Coração Leve

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Mel

Na minha cabeça tem um zumbido forte, parece que alguém me atacou com um taco de baseball em cheio. Meu corpo parece pesado e tudo está girando.

Acho que não foi uma boa ideia beber tanto daquele jeito.

O quarto está escuro, apenas uma luz fraca entra por uma brecha da janela. Escuto um barulho e tento levantar a cabeça para olhar na direção, mas meu corpo cai  pra trás com minha cabeça pesada. Pareço está em outro mundo.

Deus, o quanto eu bebi?

Sinto uma mão na minha perna e minha roupa ser puxada pra ara fora do meu corpo, e em alguns segundos estou apenas de calcinha. A mão cobre meu corpo com um edredom, e vira a minha cabeça para a beira da cama, onde tem um balde vazio. Não consigo girar a cabeça para ver quem é, e na verdade, eu nem quero saber. Meu cérebro está parecendo um carrossel, e a qualquer momento eu posso acabar vomitando.

- Huuumm...- resmungo tentando agradecer, mas escuto um longo.

- Xiiiiiiu.- e eu obedeço espontaneamente, sem forças para reagir de alguma outra forma.

A pessoa se afasta e logo depois eu sou consumida pela escuridão da noite, do quarto, do sono e do álcool.
...

Acordo de manhã com uma enxaqueca pesada, e não consigo nem abri os olhos direito. Me sinto um vampiro, e a luz do sol parece fritar os meus olhos como fogo. Rolo para o lado da cama, e sinto algo pegajoso em baixo de mim, fazendo o lençol grudar nas minhas costas. Abro meus olhos, e tenho a visão mais assustadora e macabra da minha vida. Meu coração quase sair pela minha boca.
Antony está deitado ao meu lado, e a cama está toda ensanguentada.
Dou um grito que quase rasga a minha garganta, e que provavelmente acorda a casa inteira.

- Antony, pelo amor de Deus.- grito dando um salto da cama, viro ele de frente pra mim desesperada.

Para o meu alívio, Antony abre os olho assustado e sou inundada por um bálsamo que percorre o meu corpo, e eu começo a chorar com a adrenalina, fazendo meu corpo pulsar feito o coração de um corredor de atletismo.
Antony me encara por um momento ainda confuso pelo meu desespero e depois olha para cama, notando a quantidade de sangue que ele deixou nela.

- Garota, fica calma, só foi o curativo que abriu.- ele tenta me acalmar e se levanta indo ao banheiro de pressa.

Eu me abaixo no tapete, cubro meu rosto e caiu no choro novamente. Ainda estou me tremendo com a cena que está na minha mente, e que não consigo parar de relembrar.

Meu Deus, eu achei que ele estava morto!

Mesmo que por um breve momento, eu senti tanta dor, que eu não sei nem explicar como foi. Mas foi terrível, um amargo na minha boca e uma pressão insuportável no peito. Por mais que sei que eles está bem, eu não consigo tirar essa sensação de dentro de mim.
Antony sai do banheiro, me tira do chão e me abraça forte, fazendo carinho no meu cabelo e beijando minha cabeça.

- Eu pensei...- começo e depois desisto de terminar a frase, fungando e caindo no choro novamente.

- Tá tudo bem pequena, tá tudo bem.- ele tenta me acalmar, mas eu não consigo parar de tremer, só me agarro nele pra ter certeza que ele está aqui, vivo.- ei, já passou.- bonito segura no meu rosto e eu olho para ele com o rosto sujo de lágrimas.

- O que que aconteceu Antony?.- eu pergunto olhando os novos ferimentos no corpo dele, mesclando com as tatuagens e os ferimentos antigos. Ele da um beijo nos meus lábios calmamente.

- Depois a gente conversa sobre isso, agora você precisa de um analgésico.- ele diz, e eu volto a sentir a dor de cabeça na mesma hora, ainda mais forte que antes.- vou pedir alguém pra tocar esses lençóis.- ele diz puxando eles da cama.

Eu fico parada em pé, tentando pensar, mas minha cabeça dói tanto, que não consigo nem me mexer. Me agacho novamente e fico com a mão na cabeça. Bonito volta pro quarto e me segura nos braços mais uma vez me levantando.

- Baby, você precisa de um banho, mas não vou poder leva você no colo dessa vez porque meus pontos se romperam.- ele me explica com carinho me levando para o banheiro.

Quando entro no banheiro e me olho no espelho, me vejo só de calcinha e uma blusa toda suja de sangue. Meu peito congela e as lágrimas vem aos meus olhos novamente, mas a dor na minha cabeça é quase insuportável.

- Pequena?.- Antony me chama, e eu abro meus olhos para encara-la.

Ele estica a mão para mim e eu entrego a minha. Bonito me puxa para a banheira, me ajudando a tirar minhas roupas antes de entrar. Minha cabeça parece ter um sino chato e continuo, fazendo ecoar a dor para todos os cantos do meu corpo.

- Eu já volto.- bonito sai do banheiro, me dando liberdade para eu me limpar.

Pego os sais e o sabonete líquido, despejando tudo dentro da água, e ligo as bolhas. Passo a bucha pelo corpo, e depois fecho meus olhos, ficando paradinha, tentando relaxar e esquecer a cena que parece atormenta a minha mente. Não demora muito, e o meu bonito-sexy-tatuado-e-machucado se aproxima de mim com um copo de suco de laranja, e dois comprimidos na mão.

- Querida, beba isso.- ele diz me entregando o copo, e os comprimidos.

Eu bebo tudo e depois volto a encosta minha cabeça na beirada da banheira.

- Eu vou precisar sair agora.- ele anuncia, e eu me levanto como um espírito para encara-lo.

Aí minha cabeça!

- O que? Para onde você vai?.- pergunto quase desesperada.

Não sei o que aconteceu, ele está todo machucado, precisa de pontos novos e tenho um medo insuportável do que tenha sido e por esses motivos, não quero que ele saia do meu lado.

- Preciso refazer os pontos.- ele fala calmamente alisando minha cabeça, e eu começo a me levantar da banheira.

- Eu vou com você.- digo e ele nega, me colocando deitada de volta.

- Não Mel, você precisa ficar aqui, não vou demorar, quando eu voltar a gente conversa.- ele diz calmamente, e eu já começo a querer chora de novo.- não baby, não chora.- ele limpa uma lágrima que cai, e aí já era. Eu caiu em prantos.

- Eu tô com medo, não quero perder você.- confesso feito uma criança assustada e vejo um pequeno sorriso em seus lábios.

Bonito me levanta da banheira, segura dos dois lados do meu rosto e beija meus lábios com ternura.

- Não sabe como é bom saber disso garota. Vamos, eu levo você comigo.- ele diz, e meu coração fica mais leve.

Saio da banheira feito um foguete, pego a toalha, e vou para o closet me arrumar.

O SicilianoOnde histórias criam vida. Descubra agora