minha filha e não por implicância dela e sim por implicância das mulheres que queriam me afastar da minha filha, eu acabei com tudo logo. Da minha fiha eu que sei e ninguém pode mudar isso assim com a Natalie sabe da filha dela. Não ofereço risco a filha dela assim como ela não oferece risco a minha então vamos ser felizes. Mas estou pensando que se isso engatar seriamente, como vamos contar a elas.

Emy: Simples, façam um jantar ou marquem um jantar num restaurante que assim as chances delas surtarem em público serão quase zero e pronto... Elas saberão. As chances de haver uma explosão existem, mas vocês são adultas e elas são adolescentes, não vão ficar a mercê delas e da rixa idiota delas. – eu fui bipada.

Eu: Estão me chamando. Obrigada pelo papo, e vai dormir...

Emy: Só mais um episódio – sai do quarto e fui atender. Quando sai do plantão falei um pouco com a Emilly, a minha filha chegou lá pra ficar com a mãe. Ela vai pra lá todas as tardes e a minha mãe a buscaria, porque ela dormiria lá já que eu ia sair. Bella estava morrendo de curiosidade pra saber quem era a pessoa que eu estava saindo. Cheguei em casa tomei um bom banho e dormi. Acordei no fim da tarde fiz um lanche rápido, mandei mensagem pra Natalie depois fui tomar banho me arrumar para nosso jantar. Escolhi um vestido preto bem justo, um salto bonito, fiz um coque bagunçado uma maquiagem um pouco mais forte passei meu perfume e sai. Parei em frente ao prédio dela que era um condomínio de prédios em Ipanema. Mandei mensagem para ela avisando que eu já estava lá na portaria esperando por ela. Cinco minutos depois ela apareceu linda e com um perfume marcante e maravilhoso. Nosso jantar foi incrível, trocamos olhares que praticamente despíamos uma a outra. Na volta, ela me convidou para subir e fizemos o melhor sexo das nossas vidas. De manhã despertamos com nosso celulares tocando, era um alerta geral. Um prédio desabou em Jacarepaguá desabou e estavam todos em casa ainda. Corri em casa tomei um banho de 5 minutos me troquei e fui para o hospital. Cheguei praticamente junto com a Natalie.

Eu: Oi.

Nat: Oi...

Ian: É o seguinte... Um prédio de 12 andares desabou em Jacarepaguá. Todos os moradores ainda estavam nos apartamentos. As vitimas começarão a chegar em 10 minutos. Deem alta para quem puderem, transfiram quem puderem. Seremos um dos hospitais que mais receberão pacientes. Doutora Diorio, Doutora Alisson, doutor Felipe, doutor Alfredo e Antônio ficarão nas cirurgias operando sem parar. Internos farão triagens e residentes tratarão quem puderem tratar e os que não puderem, chamem um staff que não esteja em cirurgia. Hoje não vamos parar. Isso aqui virar um inferno. Então vão... – todos saíram. – Priscilla, preciso de você no local. Um cardiologista também vai e outro cirurgião geral também. Preciso que invoque suas origens de cirurgiã de trauma na guerra hoje.

Eu: Ok... – fui me trocar, peguei o kit e fui para uma ambulância com os outros médicos. Quando chegamos lá parecia que uma bomba tinha caído em cima do prédio. Muita gente gritando, muitos mortos, era um terror. – Meu Deus... – os bombeiros armaram um esquema para atender. Lona verde para pacientes sem urgência, amarelas para atendimentos mais rápidos, vermelhos para graves, e preto para mortos. A lona preta tinha umas 15 pessoas já. Coloquei as luvas comecei a atender os que traziam, determinei mortes, logo fui ajudar um bombeiro que gritava que alguém o ajudasse a tirar um bebê dos escombros. Eu corri até lá – O que houve?

XX: Preciso de ajuda, tem um bebê aqui embaixo.

Eu: Eu ajudo.

XX: Preciso de um bombeiro.

Eu: Eu posso te ajudar, ninguém está disponível, na verdade nem eu, mas é o que você tem. Vamos perder tempo discutindo? – fui ajuda-lo. Quando ele removeu uma parte do concreto tudo começou a cair. – Para... Não se mexe... Esse pedaço de parede é o que está contendo todos esses destroços, se mexer nele, vai cair em cima da criança e vai matá-la. – paramos um momento a criança chorava sem parar. Na minha cabeça se passavam tiros e explosões da guerra. Peguei uma madeira que tinha ali era um pedaço de cadeira e escorei o escombro. – Solta devagar – ele fez. – Ótimo. Agora eu vou me deitar no chão e vou puxar o bebê pelas perninhas o mais devagar possível e quando conseguir pegá-la com mais segurança eu vou puxá-la com força e você vai me arrastar pela pernas porque tudo isso vai desabar ok?

XX: Ok... – eu fiz tudo com calma, eu via os pezinhos do bebê se mexendo desesperadamente e o puxei devagar. Virei ao contrário para que ficasse com os braços virados para mim e eu pudesse puxá-lo.

Eu: Calma bebê, a titia vai te puxar... – o seguei com força – Está pronto? – perguntei ao bombeiro.

XX: Sim.

Eu: No 3... Um... Dois... Três... – puxei o bebê com força e ele me puxou rapidamente e a parede toda desabou. Eu estava toda esfolada, mas valeu a pena. – Está tudo bem pequeno, está tudo bem fica calmo... – o bombeiro me ajudou a levantar. Eu examinei o bebê, estava com muitas escoriações, mas estava bem.

XX: Como sabia tudo aquilo?

Eu: Eu sou general reformada do Exercito Americano. Eu era Ranger, atuava como médica de neuro e trauma na Medicom no Afeganistão e no Iraque. Eu vou com ele para o hospital a família deve procura-lo por lá. Tire uma foto dele, pode ser que algum pai ou mãe pergunte por ele. Vamos para o Copa D'Or... – ele tirou uma foto e fui pra lá. Ian veio nos receber. – Alguém do trauma ou da pediatria para ver o bebê por favor – uma interna foi chamar.

Ian: Você está toda esfolada esse corte no braço e na perna vão precisar de sutura.

Eu: Eu estou bem, eu tirei esse pequeno do meio de um monte de tijolos e concreto, foi preciso me machucar. – um pediatra o pegou para examiná-lo. A Natalie desceu pra trocar com o Ian. Ele assumiria o rodizio de cirurgia e ela ficaria na emergência. 

NATIESE EM: AMOR A PRIMEIRA VISTAOnde histórias criam vida. Descubra agora