Mel
Eu danço feito uma menininha no meio do jardim, estico minhas mãos ao vento como se eu fosse livre e não tivesse nenhum problema com que me preocupar. Estou feliz, a muito tempo não me sentia assim, e não estou me sentindo nenhum pouco culpada por isso. Me sinto leve. O bonito que fez isso, ele me mostrou que eu posso ser feliz mesmo depois de tudo, que eu posso apenas viver minha vida, e deixar toda a merda do meu passado para trás. Ele chegou feito um raio, derrubando todos os meus muros, e toda a minha estrutura, eu o agradeço muito por isso. Ver a minha amiga se sentindo da mesma forma que eu me sinto agora é maravilhoso. Ele mudou não só a minha vida, mas a vida dela também. Fico me perguntando, será que ele é o amor da minha vida? Será que eu finalmente o encontrei?
Carina está jogando os cabelos para o lado e para o outro feito uma drag queen alucinada. Ela também mudou. Quando eu cheguei aqui, Carine era uma mulher de 45 anos no corpo de uma jovem de 26 anos. Ela era tão recatada e tão reprimida com todas aquelas coisas de etiqueta e machismo a sua volta, e agora ela é uma mulher, de 26 anos, que sabe se portar perante a sociedade em que vive, mas também sabe se divertir como a jovem que ela é.
Nós ouvimos a música tão alta, que até a casa mais longe desse condomínio, provavelmente pode ouvir também.- Então vai.- Mariane grita, subindo em cima da mesa e rebolando até o chão sensualizando.
Porra, a gente tá muito bêbada!
Já se passaram horas desde que começamos a beber, e foi uma bebida atrás da outra. Nós não sabemos brincar, porque sempre misturamos tudo, e ficamos a beira do coma alcoólico depois.
Do nada a música é interrompida. Nos 3 ficamos parada uma olhando pra cara da outra, tentando entender o porquê a música parou no auge da nossa animação.- O que ouve?.- Mariane pergunta frustrada em cima da mesa.
- Desculpe-me senhoritas, mas vocês precisam entrar.- um homem que parecia mais um guarda roupas de tão grande, com terno e gravata, aparece em nossa direção.
Ele fica com as mãos para trás nos encarando, e a gente se assusta.
- Como assim?.- Carine pergunta tentando parece mais apresentável, mas falhando fortemente.
- Tivemos um problema e precisamos que vocês entrem para melhor protege-las.- ele diz, e agora a gente se assusta de verdade.
- Cadê o Antony?.- pergunto pra ele, e a Carine puxa o celular da mão na mesma hora, saindo correndo para dentro de casa toda desajeitada.- O que está acontecendo?.- eu pergunto ficando desesperada e Mariane desce da mesa para me acalmar.
- Mel calma, vamos entrar.- ela me vira pelo ombro e depois segura na minha mão, me fazendo virá em direção a entrada de casa. - Você pode trazer esse balde pra nós por favor?.- ela pede pro guarda roupas, e ele nos segue com o balde e duas garrafas de champanhe dentro.
Nós vamos em direção ao quarto, e não vejo um sinal de Carine.
- Pra onde a Carine foi?.- pergunto olhando para os lados na esperança de encontra-la.
- Ela foi trabalhar, provavelmente.- Mariane diz abrindo a porta do meu quarto, e entrando junto comigo.- Pode colocar aqui em cima por favor.- ela pede apontando para a cômoda ao lado da porta, e o guarda roupas faz o que ela pede, e sai do quarto na mesma hora.
- Cadê meu celular? Preciso falar com o Antony.- procuro o aparelho e não o acho.- droga, cadê ele?- praguejo o procurando.
- Acho que você deixou lá fora.- diz Mariane abrindo a garrafa, e despejando o líquido no copo.
- Eu vou lá buscar, você fica aqui.- falo abrindo a porta do quarto.
- O que? Não Mellany, você não pode...- ela começa e eu faço sinal com o dedo na boca para ela.
- Fica quieta, eu só vou pegar o celular.- aviso saindo do quarto em direção a piscina.
Preciso falar com o Antony, se não vou acabar surtando dentro desse quarto.
Faço meu caminho, e quando chego na área da piscina, tem um monte de homens armados, com caras zangadas, olhando em volta para todos os lados. Eu me assusto e paro um pouco antes deles. Um deles fala ao telefone e eu escuto quando ele diz a palavra morto.Eu perco o equilíbrio.
Morto? Quem está morto? Pelo amor de Deus!
Corro em direção ao meu celular desesperada, fazendo todos eles se assustarem e apontar as armas na minha direção. Eu dou um pulo pra trás assustada e quando eles percebem que sou eu, logo abaixam as armas.
- Senhora, você precisa entrar.- um deles diz nervoso, e meus olhos enche de lágrimas.
- Eu quero saber onde está o Antony.- eu exijo, e o cara olha para o guarda roupas que nos colocou para dentro antes.
- Ele já está vindo para encontrar a senhora, mas por agora, nós precisamos que você esteja lá dentro, segura.- ele tenta me explicar como se eu fosse um animal prestes a ataca-lo.
- Como assim segura, essa casa é uma fortaleza, eu não estaria segura aqui na área de lazer?.- pergunto para ele tentando entender a situação.
- Por agora, eu só preciso que esteja lá dentro, por favor, logo o senhor Berrutti chegará e tudo voltará ao normal.- ele diz calmamente, e eu entendo que não terei respostas aqui.
Pego meu celular da almofada e volto para dentro de casa, correndo pelos cômodos, tentando encontra Carine, ao mesmo tempo que tendo ligar para Antony. O celular dele toca e toca, mas ninguém atende, me deixando aflita e desesperada. Antony nunca me deixa esperando, ele sempre me atende. Fico nervosa e não encontro Carine em lugar nenhum, volto para meu quarto abalada, e Mariane se assusta quando abro a porta.
- Encontrou?.- ela pergunta bebendo do seu copo.
Eu vou em direção a ela, pego a garrafa de champanhe e entorno vários goles a minha garganta a baixo.
- Eita mulher, tá com sede em.- Mariane diz, completamente bêbada.
Eu limpo minha boca com o dorso da minha mão esquerda, encaro ela. Não terei resposta até ele aparecer, então preciso de álcool, por que se eu fica sóbria, eu vou enlouquecer aqui sem notícias.
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O Siciliano
AçãoMel é uma jovem, que sonha em construir um futuro brilhante. Ela tenta amargamente se recuperar de uma separação recente, e acaba conhecendo Antony no meio disso tudo. Antony é um filho de sicilianos, bilionário e sedutor. Antony, acaba virando a...