Neve

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Antony

Acordo pela manhã e encontro Mellany adormecida em cima do meu peito, suspirando baixinho, e eu me sinto confortável com seu toque. Faço carinho delicadamente em seus cabelos, sem querer acorda-la, e olho o relógio em cima do criado mudo ao lado da cama. Como eu havia imaginado, já está quase na hora da minha reunião. Me levanto da cama calmamente, acomodando Mellany cansada em seus travesseiros.
Entro no closet, pego minhas roupas e vou para dentro do banheiro tomar meu banho, me preparando para mais um dia cheio. Hoje, daria tudo para não sair desse quarto com Mellany, e aproveitar o máximo de sua companhia e do seu corpo. Porém, nada aqui funciona sem a minha supervisão. Termino de me arrumar, e dou uma última olhada em minha garota, que está ainda na mesma posição que eu a deixei tempos atrás. Vou até ela, deposito um beijo casto em sua cabeça, e vou para fora do quarto, em direção ao meu escritório.

- Buongiorno Signore Berrutti.- diz Carmen, minha governanta aqui da Sicilia.

- Buongiorno.- a respondo sentando a mesa junto de Humberto.- estão todos aí?.- pergunto para ele.

- Sim, temos muito o que fazer hoje meu amigo.- ele responde sem tirar os olhos de seu jornal, bebendo uma xícara de café.

Eu faço ideia. Pedi proteção dobrada para Mellany, pós ainda não achei Luigi, e depois do que ele me fez passar, não darei a ele outra chance de alcança-la. Sei que ele não vai desistir, e também sei que uma hora ou outra, ele tentará entra em contato de alguma forma. Mas dessa vez, eu estarei o esperando.
Lucca aparece em uma das entradas da casa, e se junta a nós no café da manhã.

- Buongiorno.- diz ele se aproximando.

- Meu primo, precisarei de sua ajuda hoje.- eu falo para ele, e ele me encara sério.

- Não sou babar Antony.- brada antes mesmos de ouvir minhas instruções.

- Esse tipo de serviço não serviria para mim, na verdade, eu preciso que proteja algo muito importante, algo mais precioso que minha própria vida, enquanto eu entrevisto a segurança que cuidará dela de hoje em diante, isso você pode fazer por mim?.- o encaro sério, e ele percebe o quando importante isso é  para mim.

- Tá bem.- diz vencido e tomamos o nosso café sossegado.

Quando Carine se junta a nós, eu começo as ordens do dia.

- Quero que você casse esse ex-marido da Mellany, quero que fique desempregado.- falo ainda tomando meu café.

- E a casa, podemos tranquilamente tomar, elas casaram em comunhão de bens, e pelo menos no contrato da Mel, na cláusula 5-7 diz que se ouvesse traição, a parti traidora não tem direito a sair com nada adquirido durante o casamento.- ela diz e eu penso um pouco.

- Não precisa, pode deixar ele com aquela casa, eu já estava querendo tira-la de lá. A casa do condomínio tartaruga já está pronta?.- pergunto para Humberto.

- Sim, só estão acabando de colocar os móveis.- ele afirma.

- Então está certo, Mariane fica com a Mellany lá, tem bastante espaço, e assim, quando eu não poder está com ela, ela não ficará sozinha.- digo mais aliviado por resolver essa situação.

- Mudando de assunto, Luigi não veio para Itália, ele ainda está no Brasil.- Carine diz e eu me encosto na cadeira, e encaro ela sério.

- Como sabe disso?.- tiro meus óculos do rosto pra poder encara-la melhor.

- O pessoal que colocamos na cola dele, disseram que ele ainda não saiu do Brasil.- ela afirma e eu passo as mãos pelos cabelos.

- Não queria ter que voltar para lá sem resolver esse assunto.- digo pensando em como vou deixar Mellany passar o Natal longe de mim com Luigi a solta.

- Temos que resolver esse assunto o mais rápido possível, você se livrou do conselho, mas temos as famílias e seus Dons que são piores que eles, então não temos tempo a perder.- Humberto me olha severamente.

- Lucca, você voará conosco para o Brasil, seus conhecimentos vão ser muito útil para mim nessa caçada.- ele concorda sem reclamar.

- É claro primo.- diz ele sem hesitar.

- Resolverei todos os meus compromissos hoje, e amanhã mesmo voltaremos.- eu falo me levantando da cadeira e todos afirmam.
...

Mellany

- Porra, é neve.- Mariane grita, e sai correndo se jogando no chão.

Lucca nos trouxe para o monte Etna para conhecermos a cidade, e a neve.

- Vocês vão poder esquiar se quiserem.- ele diz observando nós duas feito crianças se divertindo.

Mariane faz uma bola e taca em mim, eu faço outra para tacar nela, mas acabo errando.

- Merda.- praguejo fazendo outra, e agora acerto o meio de seu rosto, e levo a mão na boca sorrindo. Mariane passa a mão no rosto para tirar as escamas gelada da neve do rosto, e depois passa a língua querendo prova.- Eca, nojenta.- eu falo fazendo careta.

- Tem gosto de água.- ela fala e eu começo a rir com o espanto dela. Lucca também não consegue esconder sua risada.- agora o meu rosto está congelado.- ela reclama.

- Vamos tomar um chocolate então.- diz Lucca, e depois que eu termino de fazer o meu anjinho de neve, começo a segui-lo.

- As coisas aqui devem ser lindas no natal.- eu falo olhando para neve.

- É sim.- ele responde tomando um gole do seu copo.

Mariane e Lucca engatam em uma conversa alucinante, e eu começo a pensar como será o meu natal desse ano.
Desde que eu comecei a namorar com o Bruno, eu passo o dia 25 com a família dele, pois a véspera e a virada sempre foi com meus pais. Suspiro em lembra tudo que aconteceu na minha vida esse ano, e fico triste em saber que não terei mais contato com a família dele, eles não tiveram nada haver com isso e sempre fui muito bem recebida por todos. Talvez eu passe lá para dar um feliz natal, a mãe dele sempre foi muito boa para mim, e eu não quero que isso acabe com nossa amizade. Por outro lado, acho que não consigo ficar cara a cara com Bruno novamente, não sem rasga-lo com minhas unhas depois das coisas que ele me disse. E também não sei como Antony reagiria a minha visita para minha ex sogra. O fato é, tenho que começar a tomar cuidado, pois as soluções de Antony para resolver algum problema, podem se fatal.

- O que foi kenga?.- Mariane me tira dos meus pensamentos, e eu a encaro.

- Nossa, eu voei agora.- falo sorrindo, e ela balança a cabeça.

- Lucca disse que vamos em uma festa hoje.- ela fala animada, e eu me ânimo também.- sabe o que isso significa?.- ela pergunta dançando e eu entro na brincadeira.

- O que?.- começo a me balançar.

- Álcool.- ela grita com as mão pro alto, e depois fica seria.

- O que aconteceu?.- pergunto sem entender sua mudança de humor. Lucca balança a cabeça, e começa a rir também.

- Acho que eu vou ser mandada embora.- ela fala me encarando seria.

- Amiga, provavelmente você já foi.- torço os lábios e caímos na gargalhada.

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