Acordo pré-nupsial

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Eu disse para onde queria ir, sem da muitos detalhes do que iria fazer, mesmo desconfiando que ele já sabia do que se tratava, e o bonito pede para o Allan nós levar até lá.

- Acho melhor eu esperar no carro, a não ser que queira que eu entre com você.- Antony diz e um martelo acerta em cheio o meu cérebro.

Nem pensar, Antony e Bruno se encontrando? Nem nos meus piores pesadelos.

- Não, eu quero fazer isso sozinha.- dou um sorrisinho amarelo para eles, e saio do carro.

É, finalmente chegou a hora, vou ter que encarar essa decisão até o fim.
Subo as escadas da entrada do edifício, e vou até a recepção.

- Olá bom dia, eu tenho uma audiência de divórcio.- falo com a recepcionista, e uma pontada acerta o meu estômago.

Nossa, a 6 meses atrás, essa hipótese nem passava pela minha cabeça, e agora estou aqui, decididíssima.

- Qual o seu nome?.- ela pergunta olhando no computador.

- Mellany de Sá Supriano da Costa.- eu respondo, sabendo que daqui a um tempo, o de Sá não fará mais parte de meu nome.

- Ok, só espera a outra parte interessada chegar, para assinarem os papéis.- ela diz, eu concordo, e me sento na recepção.

Ok, agora é pra valer, já estou aqui e não posso desistir e não vou, mas isso não impede que um filme de todos esses anos casados com Bruno passe se ante dos meus olhos. Uma angustia surge no meu peito e me sinto triste na mesma hora.

Será que eu tive culpa do meu casamento se acabar desse jeito?

Eu sei que eu me desdobrei por inteira, me dediquei e vivi para o meu lar todo esse tempo, mas, talvez eu tenha deixado passar alguma coisa e não percebi.
Olho para o lado e para o outro, sabendo que a qualquer momento ele pode aparecer por aqui, e uma aflição arrepiar todo meu corpo.
Caramba, faz mais ou menos 2 meses que eu não vejo o Bruno, e saber que vamos ficar cara a cara outra vez me causa náuseas.
Olho o relógio, e já são 11:45 da manhã e nada do Bruno chegar.
Antony deve está agoniado lá fora. Resolvo manda uma mensagem para ele.

Acho que vai demorar um pouco mais aqui, se você quiser ir indo, eu vou depois.

Mando para ele, e não demora muito para a sua resposta chegar.

Não se preocupe comigo garota.

A resposta simples e breve de Antony faz várias borboletas voarem na minha barriga.
Como pode ele me fazer sentir essas coisas, com apenas algumas palavras?

- Você parece feliz.- a voz de Bruno a minha frente me paralisa, e eu levanto minha cabeça lentamente para encara-lo.- Oi Mel.- ele diz sério me olhando intensamente.

Meu coração acelera, eu engulo o nó que se forma na minha garganta, e depois me levanto da cadeira, endireitando meu vestido.
Bruno me mede de cima a baixo, e consigo ver o desejo em seus olhos, mas, por incrível que pareça, isso não me atinge como antes.

- Oi.- falo seca.

- Você está bonita para quem veio se separar de mim.- ele diz com um pequeno sorriso no rosto, e eu sinto nojo.

- E você queria que eu viesse como? Igual uma mendiga?.- respondo sem emoção.

- Você quis me mostra o que estou perdendo? Se foi isso, você conseguiu.- diz ele ainda me encarando, e quando eu ia rebater, um homem de terno e gravata aparece, e nos chama para entra na sala.
...

Já na sala, Bruno senta de frente para mim, com seu advogado do lado, e o meu de frente para o dele.

- Bom, estamos de acordo que o divórcio é amigável?.- o juiz perguntar, e nos respondemos ao mesmo tempo.

- Sim.- eu digo.

- Não.- diz o Bruno para minha surpresa, e eu encaro sua cara fechada.

- Hãn?.- fico olhando para ele de boca aberta.

- Eu não quero me separar Mel.- diz Bruno, e a raiva que sobe pela minha espinha é quase palpável.

- Não, faz, isso.- eu rosno entre os dentes em sua direção.

- Eu não quero me separar de você.- ele diz ainda mais firme, me olhando nos olhos.- nós ainda nos amamos, lembra de tudo que vivemos Mel, tudo que construimos, me perdoa, eu sei que eu errei, mais eu estou completamente arrependido de tudo. Não sei o que aconteceu comigo naquele dia, te prometo que não farei isso novamente, nunca mais. Eu aceito todas as suas condições, pode pedir o que você quiser, só não vai adiante com esse divórcio, eu te peço, por toda a nossa história.- ele diz com o olhar de cachorro sem dono, me deixando furiosa e com lágrimas nos olhos.

- Então temos chance de reconciliação?.- pergunta o juiz, e eu imediatamente nego.

- Não, não senhor, não tem e nem haverá essa possibilidade. Essa separação foi causada por adultério, e o papel que assinámos no dia do nosso casamento deixava bem claro que em caso de traição, o divórcio aconteceria, mesmo se uma das partes não estivesse a favor, então eu exigo que essa cláusula seja cumprida.- eu me altero um pouco, e meu advogado segura no meu pulso, para me fazer se recompor.

Eu olho para o Bruno com a respiração ofegante, e com muita raiva. Ele me olha de volta sem acreditar na minha reação.
Bruno acha que eu ainda sou aquela garota que acredita em tudo que sai da boca dele? Ele nunca mais vai me enganar, nunca mais.

- Por favor Mel.- ele tenta argumentar, mas eu o interrompo.

- Chega, não tem reconciliação, não tem mais casamento, eu quero esse divórcio.- eu encaro ele feito uma caninana, como nunca tinha feito antes, e ele me olha assustado.

- Mel...- ele sussurra, e eu viro o rosto para o lado, tentando reprimir minhas lágrimas.

Eu nunca achei que chegaríamos a esse ponto, mas não irei deixar que ele me manipule dessa vez.
Olho para o meu advogado, e ele entende que pra mim é a gota d'água.

- Ok, minha cliente já deixou claro que não quer reconciliação, e não quer continuar com o casamento. Então, com a força da cláusula 3 do contrato pré-nupsial, em caso de traição, se uma das partes quisesse romper com o contrato, estaria em seu direito. E a parte segunda, deveria se assim, a parte prejudicada preferisse, ressarci a ela o que foi gastado, entre esse tempo de contrato.- meu advogado concluir e o juiz me encara.

- E a senhora, escolhe reaver o que lhe é de direito?.- ele pergunta para mim.

E com a raiva que eu estou, minha vontade é de gritar e dizer que quero tudo que eu gastei durante anos, deixando de fazer por mim e me deixando em segundo pleno para fazer todas as vontades dele. Olho para o Bruno, e ele está se balançando nervoso, com med0 do que eu irei decidir.

- Eu não quero absolutamente nada, o que foi já foi, eu só quero terminar com isso logo e seguir em frente.- é a única coisa que eu consigo dizer.

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