Capítulo 55

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Nossa o cheiro aqui está mais forte. – todos em volta sentiam o cheiro de fumaça.

Pri: Estou a horas sentindo esse cheiro, pedi para procurarem na sala de cirurgia, mas não tinha nada. Tem alguma coisa errada. – quando ela terminou de falar isso ouvimos uma explosão que tremeu todo o prédio e deu uma queda de energia momentânea.

Liz: Meu Deus...

Pri: Eu falei que tinha algo errado. – um enfermeiro subiu correndo.

Enfermeiro: Uma explosão em uma das centrais de ar condicionado. A fumaça tomou a emergência e o segundo andar e está indo para o terceiro.

Liz: A pediatria e a neonatal – saiu correndo. Eu e a Pri descemos correndo. Parecia um caos.

Ian: SAIAM TODOS DAQUI, AJUDEM A TIRAR O MÁXIMO DE PACIENTES PARA O OUTRO LADO DA RUA. RÁPIDO...

Eu: O que aconteceu?

Ian: Uma das centrais de ar condicionado explodiu, agora toda a fumaça está circulando pelo hospital além de uma sala inteira ter pegado fogo está espalhando muito rápido, precisamos tirar todo mundo daqui. Esvaziar a emergência, o segundo e parte do terceiro andar que era até onde essa central atendia. A fumaça é tóxica, então coloquem máscaras, tirem o máximo de pessoas que conseguirem e não se sacrifiquem por favor. Os bombeiros estão a caminho. – eu olhei para a Priscilla assustada.

Pri: Vai ficar tudo bem. Ajude a esvaziar a emergência, eu vou para o segundo andar ajudar a tirar as pessoas da observação e depois para a pediatria.

Eu: Amor... Por favor, toma cuidado.

Pri: Fica tranquila – me deu um selinho e sumiu naquela fumaça.

PRISCILLA NARRANDO...

Manuela era a razão de todo meu ódio na terra. É a pessoa mais detestável que existiu na minha vida e o que ela fez com a minha filha me fez cogitar muito, dar um tiro na testa dela. O Ian foi muito desleal comigo. Firmamos um acordo e ele não pensou duas vezes antes de trazê-la para o meu departamento sem sequer tentar dialogar comigo a respeito disso. No fim do dia entreguei minha carta de demissão com o aviso de que faria apenas uma cirurgia que já estava marcada, afinal as pessoas me procuravam para operá-las. Eu não quis ouvir o que ele tinha a dizer e fui embora. Fiz uma entrevista no Barra D'Or e o chefe de cirurgia de lá, só faltou me jogar para o alto de tanto que ele me queria no hospital dele. Mas para me ter lá, ele precisava aposentar o chefe de neuro do hospital dele que já tinha 80 anos e não queria aposentar de jeito nenhum. Fui para a minha cirurgia e fiquei um bom tempo sentindo cheiro de queimado, aquilo era estranho, no centro cirúrgico o máximo que se sente de cheiro de queimado é cheiro de carne e pele por causa do cauterizador. Quando sai o cheiro estava mais acentuado, passei na sala de cirurgia da Natalie e ela disse que sentia bem longe o cheiro de fumaça, mas sentia. Quando nos encontramos no corredor uma explosão que tremeu todo o prédio e um enfermeiro passou correndo informando o ocorrido. Quando chegamos na emergência era fumaça pura, e aquela fumaça logo se tornaria toxica por causa do forro dos tetos. Garanti que a Natalie ajudasse apenas na emergência, assim ela sairia mais fácil lá de dentro e eu fui para o segundo andar. A internação e observação estava lotada. Doutor Antônio e a Emilly coordenava a retirada das pessoas e os enfermeiros as carregavam para fora do prédio.

Eu: Não usem os elevadores, não sabemos a extensão do fogo, pode ser que fiquem presos, vão pelas escadas. Se o paciente puder andar, deixe-o andar, apenas o acompanhe até a saída, não banquem os heróis para não termos mais gente machucada.

Enfermeiro: Tudo bem doutora...

Emy: Priscilla, ajuda a Liz, a pediatria as crianças devem estar assustadas.

Eu: Eu vou subir lá e logo volto aqui.

Emy: Ok... – eu subi até o andar da pediatria. A internação tinha fumaça, mas a neonatal estava bloqueada e segura.

Eu: Liz?

Liz: Preciso tirar as crianças... – eu não sei quantas vezes subi e desci com crianças até tirarmos todas. Voltei para o segundo andar para ajudar a Emilly com os pacientes. A rua parecia um inferno de tanta gente, tantas ambulâncias e bombeiros. Não sei quanto tempo ficamos nesse entra e sai. Quando olhei pra cima tinha uma senhora na janela acenando com uma toalha. Ela estava no último quarto do segundo andar, no banheiro. Era uma senhora, eu sabia que era, porque eu estive com ela para um parecer médico no dia que entreguei minha carta de demissão.

Eu: Emilly, tem alguém lá em cima ainda.

Emy: Os bombeiros vão até lá Pri, você não tem mais condições de subir lá. Eu não tenho mais condições, já está tóxico, vamos morrer sufocadas. – tossia e colocava a máscara de oxigênio. Eu olhei em volta e ninguém fazia nada, estavam todos ocupados demais para ir até lá. Eu sai antes que a Emilly pudesse me ver e me impedir. Eu subi até o segundo andar e fui abaixada até o quarto dela, eu não conseguia enxergar quase nada. Ouvia a tosse da senhora, ela estava ficando sem ar. Entrei no quarto dela peguei uma máscara e dei a ela.

Eu: Peguei a senhora... Preciso que aguente mais um pouco, eu vou te tirar daqui tá? – eu praticamente a arrastei por todo o andar. Eu não ia conseguir carrega-la até o térreo. Olhei os elevadores e funcionavam. – Meu Deus... – era um risco, mas não poderíamos ficar ali e eu não aguentaria carrega-la e eu já estava exausta, com dificuldade para respirar. A arrastei até o elevador e fui até a garagem. Fechei meus olhos naqueles segundos de viagem dentro daquele elevador e quando a porta se abriu e vi os carros meu coração quase saiu pela boca. – Conseguimos... A senhora vai ficar bem, conseguimos... – a tirei do elevador e ela apagou. – Não, não, não, não... – a deitei no chão. Ela estava em parada. Comecei a fazer RCP nela – A senhora não vai morrer, eu não respirei toda essa fumaça tóxica pra senhora morrer agora... Vamos... Acorda... – alguns bombeiros vinham pela garagem e me viram. – ME AJUDEM. ELA ESTÁ EM PARADA... RÁPIDO... – os bombeiros vieram me ajudar e assumiram a RCP e eu me sentei no chão. Eu estava exausta e sem ar. Um deles me levou lá pra fora. 

NATIESE EM: AMOR A PRIMEIRA VISTAOnde histórias criam vida. Descubra agora