Um Dom

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No caminho para a residência dos Berrutti, percebo o bonito muito calado e sério desde o encontro com o Bruno. Sinto que ele está matutando algo em sua cabeça, que chega até sair fumaça. Eu também não falo nada, e nem me atrevo a perguntar alguma coisa, minha cara já está no chão depois do vexame com o meu ex. Eu queria evitar o máximo esse encontro, mas por causa da insistência de Bruno em vir atrás de mim, acabou dando tudo errado. Mas também agora não adianta chorar o leite derramado, isso é o meu passado, e fazia parte de mim, se ele não gostou ele precisa me dizer, não ficar agindo feito uma criança mimada.
Começo a fica irritada com a forma que ele está lidando com a situação. Ele pode ter ficado com raiva, tudo bem, ele tem o direito dele, mais não adianta tentar jogar a culpa em mim, quem quis ficar lá me esperando foi ele.

- Está com fome?.- a voz rouca dele me tira dos meus pensamentos, e me dá um pequeno susto.

- Estou.- respondo seca e ele me encara com a testa enrugada, mas eu não devolvo o olhar.

Ele fica me encarando enquanto eu tento ignora-lo.
Antony conseguiu me irritar, sem dizer absolutamente nada. Deve ser um dom!
...

Já dentro da mansão, vou em direção ao quarto, mas é claro que não antes de me perder no corredor como sempre. Quando eu finalmente encontro o bendito, ele está exatamente como antes, simplesmente impecável. Entro, coloco minha bolsa em cima da cama, e também me sento nela. Pego meu celular na mão, e antes que eu consiga desbloquear a tela, a voz de Antony me tira o ar.

- Mel?.- ele chama do outro lado da porta, e meu coração acelera.

Parece que eu não o vejo a horas, e a ansiedade de encontrá-lo, me deixa nervosa.

Como ele pode me leva de 0 a 10 em instante?

A meio minuto atrás eu estava irritada com ele por nada, e agora estou feliz que vou tê-lo por perto. Estou ficando louca com esse homem.

- Oi.- digo ansiosa, e ele abre a porta com o semblante sério.

Quando ele ver meu rosto com expectativa, ele enruga um pouco a testa, e depois suaviza o rosto.

- Tudo bem?.- ele pergunta vindo em minha direção, e eu concordo com a cabeça.- eu vou precisar resolver algumas coisas no escritório.- diz parando na minha frente.

- Tudo bem. Onde está Carine?.- pergunto frustrada, sabendo que não vou ter sua companhia por enquanto.

- Ela teve que sair um instante, mas já deve está voltando. Você precisa de alguma coisa?.- pergunta passando a mão no meu rosto, e eu fecho meus olhos.- disse que estava com fome, eu mandei prepararem seu almoço no jardim, assim que eu terminar, vou me juntar a você, está bem?.- ele diz calmamente, e eu concordo.

- Tudo bem.- respondo baixinho, curtindo o carinho.

- Se precisar de qualquer coisa, a Lurdes é a nossa governanta, ela pode lhe ajudar com qualquer coisa, se não se sentir confortável, pode me ligar.- ele continua com as coordenadas.

- Está bem.- falo agora olhando para ele.

- Não demoro, fica a vontade.- diz ele beijando minha testa, e saindo do quarto.

Eu me jogo na cama quando ele bate a porta, e fico encarando o teto, sem saber o que fazer. Eu não peguei nem o número do celular da Carine, não tem nem como eu ligar pra saber se ela vai demorar. Odeio ter que ficar sozinha, ainda mas nessa casa enorme.
Decido tomar um banho, e ir comer alguma coisa já que não tem coisa melhor pra fazer, e vou conhecer um pouco da casa.
...

Depois de sair do quarto, vou indo mais para dentro da casa, e cada vez que entro em um cômodo diferente, a minha boca cai ainda mais. Aqui tem sala de jogos, sala de filme, biblioteca, área de lazer, área relaxante, sauna, brinquedoteca, sala romantizada com lareira, e é cômodo que não acaba mais, fiquei até com preguiça de continuar o meu tuor. Todos os quartos são suítes, e é cada coisa mais linda que a outra. Tem uma escada em uma das salas que parece um monumento. E as portas? Dão 10 de mim. Consigo com muito custo achar a cozinha, e encontro duas mulheres uniformizadas cozinhando alguma coisa.

- Boa tarde.- chego envergonhada, e elas tomam um susto.

- Oi boa tarde senhora, deseja alguma coisa?.- uma delas pergunta meio receosa passando a mão no avental, e a outra só me olha com ansiedade.

- Não não, não quero atrapalha, se precisarem de ajuda, eu não estou fazendo nada.- sorrio dando de ombros, ainda parada na porta. Elas se olham por um momento e um sorriso envergonhado surgem de seus lábios.

- Não minha senhora, estamos terminamos e já montaremos a mesa, não se preocupe.- uma senhora de pele negra e de cabelos grisalhos diz.

- Ok, obrigada.- eu já ia saindo da cozinha, quando de súbito volto para falar com elas outra vez.- desculpa incomodar mais uma vez, mas queria te pedir um favor.- eu falo chegando perto dela, e ela me escuta atentamente.- eu tenho idade para ser sua filha, então, a senhora não precisa me chamar de senhora.- sorrio, e ela sorrir um pouco tímida e concorda com a cabeça.

- Ok minha menina, pode deixar.- a simpática senhora diz, e eu volto para a sala de estar.

O SicilianoOnde histórias criam vida. Descubra agora