O Siciliano

Amore Mio

Mel

Vamos para o hospital, e eu não saio do lado de Antony nem um minuto se quer. Ele até tenta me deixar com Allan, mais eu não aceito, fico colada nele feito um carrapato. Quando o médico abre o curativo, eu percebo que é um furo um pouco maior que uma ervilha.

Foi Tiro!

Deus, ele realmente podia ter morrido. A vida que o bonito leva é assustadora, e eu me sinto completamente atordoada em saber que a qualquer momento posso ter uma notícia devastadora. Não posso nem imagina uma coisa dessas.

- Irei limpa-lo e custura-lo.- o homem avisa, e segura um potinho de alumínio com uma pinça, gases, algodão, soro, e algo vermelho que me parece polvidine.

Ele limpa todo o ferimento, e eu fico nervosa ao ver o bonito sentindo dor. Ele tenta ser forte, mas não quis tomar anestesia e está sentindo tudo. Na parte de custura, eu seguro na mão dele, e ele fica tentando não apertar minha mão, mas eu aperto a dele com aflição.
Foi um alívio quando saímos do hospital e entramos no carro junto com Allan.

- Pronto, agora quero uma explicação do que que aconteceu Antony. Aquilo foi tiro, quem atirou em você? .- eu falo um pouco baixo, com vergonha de exigir explicações na frente do Allan.

Bonito olha para seu motorista, mas Allan é muito profissional e parece esquecer completamente da nossa presença no carro.

- Encontramos Luigi.- ele diz, e eu engulo seco.

- Foi ele que fez isso com você?.- pergunto preocupada, sabendo o quanto esse homem vem dando trabalho para ele.

- Não.- ele fala, parecendo ponderar, e tentando me poupar dos detalhes.

- Olha, eu quero entender esse mundo que você vive, mas pra isso você precisa se abrir comigo.- falo e ele passa o mão pelos cabelos, incomodado por ser encurralado dessa maneira.

- Ele se aliou com outros capos, e a coisa ficou feia.- ele diz um pouco nervoso.- eu acertei a cabeça dele, mas os outros caras me acertaram também.

Fico apavorada com essa confissão.

Meu Deus, que mundo é esse em que eu vim parar.

Se minha mãe soubesse que estou metida com tiros, bandidos e morte, ela teria um treco com certeza.
Olho para o homem bonito-sexy-tatuado a minha frente, e fico me perguntando se tudo isso vale a pena.Viver com esse medo, essa angústia e desespero, se tudo isso faz sentido. Esse povo parece querer se matar o tempo todo, e não sei se é isso que eu quero para a minha vida.

- Ei.- Antony segura no meu rosto, e eu encaro ele.

- Eu não sei se aguento isso Antony, essa coisa de você sair e eu não saber se vai voltar pra casa. Ser perseguida por seus guarda costas, não poder fazer as coisas que eu gosto pois algum inimigo seu pode está nos esperando em algum lugar, isso não é vida.- eu falo pra ele, e vejo seus olhos se arregalar. Pela primeira vez eu vejo medo em seu rosto.

- O que você está dizendo?.- ele pergunta com sua voz falha, e meu peito se aperta.

- Eu tenho medo...- tento terminar minha frase, mas ele beija minha boca na mesma hora.

Perco completamente meu raciocínio.

- Por favor, não faz isso comigo. Eu te prometo que nada vai acontecer com você, e nem com ninguém que você ama.- ele parece suplicar, e meu coração parece ficar bem pequenininho.

- Mas e com você? Você também é alguém que eu amo.- confesso, e ele fica petrificado. Sua boca cai aberta, e só aí eu percebo o que eu acabei de dizer.

Puta merda, eu disse a palavra.

Saiu completamente sem querer, mas é a mais pura verdade. Eu me apaixonei, e estou completamente rendida a ele, por mais que não queira admitir isso, eu amo o bonito.
Antony fica perplexo, com os olhos grandes de meninos, lábios entre aberto, tentando digerir aquela confissão.

- O que você disse?.- ele pergunta, tentando confirmar o que acabou de ouvir.

Eu puxo o ar nos meus pulmões, e olho para ele tomando coragem para repetir e afirmar meus sentimentos.

- Eu amo você Antony Berrutti.- confesso o amor que eu tanto quis sufocar, e mesmo sendo apenas um mês de convivência, cresce feito uma tsunami dentro de mim.

Bonito parece não acreditar no que eu falo, e eu fico com medo dele acabar tendo um treco. Olho para Allan, e ele continua com a mesma explicação de indiferença que antes. Volto a olhar pro Antony, ele está me olhando com tanta ternura, que meu coração se enche de esperança.

- Dio come ti amo amore mio, mia principessa, mia bellissima bambina.- ele fala em italiano segurando no meu rosto e beija meus lábios e meu rosto várias vezes, me puxando pro seu colo e me abraçando forte.

Eu não preciso pedir para que ele traduza, não sei falar italiano mas essas palavras que ele sussurrou como súplicas no meu ouvido são inconfundíveis. Eu não sei se entro em êxtase por ele também me amar, ou fico completamente apavorada com tudo isso. Nosso relacionamento apesar de ser recente, já nós fez viver coisas demais para saber o porque de estarmos tão apegados assim. É uma vida perigosa, mas tenho certeza que nem eu e nem ele conseguimos mais ficar longe um do outro.
Quando Allan estaciona no portão de casa, Antony abre a porta do carro, e depois de está do lado de fora, ele me ajuda a descer.

- Preciso ter você, agora!.- ele diz, me arrastando para o quarto, porém, somos interceptados no meio do caminho.

- Primo.- Lucca diz entrando em nossa frente.

- O que quer que seja pode espera, tenho assustos a resolver com Mellany.- Antony rosna o encarando feito um touro, porém Lucca parece não se incomodar com o zangão do primo.

- Acho que isso não poderá esperar. Abbiamo una videoconferenza molto importante, e non puoi nemmeno sognare di farla aspettare.- Lucca diz em sua língua natal, e sei que a coisa é seria pelo olhar que ele dá a Antony.

O bonito pragueja algo baixinho, e vira para me olha.

- Ragazza.- ela diz, e eu sei que foi rendido a uma reunião de última hora.- estou em falta com você, mas prometo que vou te compensar com juros.- ele promete, dá um beijo em meus lábios, e some entre os corredores com o primo, que só acena com a cabeça para mim.

Droga! Mas uma vez fico de boca seca.