Por que eu?

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Ele pensou o que? Que eu ficaria aqui para sempre? Minha vontade é de gritar: Eu tenho vida meu querido!

- Já passei tempo demais aqui, preciso volta para a minha realidade agora.- eu falo o encarando seria também.

- Por quê? Alguma coisa não te agradou aqui?_ ele pergunta com a testa franzida.

- Não é isso, eu só quero voltar pra minha casa, tenho que resolver algumas coisa lá.- falo para ele, me lembrando que a essa altura o Bruno já deve ter recebido os papéis do divórcio, e provavelmente irá querer protesta-los a qualquer momento.

- Se você me dizer quais são os seus problemas, talvez eu poderei te ajudar.- ele diz ainda me encarando, e eu fico brava.

- Você acha que pode resolver tudo com seu dinheiro não é mesmo?.- estalo horrorizada, e vejo Carine nós observar assustada por trás de seus óculos chiques.

- Não foi isso que eu quis dizer.- ele tenta se defende com o semblante sério, e eu tiro meus óculos do rosto nervosa.

- Escuta aqui senhor Berrutti, se o senhor está acostumado com mulheres que larga suas próprias vidas para serem bancadas por você, você escolheu a pessoa errada, eu não quero o seu dinheiro, eu trabalho e sei muito bem resolver os meus problemas sozinha, então por favor, preciso que me leve para casa.- eu digo me levantando da cadeira, o encarando com os olhos fervendo de raiva.

Quem ele pensa que é? Acha que vou larga as redias da minha vida, e me sentar feito uma cadelinha pra deixar que ele resolva os meus problemas, como se fosse o meu dono? Acha que vai chegar do nada e vai fazer da minha vida o que ele quiser? Está muito enganado meu amor. Eu nunca mais vou deixar que outro homem me faça viver para ele.
Antony não diz nada, apenas me encara perplexo com a boca meia aberta, com o baile que eu dou. Depois, ele vira seu corpo para frente, dá um longo suspiro, pega seu celular do bolso e digita algo.

- Alan estará pronto em 1 hora.- essas são suas últimas palavras, que saem em um tom frio e sem emoção.

- Obrigada.- eu falo, e caminho pesadamente para o quarto.

Não sei onde eu estava com a cabeça em aceitar esse convite, provavelmente ele está acostumado com as mulheres fazendo sempre o que ele quer, só para ser bancadas e ter vidinha de madame. Eu jamais iria aceitar uma coisa dessas, não sou cachorrinho de ninguém, sempre fui independente e não vai ser uma roupa de marca ou uma ida ao SPA de luxo que vai me fazer esquecer da minha essência. Se eu não me impor agora, depois, quando ele se cansar de brincar comigo, ele vai encontra uma loirona siliconada e vai me deixar na merda, igualzinho o Bruno fez. Eles são todos iguais. Não posso permitir uma coisa dessas outra vez.
Entro no quarto e me jogo na cama. Quero a minha casa e quando eu chegar lá, sei que tudo isso não vai passar de um sonho, tudo voltará ao normal. Está aqui me deixa totalmente fora do eixo, essas mordomias, roupas e tudo mais, me fazem parecer outra pessoa, e acabo me sentindo muito vulnerável.
Uma batida na porta, faz meus coração acelera de ansiedade. Eu libero a entrada, e na minha barriga tem um bando de borboletas.
Vejo uma cabecinha emergir por de traz da porta e automaticamente uma leve decepção brota em meu rosto.

- Tudo bem? Eu posso entra?.- Carine diz com cautela e eu balanço a cabeça para ela, me ajeitando na cama.

Ela respira fundo e me encara depois de um tempo.

- Me desculpa por surta daquele jeito na sua frente, mas é que não estou acostumada com as pessoas tomando as redias da minha vida desse jeito.- me desculpo com ela, e ela me dá um sorriso tímido.

- Sabe por que eu sempre fico com receio perto de você?.- ela me pergunta olhando dentro dos meus olhos e eu balanço a cabeça negando.- Mel, você não é a primeira mulher que meu primo me pede pra cuidar.- quando ela diz isso, meu coração parece se despedaçar em mil pedaços.

Por mais que eu saiba que, claramente e com certeza, eu não sou a primeira na vida do Antony, ouvir isso assim também não é muito legal, não que eu queira ser alguém importante para ele, mas saber que não sou tão especial assim, me abala um pouco.

- Me desculpa dizer isso dessa forma, mas depois do que eu ouvi você dizer, eu precisava te contar.- ela segura minha mão, e me dá um sorriso acolhedor. Sorrio tímida para ela de volta.- as outra mulheres eram muito diferentes de você, e não estou dizendo só em aparência, mas também no caráter. Todas queriam está aqui, elas vinham sabendo como queria suas coisas, elas provavelmente pensavam que não precisavam de mim.- ela suspira e engole seco, seu olhar parece escurecer um pouco e depois sacode a cabeça, parecendo querer se esquecer de algo.- resumindo, elas não eram pessoas muito legais, eram arrogante, presunçosas e ambiciosas. Todas queriam conquista meu primo de qualquer maneira, elas queriam ser bancadas, porém, eu nunca vi o meu primo eufórico e cauteloso com nenhuma delas do jeito que fica com você, ele não se importava se eu brigasse com elas, e nem onde eu as levava para compra roupas, ou muito menos o salão de beleza. Muitas vezes ele nem pedia para eu fazer nada. No entanto, com você ele me deu todas as instruções, ele disse várias e várias vezes para te fazer sentir cuidada e protegida, ele colocou seguranças atrás de nós.- ela franze a testa como se aquilo fosse um absurdo, e eu pisco para ela paralisada a escutando.

- O que você quer dizer com isso?.- sussurro para ela, com os olhos fixos em seu rosto.

- Quero dizer que você é diferente de todas as outras, e eu percebo o primo pisando em ovos com você. Os olhos dele brilha quando seu nome é mencionado, percebo como ele fica meio sem saber o que dizer em sua presença.- ela me diz, e eu fico completamente confusa.

- Mas por que eu?.- pergunto atordoada, com tudo que ela me diz.

- Mel, você já ouviu alguém explicando como funciona os sentimentos de alguém?.- ela me pergunta, e eu não consigo dizer absolutamente nada.

O meu peito sobe e desce ritmicamente, a medida em que ela continua falando.

- Então, a gente não explica o que sente, a gente só sente, e cada um tem uma maneira diferente de demostra os sentimentos.- Carine diz, e eu suspiro assustada.- Eu entendo que é cedo para isso, mas nada acontece sempre do mesmo jeito. Meu primo é acostumado a ter tudo o que quer, na hora que quer. Ele não está acostumado a desobediência, até por quê, todas sempre o quiseram, e você é a única que o desafia, que fala o que ele precisa ouvir, e não o que ele quer ouvir. Ninguém nunca ousou falar com ele como você falou hoje, acho que isso faz ele se sentir um pouco normal, as pessoas sempre diz o que ele quer ouvir, e provavelmente, isso deve ser muito chato.- ela sorri, e eu sorrio de volta.

- Mas ele pode ter todas as mulheres que ele quiser.- eu falo com a testa franzida a encarando.- eu não tenho nada pra oferecer a ele.- digo agora abaixando a cabeça triste.

É a verdade, Antony pode ter a mulher mais bonita do mundo, ele pode até ter várias delas, ou talvez uma mulher de seu nível social, que possa o proporcionar algo, e não só se beneficiar dele. Eu no entanto, com o meu pequeno salário, não compro nem a gravata que ele usa.
Carine me encara sorrindo, e eu encaro ela confusa.

- Menina, você acha que ele liga para isso? Ele quer você. Mas eu te entendo, é tudo muito novo pra você, e eu admiro isso em você.- ela diz passando a mão no meu cabelo.- Bem, agora você vai para casa, descansa e outro dia nós nos falamos melhor.- ela diz se levantando da cama.

- Não tenho tanta certeza, depois do que eu falei pra ele hoje no café da manhã, muito provavelmente ele não vai mais querer me ver nem pintada de ouro na sua frente.- falo sorrindo sem graça, e ela balança a cabeça.

- Eu não contaria muito com isso.- ela diz sorrindo e indo em direção a porta.- arrume suas coisas, Alan está te esperando daqui a meia hora.- ela diz e sai pela porta a fora.

O SicilianoOnde histórias criam vida. Descubra agora