Capítulo 37

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Na sexta feira eu a deixei no colégio, a Roberta ia pegá-la, as duas iam passar a tarde juntas. Cheguei no hospital fui checar na farmácia do bloco cirúrgico as medicações, não podíamos errar. Fui ver a Emilly, ela estava sozinha.

Eu: Bom dia... – sorri.

Emy: Bom dia. – retribuiu o sorriso.

Eu: Preparada?

Emy: Sim e você?

Eu: Sim. – chequei a pressão, os batimentos, fiz um eletro. Logo ouvi a voz da Priscilla.

Pri: Bom dia.

Eu: Bom dia – a olhei rapidamente. – Eu vou me lavar e logo virão te buscar ok? Vai dar tudo certo.

Emy: Obrigada, por tudo – apertou minha mão e eu dei um beijo na mão dela. Eu sai do quarto e a Pri me segurou.

Pri: Não pode me evitar pra sempre.

Eu: Posso sim doutora... Quando acabar a cirurgia venho dar notícia... – sai andando. Segurei a lágrima. Eu a amava, e a amava muito, mas eu estava muito magoada. Diorio chegou e se sentou do meu lado.

Diorio: Preparada?

Eu: Sim e você?

Diorio: Preparadíssima... – sorriu. Colocamos a touca, os protetores nos pés, as máscaras e fomos nos lavar. Os 4 minutos que fiquei me lavando fiquei repassando as medicações que eu precisaria se eu tivesse que abrir o peito dela. Eu não podia errar. Logo a vi trocar da maca para a mesa cirurgia e a prepararem. A Diorio entrou e conversou com ela. Eu logo entrei também colocaram uma toalha estéril nas minhas mãos e eu me aproximei.

Eu: Está pronta?

Emy: Sim – deixou cair uma lágrima. – Natalie?

Eu: Hum?

Emy: Diz a Pri que eu a amo muito que ela foi a melhor esposa que eu poderia ter, e a minha melhor amiga.

Eu: Não vou dizer nada, você vai dizer isso a ela.

Emy: Por favor, eu preciso falar – eu a encarei – Cuida da minha filha, como se fosse sua. Ela vai precisar de forças. A Bella parece ser forte, mas ela não é. – soluçou – Eu não quero que ela fique sofrendo, eu não quero que ela fique sozinha.

Eu: Tudo bem.

Emy: Diz a minha filha que eu a amo mais que tudo nessa vida e que ela é a pessoa mais importante do mundo pra mim.

Eu: Eu vou dizer. Agora respira fundo, pensa coisas boas. Comece a contar de 10 para baixo. Estamos com você, vai dar tudo certo.

Emy: Obrigada por tudo.

Eu: Por nada – colocaram o oxigênio nela e a apagaram. Eu respirei fundo.

Diorio: A galeria está fechada?

XX: Sim doutora.

Diorio: O prontuário digital está bloqueado para a doutora Pugliese?

XX: Está. E o doutor Ian já bloqueou o cartão dela também, ela não vai ter acesso ao andar cirúrgico.

Diorio: Ok.

Eu: Precavida.

Diorio: Se eu não fizesse isso, em 10 minutos a Priscilla estaria sentada na galeria nos secando. Vamos começar... Bisturi... – a instrumentadora passou pra ela. Eu me paramentei e coloquei as luvas caso precisasse entrar. Eu acompanhava a pressão dela, a oxigenação do sangue, os batimentos. A cirurgia duraria em média 12 horas. Depois de 5 horas ela começou a esquentar e os batimentos dela aceleraram...

Eu: Nathalia, para... Para...

Anestesista: Ela está queimando.

Eu: Hipertermia maligna.

Diorio: Coloquem o ar condicionado no máximo, tragam todo gelo que encontrarem...

Eu: Ela é alérgica a mais alguma coisa, deixamos passar algo – tentava pensar nas medicações e em tudo que foi testado nela. A pressão era grande com relação as medicações e alergias dela.

Diorio: Não podemos tirá-la da anestesia... O que aplicou nela?

Anestesista: O que foi recomendado de acordo com as alergias dela e o anestésico inalatório de praxe. – era isso, só podia ser o anestésico inalatório.

Eu: Foi o anestésico inalatório... Aplica nela dantroleno sódico. Em alguns minutos a temperatura dela vai voltar ao normal... – a sala estava um gelo e depois de 15 minutos ela voltou ao normal. – Podem continuar, tirem o gelo e subam a temperatura devagar. – fizeram o que pedi.

Diorio: Por favor, não nos assuste mais Emilly... – o Ian entrou na sala.

Ian: Nossa, que gelo...

Eu: Hipertermia Maligna.

Ian: O que causou?

Eu: O anestésico inalatório. Já voltou ao normal.

Ian: Ela é alérgica a muita coisa. – logo uma maquina apitou.

XX: Doutora, ela perdeu a sensibilidade do lado esquerdo do corpo. – a Diorio continuou. – E agora perdeu do lado direito também.

Eu: Ela está tetraplégica?

Diorio: Não. Eu que estou buscando a melhor alternativa para cortar o tumor sem lacerar vasos importantes.

Ian: Usa o corante...

Diorio: Se ela for alérgica a ele, eu mato ela. Então prefiro não arriscar. – respirou fundo. Ela fazia um trabalho minucioso. Já estávamos ali a 8 horas, ela já tinha parado pra ir ao banheiro e beber água, já estava sentada num banquinho também. – Erica, eu vou tocar numa área e me diz o que acontece ok? – a moça que olhava os monitores concordou – Me dá uma pinça por favor – passaram pra ela.

Erica: Ela perdeu os movimentos a perna direita.

Diorio: Ok... E agora?

Erica: Do braço direito.

Diorio: E agora?

Erica: Irrelevante...

Diorio: Vou cortar assim. Vendo aos poucos, vai ser demorado, mas é melhor que paralisá-la. 

NATIESE EM: AMOR A PRIMEIRA VISTAOnde histórias criam vida. Descubra agora