Incompatível

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Entramos na primeira loja, e sinto que os olhares para mim são um pouco diferentes dos direcionados a Carine. As atendentes tem o maior cuidado ao falar com ela, mas comigo são apenas breves palavras.

- Minha queria, aqui você pode me dizer quais são os seus gostos, e eu tento lhe ajudar a escolher as melhores peças._ Carine me encara sorrindo, sem perceber o que está acontecendo ao redor, e eu fico sem graça de falar.

- Tudo bem._ é a única coisa que eu consigo pronunciar no momento.

Ela pega na minha mão, e me leva para o interior da loja. Realmente a loja tem peças incríveis, mais algumas são chiques de mais para mim. Carine me solta no meio dos corredores e diz para eu pegar as coisas que mais me atraem. Eu vou caminhando lentamente entre as araras e os manequins, tentando me ver dentro daquelas roupas espalhafatosas, e não consigo gostar de quase nada. Apenas de umas blusinhas, uns vestidos longos, os mais simples que encontrei.

- Precisa de alguma ajuda?_ uma atendente de cabelos vermelhos, preso em um coque, com seu uniforme branco e canela, vem em minha direção. Com um olhar arrogante ela me olha de cima a baixo, e eu começo a ficar nervosa.

- Não obrigada, estou com uma amiga aqui e ela já está me ajudando._ tento parecer o mais educada possível, pra não acabar fazendo um barraco.

- Acho que essa loja não é bem a sua cara não é?.- diz ela com um sorriso de deboche nós lábios.

Eu enrugo a testa, coloco a mão na cintura e encaro ela com o mesmo deboche na cara.

- A é? E aonde eu deveria comprar roupas, sem ser em uma loja de roupas então?.- pergunto ironicamente.

- Você deveria procurar umas roupas nas boutiques lá da rua, lá com certeza você ira se sentir melhor, e também iria ter mais condições de pagar._ ela diz com um sorriso irônico no rosto, e eu fico puta da vida.

- Sabe o que vai me fazer sentir melhor? É quando eu mete a mão nessa sua cara ridícula. Vai fazer o seu trabalho e para de se meter na vida dos outros._ jogo as roupas todas em cima dela, e vou em direção a Carine que está em uma ligação._ estou indo embora daqui, agora!_ falo passando por ela feito um foguete. Ela desliga o telefone rapidamente, correndo atrás de mim sem entender nada.

- Mel? O que ouve?._ ela segura nos meus braços ofegante. Não deve ser nada confortável correr com esses salto agulha que ela está usando.

- O esperado, olha para mim, não tenho nada haver com essa loja super chique ai, veja o meu biótipo, o meu cabelo e a minha cor de pele, tudo isso é incompatível com esse lugar, pode perguntar para os funcionários que sempre que veem pessoas assim como eu, nos trata feito lixo._ puxo meus braços da mão dela, e vou caminhando para longe.

Eu estava chateada, sabia que a coitada da Carine não tinha nada haver com isso, provavelmente nunca presenciou uma cena dessas.
Ela me pede para esperar um segundo, e vai para um canto com o celular no ouvido. Carine fica gesticulando com os braços, e parece um pouco irritada também. Depois de um tempo, ela desliga o aparelho e vem caminhando em minha direção.

- Vamos para o salão, você precisa relaxar._ ela diz me estendendo a mão, e eu penso mil vezes antes de aceitar.

- Não sei se é uma boa ideia._ olho para ela desconfiada, e ela me dá um sorrisinho aconchegante.

- Confia em mim Mel, você vai gostar._ ela diz, e por incrível que pareça, eu aceito sua oferta, e vou caminhando com ela em direção ao salão.
...

Chegando lá, me deparo com um salão bem movimentado, com muitas madames, garçons para lá e para cá, com taças de champanhes em bandejas, um enorme espelho com luzes ao redor, uma musica ambiente, um lugar bem aconchegante, porém eu ainda sinto um pouco exaltada pelos acontecimentos anteriores. Quando ia sugerir que deixássemos isso para uma outra hora, um rapaz magro enorme vem todo saltitante nos receber.

- Não acredito, a bela senhorita Berrutti em meu local de trabalho._ ele diz animado, e eu percebo logo que ele é gay.

- Rico, trouxe minha amiga para dá uma geral completa. Porém, o cabelo dela só pode ser você, como pode ver, os cachos dela são magníficos e impecáveis, não queremos estragar essa obra de arte._ Carina diz para o rapaz, me deixando toda sem graça, e ele fica todo encantado quando me vê.

- My God... Quem é essa deusa do Egito maravilhosa._ ele pergunta me girando com uma mão, e a outra em seu peito, com a boca aberta.

- Essa é a futura senhora Berrutti._ Carine responde com uma piscadela de olhos para mim, quando eu a encaro com os olhos arregalados.

- Não! Para tudo. Nos temos a primeira dama no salão?._ ele diz colocando a mão na boca, me deixando completamente sem graça.

- Não se preocupe, você está em boas mão._ Carina me olha sorrindo, e Rico me puxa pela mão me levando para dentro do salão.

Ele me faz de bonequinha, me leva para um banho terapêutico com sais, ervas e essências, depois uma massagem relaxante que realmente me fez relaxar. Uma limpeza de pele, junto com manicure e pedecure. Logo depois, depilação, cílios, sobrancelhas, maquiagem e por ultimo o cabelo.

- Eu amei._ eu falo encantada me olhando no espelho.

Ele deu uma pequena aparada nas pontas, uma hidratação profunda, finalizou e secou com difusor, e eu simplesmente amei.

- Você esta prontissima, bela._ ele bate palminhas, e me leva em direção a Carine que fica de boca aberta quando me ver chegando.

- Uau._ ela sibila encantada com o que vê.

- Não deixe que mais ninguém ponha a mão nos seus cabelos, isso deveria ser esculpido e admirado por séculos._ ele passa os dedos entre as mecha, e eu sorrio.

Se ele soubesse que eu não tenho grana nem pra beber uma agua desse salão...

- Vamos, você precisa se arrumar para um encontro._ Carina diz, e nós nos despedimos de Rico.

Vamos andando de volta para o carro, e passamos em frente a loja de roupas em que fomos quando chegamos aqui, ela agora está fechada, deve já ter encerado o expediente.
...

Alan nos deixa na mansão e Carina diz pra eu ir pro quanto me arrumar. Eu fico meia perdida, afinal não compramos nada, e o bonito disse que não era pra mim trazer nada de casa. Mas não digo nada, não quero ser a menina pidona, mas me sinto meia deslocada. Qualquer coisa vou com a minha roupa mesmo, ele que lute.
Abro a porta do quarto e meu queixo cai no chão na mesma hora. O quarto agora está parecendo uma loja de roupas inteira e exclusiva.
Sapatos, bolsas, joias, tudo das melhores marcas, e eu fico perdida.

E agora? O que eu faço?

Uma batida na porta e eu imploro para que seja a minha solução.

- Oi, achei que ficaria confusa, e pra te ajudar eu vou te dá umas dicas._ Carina sorri quando vê a minha expressão de desespero._ você vai á um encontro á beira mar, às 20h da noite em um restaurante elegante e pitoresco. Eu te aconselho a vestir esse logo levemente decotado nos seios, com essa fenda sexy na coxa._ ela coloca o vestido azul marinho na minha frente, e eu acho ele lindo._ para sobressair na sua pele negra brilhante, um colar de diamantes curtinho, um pouco a cima dos seios. Nos pés, um sapato com tiras brancas e salto transparente, e também um lindo conjuntinho de pulseiras e brincos para combinas com o colar._ diz ela, e depois para um pouco pra pensar olhando o look que ela acabou de formar em cima da cama. Ela faz uma expressão confusa.

- O que ouve?_ pergunto sem entende sua reação.

- Vai chamar bastante atenção, não sei se ele vai gostar muito disso._ ela diz intrigada.

- E quem se importa? Eu amei._ falo dando de ombros. Não ligo se ele gosta ou não de me ver chamando atenção. Eu simplesmente amei tudo, e quem vai usar sou eu, não ele.

Carine me encara interrogativa por um momento, e depois sorri.

- Você é mesmo diferente._ ela diz ainda sorrindo, e eu fico sem entender_ então, você já pode se arrumar, em meia hora o Alan estará pronto no portão de casa para te leva ao restaurante.- Ela diz isso e sai do quarto logo em seguida, me deixando a vontade para terminar de me arrumar.

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