Antony
Eu nunca tive medo, nunca precisei sentir, sempre tive tudo que eu queria ao meu alcance e quando não tinha, eu tomava. O perigo na verdade era eu, e quem sentia o medo era meus inimigos. Até porque eles não tinha o que usar contra mim, eu era intocável e me obrigar a fazer algo que eu não queria era quase impassível. Nenhum deles tinham coragem de se meter no meu caminho, porque eu não tinha o que perder, e ia pra cima sem pensar duas vezes. Mas ontem foi o pior dia da minha vida. Insegurança, agonia, angústia e desespero. Eram palavras que não existiam em meu vocabulário, mas a partir do momento em que Mellany foi levada de mim, eu passei a senti-las intensamente. Não quero que ela passe por isso outra vez, não quero ter que me sentir impotente de novo. A vontade que eu tenho é colocar ela dentro de um cofre, e nunca mais tirá-la de lá.
Essa noite, depois do trauma que ela sofreu, Mellany teve vários pesadelos, e toda hora acordava se tremendo. Foi doloroso demais pra mim saber que a culpa do sofrimento dela era minha.
Eu não dormi quase nada também, fiquei olhando para ela a noite toda com medo de acordar e ela não está mais lá. Não posso viver com esse sentimento constante, preciso eliminar todos esses inimigos que insistem em se levantar contra mim, para não refletir na pessoa que mais me importa nesse mundo.
Hoje seria nossa viagem, mas ela pediu para ver os pais. Os passaportes já chegaram, e a viagem estava toda programada. Porém, acho que será melhor ela ir vê-los antes de viajar, até para ela se sentir mais segura. Eu vou precisar ir na frente e organizar tudo para sua chegada. Vou tentar resolver alguns dos meus problemas, pelo menos os mais simples primeiro, para que não vire algo maior que já é.
Luigi terá seu destino. Eu iria poupa-lo por ser da família. Mas só por ter tocado em algo que é muito valioso para mim, essas podem ser suas últimas horas de vida, e amanhã, provavelmente ele não estará mais respirando a uma hora dessa.- Está tudo pronto.- Carine me avisa entrando no meu escritório.- o helicóptero levará as meninas daqui a 10 minutos, e daqui a duas horas sai o seu vôo.- ela termina me encarando.
- Tá bem. Onde está Mellany?.- pergunto me levantando da cadeira.
- Em seu quarto com Mariane.- minha prima responde.
Não digo mais nada, apenas me levanto e vou em direção ao quarto da mulher que conquistou meu coração de pedra, e transformou minha vida em uma roda gigante constante.
Empurro a porta devagar mesmo sem bater. Mellany está sentada na beira da cama olhando para os dedos das mãos, e Mariane se olhando no espelho.
A impressão que eu tenho é que Mel está triste e bastante pensativa, e o medo dela querer me deixa, faz subir um calafrio pela minha espinha.- Mariane, pode nos da licença por favor?.- as duas tomam um susto com minha presença. Mesmo atormentada, Mariane balança a cabeça e sai pela porta que eu acabei de entra, mas sem antes de dar uma conferida na amiga antes de sair.
Ela é uma boba menina!
Vou caminhando devagar até me sentar na frente de Mellany. Ela continua com a cabeça baixa.
- Baby?.- levanto seu queixo para olhar em seus olhos.- não fica assim.- meu peito se apertar em ver como isso a traumatizou, e se não fosse pelos meus sentimentos estarem tão vividos dentro de mim, eu abriria mão dela, e tiraria esse peso enorme que é está comigo de suas costas.
- Eu estou bem.- diz ela, claramente tentando disfarçar seu real estado.
- Não minta para mim.- advirto o mais calmo possível, e aliso o seu rosto delicadamente.
- O que eu devo dizer? Que estou assustada? Que não consigo tira o que aconteceu da minha mente? Você já sabe disso, todos aqueles pesadelos, você viu, não preciso dizer nada pra você.- ela fala com os olhos cheios de lágrimas e eu a puxo para meus braços, a apertando forte.
Mellany derrama as lágrimas que estava tentando segurar a algum tempo, e percebo que ela não queria assustar sua amiga, porém comigo ela sabe que não precisa esconder seus sentimentos, e por um lado eu fico feliz por ser a pessoa que pode consola-la, a pessoa que a faz se sentir segura para ser vulnerável.
- Pequena, eu nunca mais vou permitir que isso aconteça novamente.- eu falo forme, com meu corpo todo rígido e um gosto amargo na boca por vê-la dessa maneira.
- Você não pode controlar tudo Antony.- ela diz fungando.
Oh querida, você não sabe do que eu sou capaz de fazer quando se trata da sua segurança, ainda mais daqui pra frente. Mas resolvo não dizer nada, até porque ela não precisa saber de tudo, e não cabe a mim dizer todos os meus passos e planos.
- Você tem um helicóptero a 5 minutos.- digo alisando sua cabeça, e Mellany me solta na mesma hora, para me encara.
- O que? Pra onde?.- pergunta ela com a testa franzida.
- Você disse que queria ver seus pais.- a encaro interrogativamente.
Será que ela mudou de ideia agora?
- A sim, eu quero. Mas e a viagem?.- ela continua tentando entender meus pensamentos.
- O avião estará a sua disposição, e a hora que você e Mariane quiser embarcar e só avisar o chefe da sua segurança, ele a levará ao aeroporto.- digo respondendo sua pergunta, e ela me olha como se eu tivesse duas cabeças.
- Chefe de segurança?.- repete.- terei segurança lá em Bel também? Por que Antony?.- indaga.
- Você ainda pergunta? Acha mesmo que vou deixar você a mercê de você mesma? Mellany, eu não quero sentir o que eu senti quando você foi levada nunca mais.- respondo para ela sincero, e disposto a fazer o que for preciso para nunca mais passar por isso outra vez.
- Mas você acha que alguém me faria mal lá?.- insiste em saber, sem entender o quão sério é a situação.
- Mel, eu sou o chefe de uma organização mafiosa, perigoso e prepotente, um dos caras mais temido e mais respeito do mundo em que eu vivo, aqui, na Sicília e em vários outros países. Intocável e que está descobrindo o seu primeiro amor. Tem noção de quanto isso é perigoso? Estou vulnerável, isso nunca aconteceu antes.- olho dentro dos olhos dela, para que entenda a real situação.
Uma vez Humberto me disse que seria mais fácil protege-la, se ela soubesse do perigo que está correndo, e assim colaboraria com a sua segurança. Na época eu não quis amedronta-la, mas agora não tenho opção.
Ela engole seco entendendo os riscos, e concorda.- Tudo bem então.- ela se dá por vencida.
- Eu te espero na Itália, mia ragazza.- beijo seus lábios.- 2 minutos para a chegada do helicóptero, se arrume.- dou outro beijo em seus lábios, só que agora mais demorado, e volto para o meu escritório.
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O Siciliano
ActionMel é uma jovem, que sonha em construir um futuro brilhante. Ela tenta amargamente se recuperar de uma separação recente, e acaba conhecendo Antony no meio disso tudo. Antony é um filho de sicilianos, bilionário e sedutor. Antony, acaba virando a...